14.04.2013 Views

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mo<strong>do</strong> original de aludir à expressão medin<strong>do</strong> (pesan<strong>do</strong>) as palavras e de<br />

tonificá-la com o auxílio de uma metáfora mais zombeteira: palavras são objetos<br />

lisos e resvaladiços.<br />

4. afagan<strong>do</strong>-lhe o badalo (p. 95)<br />

Mo<strong>do</strong> sarcástico de redizer puxan<strong>do</strong> o saco (adulan<strong>do</strong>). Ao reforçar a alusão<br />

à genitália masculina, com a permuta de saco por badalo, intensifica-se o contexto<br />

obsceno (e risível) da analogia subjacente.<br />

5. a olhar sem ver com olhos de peixe faleci<strong>do</strong> (p. 127)<br />

Mo<strong>do</strong> deleitoso de provocar estranhamento na desgastada expressão olhos<br />

de peixe morto (olhar mórbi<strong>do</strong> e sem brilho). Ao mesmo tempo em que se configura<br />

uma animalização <strong>do</strong> olhar, cria-se também uma divertida e curiosa humanização <strong>do</strong><br />

animal, pela troca <strong>do</strong> adjetivo por um termo que excede as expectativas <strong>do</strong> contexto.<br />

6. agora, safava os pés ao lo<strong>do</strong> (p. 206)<br />

Mo<strong>do</strong> empola<strong>do</strong> e barroco de parafrasear a expressão tirava o pé da lama,<br />

(melhorava, aproveitava), atribuin<strong>do</strong> um tom supostamente mais eleva<strong>do</strong> a este<br />

clichê rasteiro e coloquial.<br />

Eufemismos e disfemismos<br />

O autor utiliza com regularidade metáforas e metonímias tanto para suavizar<br />

a carga emotiva de algumas idéias, atenuan<strong>do</strong> a indigência de certas expressões,<br />

como para amplificar o valor afetivo de uma noção, agravan<strong>do</strong>-lhe ainda mais o seu<br />

apreço ou desapreço. Os eufemismos funcionam como técnicas de atenuação, pois<br />

conseguem despojar o discurso <strong>do</strong> elemento desvaloriza<strong>do</strong>r, conferin<strong>do</strong> ao<br />

enuncia<strong>do</strong> mais delicadeza e polidez a fim de provocar uma benéfica impressão de<br />

neutralidade ou um sentimento de ponderação e prudência: “O leitor, torna<strong>do</strong><br />

confiante por esse excesso de moderação, vai espontaneamente mais longe nas<br />

conclusões <strong>do</strong> que se o autor tivesse deseja<strong>do</strong> conduzi-lo à força a ela” 15 .<br />

15 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Op. cit., p. 530.<br />

145

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!