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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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104. Em janeiro seca a ovelha, suas madeixas ao fumeiro; em março no pra<strong>do</strong>; e<br />

em abril as vai urdir. (p. 81)<br />

105. Fevereiro couveiro faz a perdiz ao poleiro. 26 (p. 81)<br />

106. Março, três ou quatro. (p. 81)<br />

107. Abril, cheio está o covil. (p. 81)<br />

108. Maio, pio-pio pelo mato. (p. 81)<br />

109. Junho, como um punho. (p. 81)<br />

110. Em agosto as tomarás a coso. (p. 81)<br />

111. Janeiro, gear. Fevereiro, chover. Março, encanar. Abril, espigar. (p. 81)<br />

112. Manhãs de abril – boas de andar e <strong>do</strong>ces de <strong>do</strong>rmir. (p. 81)<br />

113. Em abril sai a bicha <strong>do</strong> covil. (p. 81)<br />

114. “Nem to<strong>do</strong> o ano há nabos”. Provérbio seiscentista português. (p.133, grifo <strong>do</strong><br />

autor)<br />

115. Entre a sexta e o sába<strong>do</strong> não se meta o <strong>do</strong>mingo! (p. 142)<br />

116. E sem dizer água vai, saem-lhe à vanguarda estes oito de malíssima<br />

catadura 27 (p. 160, grifo meu)<br />

Por ser uma noção vaga e maleável, as representações que fazemos <strong>do</strong><br />

tempo variam de acor<strong>do</strong> com as nossas necessidades argumentativas. Na prática,<br />

podemos invocar uma determinada idéia de tempo e usá-la como princípio, causa,<br />

meio ou fim para justificar qualquer coisa. As concepções mais populares e<br />

previamente aceitas dessa noção, embora bastante contraditórias, parecem conviver<br />

em relativa harmonia em nossa mente. Por exemplo: o tempo pode ser visto como<br />

algo mensurável ou imensurável, apreensível ou inescrutável, unidirecional ou<br />

cíclico, alterável ou inalterável, regular ou instável, passível de cisão<br />

(e reconstituição) ou simplesmente flui<strong>do</strong> e irrecuperável. Também podemos senti-lo<br />

como sen<strong>do</strong> longo ou curto, veloz ou vagaroso, abundante ou escasso, favorável ou<br />

desfavorável, excepcional ou comum, importante ou irrelevante, propicia<strong>do</strong>r de sorte<br />

ou infortúnio. E, ainda, responsabilizá-lo por todas as transformações boas ou más<br />

resultantes de sua passagem ou considerá-lo o depositário de todas as nossas<br />

esperanças. Este grupo de provérbios espelha algumas dessas representações <strong>do</strong><br />

tempo. Referências a valores e elementos concretos da cultura, da tradição e da<br />

experiência cotidiana podem proporcionar aos dita<strong>do</strong>s mais visibilidade e efeito de<br />

presença.<br />

Ao parafrasear o provérbio 95, transforman<strong>do</strong>-o em 96, o capitão-mor incita<br />

o Albuquerque a superar sua condição de expatria<strong>do</strong>. Essa paráfrase sugere uma<br />

transferência irônica de responsabilidade: passar da resignação e <strong>do</strong> imobilismo<br />

26 No adagiário popular lusitano, os provérbios 105 a 110 fazem referência à caça das perdizes.<br />

27 Quan<strong>do</strong> não havia esgotos nas casas, os detritos eram atira<strong>do</strong>s pela janela, às vezes sem aviso<br />

prévio, sem dizer: “Lá vai água”.<br />

116

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