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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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49. Passar pelas ofensas é grandeza. (p. 141)<br />

50. Já te chegou às orelhas que a linhas tortas Deus escreve o certo? (p. 203, grifo<br />

meu)<br />

Esses aforismos desviam a atenção da precariedade <strong>do</strong>s meios para a<br />

superioridade <strong>do</strong>s fins, valen<strong>do</strong>-se de generalizações para transformar o negativo<br />

em positivo. Se o que realmente importa é o fim, não devemos nos abater pelas<br />

dificuldades encontradas pelo caminho.<br />

Os provérbios 45 e 50 voltam a sugerir provocações ao leitor: é preciso<br />

continuar buscan<strong>do</strong> as intertextualidades escondidas, já que o autor escreve certo<br />

por linhas tortas e “onde se enxergam desacertos, acertos há” 19 .<br />

Esperteza e malandragem<br />

51. Quem pisa grosso, mais grosso fala. (p. 72)<br />

52. Uma coisa é ver, outra ouvir. (p. 73)<br />

53. Para os entendi<strong>do</strong>s bastam os acenos. (p. 74)<br />

54. E quem o saiba que o diga! (p. 83)<br />

55. O primeiro degrau de um homem saber pouco é cuidar que sabe muito.<br />

(p. 108)<br />

56. Tão em harmonia se pusera o Torto, em tamanhíssimo repouso, que começava<br />

o outro por entender que fora à busca de lã e estava a sair tosquia<strong>do</strong>. (p. 166,<br />

grifo meu)<br />

57. Nada há encoberto que se não venha a descobrir. (p. 232)<br />

58. O Torto estava abespinha<strong>do</strong>, [...] com o jesuitóide, que por um olho chorava<br />

azeite e pelo outro vinagre. 20 (p. 234, grifo meu)<br />

59. Fé e temor passeiam de mãos dadas. (p. 237)<br />

60. Olhar não saca pedaço. (p. 248)<br />

Estes adágios insistem sobre a importância de não nos intimidarmos diante<br />

<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>, das ameaças, <strong>do</strong>s me<strong>do</strong>s ou <strong>do</strong>s comportamentos arrogantes.<br />

Valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> efeito irônico de algumas metáforas, também nos instigam a observar<br />

as contradições entre atos e discursos.<br />

Mais uma vez, o autor se utiliza de provérbios (53, 54 e 57) para se dirigir de<br />

mo<strong>do</strong> subliminar aos leitores, sinalizan<strong>do</strong> intertextualidades ocultas. Note-se o tom<br />

satírico e intencionalmente profana<strong>do</strong>r de 59. O provérbio 60 se presta a um<br />

diverti<strong>do</strong> exibicionismo fálico <strong>do</strong> protagonista: o aspecto avermelha<strong>do</strong> de seu órgão<br />

sexual é testemunha das infindáveis proezas de amor com Muira-Ubi, por isso,<br />

19 MARANHÃO, Harol<strong>do</strong>. Op. cit., 1988, p. 203.<br />

20 Diz o adagiário popular: “Chorar por um olho azeite, e por outro vinagre”. PÁGINA <strong>do</strong>s Provérbios,<br />

máximas e citações. Op. cit.<br />

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