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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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No exemplo: A juventude é para a vida o que o amanhecer é para o dia,<br />

somos leva<strong>do</strong>s a considerar algumas semelhanças de relação entre <strong>do</strong>is pares<br />

diferentes de elementos, ou seja, sugere-se que as relações existentes dentro de<br />

certo par possuem algumas similitudes, proporções e paralelismos com as relações<br />

presentes dentro de outro par. O primeiro par (juventude – vida), que Perelman 7<br />

chamaria de tema (ou par A – B), é o alvo da analogia, isto é, os elementos que o<br />

ora<strong>do</strong>r apresenta como sen<strong>do</strong> os menos conheci<strong>do</strong>s, ou menos familiares, e sobre<br />

os quais deverá repousar um novo senti<strong>do</strong>, conclusão ou transferência de valores,<br />

sensações e afetos. O segun<strong>do</strong> par (amanhecer – dia), que Perelman designaria de<br />

foro (ou par C – D), é composto por elementos supostamente mais conheci<strong>do</strong>s, que<br />

estribam o raciocínio, e graças aos quais poderemos dilucidar, organizar, modificar,<br />

valorizar ou desvalorizar o tema.<br />

A analogia não é uma simples igualdade entre termos, ela instiga a procurar<br />

semelhanças de relação, tanto entre tema e foro quanto no interior de cada um<br />

deles. Em geral, as analogias contrastam elementos de áreas ou <strong>do</strong>mínios bastante<br />

heterogêneos, isto é, elementos retira<strong>do</strong>s às vezes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sensível ou físico, no<br />

caso <strong>do</strong> foro, por exemplo, com elementos não-visíveis, retira<strong>do</strong>s quase sempre <strong>do</strong><br />

universo anímico ou espiritual, no caso <strong>do</strong> tema.<br />

As metáforas, no entanto, não se contentam apenas com relações, elas<br />

pretendem fundir tema e foro, associan<strong>do</strong>-os irremediável e terminantemente por<br />

meio de uma combinação nocional entre seus elementos. Ademais, enquanto a<br />

analogia pretende nos convencer por aproximações, a metáfora parece querer<br />

condensar essas aproximações, fixá-las e apresentá-las como se fossem da<strong>do</strong>s<br />

pertencentes ao mun<strong>do</strong> real, transforman<strong>do</strong>-as em objetos supostamente plausíveis<br />

e seguros. Portanto, se dermos ao esquema analógico típico, ilustra<strong>do</strong> pelo exemplo<br />

acima, a seguinte formulação: “A está para B assim como C está para D” 8 , então,<br />

poderemos dizer que haverá metáforas toda vez que afirmarmos “A é C” 9<br />

(A juventude é um amanhecer), “C de B” (O amanhecer da vida) ou “A de D”<br />

(A juventude <strong>do</strong> dia).<br />

Nos três casos, faz parte <strong>do</strong> processo de significação a tentativa de<br />

reconstruir a analogia subjacente à fusão metafórica, porém, mesmo que o<br />

7 PERELMAN, Chaïm. Op. cit., 1999. p. 334-336.<br />

8 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Op. cit., p. 424.<br />

9 PERELMAN, Chaïm. O império retórico: retórica e argumentação. Porto: Edições ASA, 1993.<br />

p. 133.<br />

135

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