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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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escu<strong>do</strong>; que, viven<strong>do</strong> num mun<strong>do</strong> hostil, persegui<strong>do</strong>, escorraça<strong>do</strong>, às voltas com a<br />

adversidade, acaba sempre driblan<strong>do</strong> o infortúnio” 24 .<br />

A teoria desenvolvida por González não consegue prescindir de noções<br />

como paródia e sátira, utilizadas por ele de mo<strong>do</strong> bastante informal, mas<br />

fundamentais na hora de elaborarmos e apreendermos o projeto sócio-político<br />

alternativo que, segun<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r, os romances em questão parecem<br />

reivindicar, a saber: quase to<strong>do</strong>s eles “apontam para a possibilidade de se tentar<br />

uma sociedade diferente, na qual seja viável o sonho libertário de Dom Quixote,<br />

aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a simples e egocêntrica aventura <strong>do</strong> pícaro” 25 .<br />

Em 1993, Seymour Menton, professor de literatura espanhola e portuguesa<br />

da <strong>Universidade</strong> da Califórnia, apresenta um estu<strong>do</strong> classificatório bastante curioso<br />

sobre o que acredita ser o nascimento de um subgênero <strong>do</strong> romance histórico<br />

tradicional: o novo romance histórico latino-americano. 26 Esta nova modalidade,<br />

supostamente desenvolvida a partir de 1949, com a publicação de El reino de este<br />

mun<strong>do</strong>, de Alejo Carpentier, teria alcança<strong>do</strong> o auge no último quartel <strong>do</strong> século XX.<br />

As possíveis causas desse apogeu podem haver si<strong>do</strong>: a proximidade das<br />

celebrações <strong>do</strong>s 500 anos <strong>do</strong> descobrimento da América; certa disposição para se<br />

refugiar no passa<strong>do</strong> como forma de escapismo; a redescoberta da literatura colonial<br />

nos meios acadêmicos e a ascensão de diversos tipos de questionamento, tanto<br />

sobre o futuro e o papel da América Latina quanto sobre a história oficial, as<br />

fronteiras entre gêneros literários e os limites entre ficção e história. 27<br />

Sua análise baseia-se no pressuposto de que é histórico to<strong>do</strong> romance cuja<br />

ação possa ser totalmente situada no passa<strong>do</strong>, um passa<strong>do</strong> que o romancista não<br />

viveu nem experimentou. 28 Segun<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r, os procedimentos mais<br />

flagrantes na caracterização deste novo romance histórico são: 1) apropriação e<br />

utilização de certas idéias filosóficas, difundidas sobretu<strong>do</strong> pelos contos de Borges a<br />

partir de 1944, como “la imposibilidad de conocer la verdad histórica o la realidad; el<br />

carácter cíclico de la historia y [...] el carácter imprevisible de ésta” 29 ; 2) “distorsión<br />

consciente de la historia mediante omisiones, exageraciones y anacronismos”;<br />

24<br />

Apud GONZÁLEZ, Mario M. Op. cit., 1994, p. 98.<br />

25<br />

Ibid., p. 357.<br />

26<br />

MENTON, Seymour. La nueva novela histórica de la América Latina, 1979-1992. México:<br />

Fon<strong>do</strong> de Cultura Económica, 1993.<br />

27 Ibid., p. 46-56.<br />

28 Ibid., p. 32-33.<br />

29 Ibid., p. 42-44.<br />

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