Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná
Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná
Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O ESCRITOR, A OBRA E SUA FORTUNA CRÍTICA<br />
11<br />
«Olha: ser inédito é que é sublime.»<br />
Harol<strong>do</strong> Maranhão – O Pará não morreu<br />
Harol<strong>do</strong> Maranhão nasceu em Belém <strong>do</strong> Pará no dia 7 de agosto de 1927. 1<br />
Passou parte da infância encerra<strong>do</strong> nas entranhas de um edifício, onde seu avô, o<br />
polêmico e furioso jornalista Paulo d’Albuquerque Maranhão, instalou o diário<br />
matutino Folha <strong>do</strong> Norte. Da redação desse combativo periódico saíam os artigos<br />
contra o coronel Magalhães Barata, que chegou a ser governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Pará. Este<br />
político perseguiu a família Maranhão, forçan<strong>do</strong>-os a homiziar-se nas dependências<br />
da imponente construção, onde viveram praticamente reclusos durante treze anos.<br />
Foi nos porões, corre<strong>do</strong>res e bibliotecas, em meio aos papéis e livros da oficina<br />
gráfica e <strong>do</strong>s escritórios dessa casa-jornal que Harol<strong>do</strong> e Ivan, o irmão mais novo,<br />
cresceram e se desenvolveram, isola<strong>do</strong>s <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ali os <strong>do</strong>is se divertiam<br />
e inventavam toda sorte de brincadeiras, jogos e peças teatrais, manten<strong>do</strong>-se em<br />
constante exercício de imaginação, escrita e leitura. Mergulha<strong>do</strong> na biblioteca<br />
particular <strong>do</strong> avô, Harol<strong>do</strong> leu quase to<strong>do</strong>s os clássicos da literatura portuguesa:<br />
Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Frei Luís de Souza, Almeida Garret (seu<br />
predileto), Antonio Viera e muitos mais.<br />
Iniciou seu trabalho de jornalista aos 13 anos de idade, como repórter<br />
policial, e chegou a ser redator-chefe da gazeta Folha <strong>do</strong> Norte. Em 1946, criou e<br />
dirigiu o caderno de “Arte e Literatura”. Esse suplemento literário acabaria por se<br />
transformar numa referência da atividade intelectual amazonense. Entre os<br />
colabora<strong>do</strong>res figuraram grandes nomes da literatura nacional, como Manuel<br />
Bandeira, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Marques Rebelo e Carlos Drummond de<br />
Andrade. Aos 21 anos de idade, junto com os amigos Benedito Nunes e Mário<br />
Faustino, fun<strong>do</strong>u e dirigiu a revista Encontro, dedicada a propagar a atividade<br />
literária brasileira. Em 1952 formou-se em Direito e tentou advogar, mas no final <strong>do</strong>s<br />
anos 50 resolveu abrir uma livraria, a Dom Quixote, que imediatamente se tornou um<br />
famoso ponto de confluência da intelectualidade belenense. Em 1961 deixou o Pará.<br />
Residiu na capital <strong>do</strong> Rio de Janeiro durante mais de vinte anos, trabalhan<strong>do</strong> como<br />
1 Seus da<strong>do</strong>s biográficos são raros e dispersos. Neste breve percurso, reúno informações colhidas<br />
em algumas de suas entrevistas e em prefácios e posfácios de seus livros. Ver REFERÊNCIAS.