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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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da chamada arraia-miúda. Juntamente com 87, esses provérbios ironizam o<br />

despautério <strong>do</strong>s pedigrees e a insensatez de tais comportamentos.<br />

Saúde ou <strong>do</strong>ença<br />

91. Pouco dói o mal alheio, pouco dói o mal alheio. (p. 44)<br />

92. A saúde <strong>do</strong>s velhos é mui remendada. (p. 79)<br />

93. O melhor médico é sempre o que se procura e se não encontra. (p. 83-84)<br />

Essas queixas, censuras e imprecações deveriam apelar para a<br />

benevolência <strong>do</strong> auditório, conduzin<strong>do</strong>-o a uma empatia com os sofre<strong>do</strong>res, os<br />

i<strong>do</strong>sos e os desampara<strong>do</strong>s, a fim de suscitar a piedade e a caridade. No entanto, o<br />

provérbio 92, enuncia<strong>do</strong> por Duarte Coelho em seu discurso desconexo sobre a<br />

guerra, torna-se hilariante não apenas porque infringe a coerência discursiva, mas<br />

porque quebra uma expectativa intencionada pelo próprio Duarte. Em determina<strong>do</strong><br />

ponto de sua falação absurda, ele chega a anunciar: “É tempo de dizermos algũa<br />

cousa sobre os mais veneráveis” 25 e, ao invés de tecer elogios aos mais velhos,<br />

recomeça sua arenga com o provérbio 92, contrarian<strong>do</strong> totalmente nossas<br />

suposições com dita<strong>do</strong>s que desvalorizam e conspurcam a imagem <strong>do</strong>s veneráveis,<br />

como aqueles expressos em 102 e 103. Em 91, brocar<strong>do</strong> dito pelo Torto para<br />

sensibilizar e convencer o comandante a enviá-lo de volta a Portugal, a repetição<br />

põe em evidência o fingimento <strong>do</strong> protagonista, sua técnica de dramatização teatral.<br />

Já o refrão 93 funciona no senti<strong>do</strong> de macular a imagem <strong>do</strong>s médicos, profissionais<br />

que o ficcionista paraense não perde a chance de atacar, espetar e difamar.<br />

Tempo<br />

94. O tempo cura tu<strong>do</strong>. Dê-se disso conta: o tempo cura tu<strong>do</strong>. (p. 47)<br />

95. o futuro a Deus pertence (p. 49)<br />

96. o futuro, por estes la<strong>do</strong>s, a ti e só a ti, é que pertence (p. 49)<br />

97. Laços de família, se os desatei em Europa, outros cá vou cativan<strong>do</strong>, que o que<br />

bem parece, devagar cresce. (p. 50, grifo meu)<br />

98. O que foi feito, feito está. (p. 63)<br />

99. O tempo que se perde não se torna mais a achar. (p. 73)<br />

100. Um dia não são dias! (p. 73)<br />

101. Só o rio não torna atrás! (p. 73)<br />

102. A lama aos moços dá pela barba e aos velhos pela braga. (p. 79)<br />

103. Velho só vinho, ouro e conselho; e novo, só moça, hortaliça e ovo. (p. 79)<br />

25 MARANHÃO, Harol<strong>do</strong>. Op. cit., 1988, p. 79.<br />

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