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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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sabe<strong>do</strong>r de que apenas olhar não tira pedaço, o Torto, em conversa imaginária,<br />

convida com cinismo um amigo ausente a conferir de perto essa vermelhidão, a<br />

invejar e contemplar sem me<strong>do</strong> esse pênis, tão gigantesco que mesmo se um<br />

simples pedaço lhe fosse tira<strong>do</strong> “falta não lho faria” 21 .<br />

Governos e leis<br />

61. Razões aparentes destroem os esta<strong>do</strong>s. (p. 78)<br />

62. To<strong>do</strong> reino dividi<strong>do</strong> será destruí<strong>do</strong>. (p. 78)<br />

63. Quem quer mandar muito manda pouco. (p. 113)<br />

64. Quem quer mandar muito não manda. (p. 113)<br />

65. A cabeça manda os membros. (p. 113)<br />

66. A vileza campeia matos fora. E a vileza é portuguesa. (p. 180, grifo meu)<br />

67. Lei é lei e lei tabajara é lei tabajara (p. 216)<br />

Os aforismos deste grupo apresentam argumentos de divisão, em que se<br />

presume a importância <strong>do</strong> conjunto ou o pre<strong>do</strong>mínio de uma parte sobre a outra,<br />

utilizam a rima, para realizar no plano fônico a mesma aproximação que se pretende<br />

no plano das idéias, e valorizam os efeitos negativos de certas ações.<br />

Os provérbios 63, 64 e 65 referem-se ao coman<strong>do</strong> (desastroso) de Duarte<br />

Coelho e são enuncia<strong>do</strong>s por Ayres Telo, um assumi<strong>do</strong> falastrão. Enquanto relata os<br />

últimos atos de insanidade <strong>do</strong> capitão-mor, Ayres Telo serve-se ironicamente <strong>do</strong><br />

provérbio 65 para zombar dessa cabeça (cabeça-dura, desconexa e cheia de<br />

razões) que, de tanto mandar e desmandar, acabou provocan<strong>do</strong> o desgoverno <strong>do</strong>s<br />

membros, ou seja, de seus solda<strong>do</strong>s. A modificação parafrástica <strong>do</strong> provérbio 63,<br />

transforma<strong>do</strong> em 64, pode ser vista como uma forma intencional de exageração, já<br />

que o resulta<strong>do</strong> da emenda pressupõe um efeito bem mais peremptório e<br />

calamitoso. Em 67, estaria o narra<strong>do</strong>r parodian<strong>do</strong>, e aplican<strong>do</strong> ao universo indígena,<br />

a máxima latina Dura lex, sed lex?<br />

Guerra ou paz<br />

68. Hajamos paz, morreremos velhos! (p. 73 e 74)<br />

69. É no papel que se ganham pugnas! Arcabuzes e mosquetes são secundárias<br />

peças; ou terciárias. (p. 74, grifo meu)<br />

70. Em brigas, valer de pés. (78 e 79)<br />

71. A paz só a paz gera. (p. 138)<br />

72. Casa-me com a filha <strong>do</strong> rei que as pazes eu farei. (p. 220)<br />

73. A quem a paz deseja, guerra não se faz. (p. 230)<br />

21 MARANHÃO, Harol<strong>do</strong>. Op. cit., 1988, p. 248.<br />

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