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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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Em 22, trecho da sétima carta <strong>do</strong> Albuquerque, o adágio é ironicamente<br />

suspenso a pretexto de se evitar um clichê. Entretanto, essa tentativa <strong>do</strong> Torto, de<br />

reprimir uma de suas manias, acaba por ressaltar ainda mais sua condição de<br />

adagieiro fanático. O provérbio 25, dito em forma de desabafo por Jerónimo, noivo<br />

coagi<strong>do</strong>, satiriza a obrigatoriedade <strong>do</strong>s enlaces matrimoniais e ridiculariza as<br />

intenções pseu<strong>do</strong>-heróicas <strong>do</strong> protagonista, já que para ele resistir com valentia ao<br />

casamento é um ato digno de louvor.<br />

Animais<br />

26. Ou é lobo ou rã, ou feixe de lenha ou arméu de lã. (p. 78)<br />

27. Veremos quem cansa, se o asno, se quem o tange. (p. 78)<br />

28. Ego, et jumentum unum sumus, cujo senti<strong>do</strong> em português é: “Eu e o jumento<br />

somos uma coisa só” (p. 94, grifo <strong>do</strong> autor)<br />

29. Porco é porco; e português é português. (p. 204)<br />

30. A cada porco agrada a sua pousada. (p. 205)<br />

31. Olhe, padre: mau é o defunto deixemo-lo aos abutres, que a estes apraz<br />

carniça. 17 (p. 236, grifo meu)<br />

Esses adágios, que se valem de analogias entre homens e animais,<br />

chamam a atenção para os riscos de se confundir seres de categorias diferentes.<br />

Através <strong>do</strong> apelo ao ridículo, que pode irromper ao aproximarmos <strong>do</strong>is planos<br />

incompatíveis de realidade, e com o auxílio de argumentos tautológicos<br />

(redundantes e tortuosos), sugere-se que cada coisa deve permanecer no seu<br />

devi<strong>do</strong> lugar.<br />

Dito por Duarte num de seus arroubos psicóticos, em meio a uma saraivada<br />

de outros adágios e obscuras referências intertextuais, o 27 parece desafiar<br />

ironicamente a paciência <strong>do</strong> próprio leitor, provocan<strong>do</strong>-o e instigan<strong>do</strong>-o a prosseguir<br />

(como um asno) na extenuante e vã decifração <strong>do</strong>s textos proverbiais.<br />

Deficiências ou deformações físicas<br />

32. Se fores crespo e beiçu<strong>do</strong>, não te seguro de ser cornu<strong>do</strong>! (p. 52)<br />

33. Não há cego que se veja, nem torto que se conheça. (p. 141)<br />

34. De um roto não fale outro roto. (p. 141)<br />

35. Não fale um roto de outro roto, um caolho de outro caolho, um fodi<strong>do</strong> de outro<br />

fodi<strong>do</strong>. (p. 145)<br />

17 Diz o adagiário popular: “Alegria de urubu é carniça”; “Onde há carniça há urubus” e “Urubu voa<br />

alto, mas não larga a carniça”. PÁGINA <strong>do</strong>s Provérbios, máximas e citações. Op. cit.<br />

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