14.04.2013 Views

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

As primeiras resenhas e comentários críticos sobre o livro, de certa forma, já<br />

apontavam a dificuldade de classificá-lo, de inscrevê-lo dentro de uma ou de outra<br />

tendência, tradição ou gênero. O parecer da comissão que premiou O tetraneto del-<br />

rei refere-se a ele como “romance/paródia/picaresco” 10 , afirman<strong>do</strong> que sua<br />

linguagem “se estriba na estrutura formal da época quinhentista” e que, portanto, o<br />

escritor teria consegui<strong>do</strong> “captar o espírito <strong>do</strong> tempo”.<br />

As resenhas de Virgílio Moreira 11 e Benedito Nunes 12 reforçam a idéia de<br />

paródia, enquanto as de Oscar Mendes 13 e Lúcio Flávio Pinto 14 enfatizam a noção<br />

de obra picaresca. Wilson Martins a classifica como “historical novel in the satirical<br />

mode” 15 e, em outra ocasião, refere-se a ela como “exercício virtuosístico” 16 de viés<br />

experimentalista. Nunes 17 volta a opinar, insistin<strong>do</strong> sobre o caráter imitativo e<br />

parodístico <strong>do</strong> livro, além de associá-lo fortemente à tradição satírica que remonta a<br />

Rabelais e Swift.<br />

Com o fortalecimento das idéias de uma estética pós-moderna, o primeiro<br />

romance de Harol<strong>do</strong> Maranhão ganha novamente o interesse da crítica no começo<br />

<strong>do</strong>s anos 90. David Jackson fala de “an experimental novel of vanguardist<br />

dimensions” 18 e traz à baila seus recursos metaliterários: autoconsciência<br />

intertextual e referencial, paródia, ambigüidade e ironia. No entanto, continua a<br />

associar o romance, bem como o protagonista, ao gênero picaresco.<br />

Mario M. González, sob os influxos da literatura comparada, estabelece as<br />

linhas a partir das quais alguns romances brasileiros, publica<strong>do</strong>s sobretu<strong>do</strong> nas<br />

10<br />

NUNES, Benedito; MENDES, Oscar et al. O prazer <strong>do</strong> texto num texto de prazer: parecer da<br />

comissão julga<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> VI Prêmio Guimarães Rosa/1980. In: MARANHÃO, Harol<strong>do</strong>. O tetraneto<br />

del-rei: o Torto, suas idas e venidas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1982. Orelha <strong>do</strong> livro. (grifo <strong>do</strong>s<br />

autores)<br />

11<br />

MOREIRA, Virgílio Moretzohn. A colonização <strong>do</strong> Brasil em deliciosa paródia. O Globo, Rio de<br />

Janeiro, 26 set. 1982.<br />

12<br />

NUNES, Benedito. Ironia Tropical. Veja, São Paulo, n. 743, p. 158, 1º dez. 1982.<br />

13<br />

MENDES, Oscar. Um romance picaresco. Esta<strong>do</strong> de Minas, Belo Horizonte, 11 nov. 1982.<br />

Caderno 1º, p. 6.<br />

14<br />

PINTO, Lúcio Flávio. O prazer <strong>do</strong> texto. O Liberal, Belém, 8 dez. 1982.<br />

15<br />

MARTINS, Wilson. Harol<strong>do</strong> Maranhão: O tetraneto del-rei. World Literature Today, Norman, v.<br />

57, n. 4, p. 617, Autumn 1983.<br />

16<br />

MARTINS, Wilson. Pontos de vista: (Crítica Literária 11) 1982-1985. São Paulo: T. A. Queiroz,<br />

1995. p. 166-167.<br />

17<br />

NUNES, Benedito. Harol<strong>do</strong> Maranhão: O tetraneto del-rei. Colóquio/Letras, Lisboa, n. 77. p. 106-<br />

107, jan. 1984.<br />

18<br />

JACKSON, K. David. The parody of “letters” in Harol<strong>do</strong> Maranhão’s O tetraneto del-rei. Luso-<br />

Brazilian Review, Madison, v. 27, n. 1, p. 11-19, Summer 1990. p. 18.<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!