14.04.2013 Views

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No primeiro provérbio, encontramos relações de causa e efeito, em que a<br />

causa ocupa uma posição superior ao efeito, sen<strong>do</strong> valorizada por isso; nos outros,<br />

relações de contradição que ridicularizam atos para<strong>do</strong>xais. Os <strong>do</strong>is últimos, ditos<br />

pelo ensandeci<strong>do</strong> Duarte Coelho a uma tropa de solda<strong>do</strong>s ignorantes e estupefatos,<br />

estão carrega<strong>do</strong>s de ironia, assim como o terceiro, emiti<strong>do</strong> pelo Torto durante um<br />

curioso duelo (não de adagas, mas de adágios) entre ele e o capitão. Em 3, a ironia<br />

consiste em atacar o adversário com um aforismo que desdenha da razão, quan<strong>do</strong> o<br />

que está em jogo é sabermos qual <strong>do</strong>s duelistas, afinal, está com a razão.<br />

Ameaças, advertências, intimidações ou constatações negativas<br />

6. Quem tem cu tem me<strong>do</strong>! (p. 17)<br />

7. Mal pensa quem não repensa. (p. 25)<br />

8. Quem em alto nada mais presto se afoga. (p. 26)<br />

9. Não dês coice contra o aguilhão! (p. 49)<br />

10. Ruins novas ao acampamento chegaram, que mais ligeiro correm <strong>do</strong> que as<br />

boas. 14 (p. 51)<br />

11. Quem castiga um avisa um cento. (p. 64)<br />

12. Calan<strong>do</strong> se desonra quem com me<strong>do</strong> se cala. (p. 78)<br />

13. Quem poupa seu enemigo, em suas mãos vai acabar. (p. 89)<br />

14. Nem podeis adivinhar aonde vim dar com a verruma em prego, que a <strong>do</strong>brada<br />

distância estou de Lisboa (p. 155, grifo meu)<br />

15. vasta e antiga era a sede; porém avisa<strong>do</strong> seria levar o púcaro à fonte a grãos<br />

cuida<strong>do</strong>s. 15 (p. 159, grifo meu)<br />

16. Mal por mal, antes o menor. (p. 185)<br />

17. Devagar com o an<strong>do</strong>r, que o santo é de barro. (p. 204)<br />

Ao considerar to<strong>do</strong> ato como uma recompensa ou punição de um ato<br />

anterior e ao apelar para os riscos e efeitos nefastos de uma atitude impensada,<br />

estes provérbios intimidam o interlocutor e o chamam à responsabilidade. A<br />

intimidação age sobre os temores humanos (o me<strong>do</strong> da morte, da <strong>do</strong>r, da desonra,<br />

da ignorância, entre outros), que podem fazer com que o interlocutor desista, por um<br />

momento, de sua argumentação.<br />

O provérbio 6, que ecoa por to<strong>do</strong> o texto, é especialmente cômico porque, a<br />

despeito de sua chulice, ao ser enuncia<strong>do</strong> de forma teatral e assusta<strong>do</strong>ra, consegue<br />

provocar um verdadeiro terror entre os portugueses, fazen<strong>do</strong> com que fujam ou<br />

defequem de forma involuntária nas próprias calças. O refrão 13, dito por Duarte<br />

14 Diz o adagiário popular: “Notícia ruim corre depressa”. MOTA, Leonar<strong>do</strong>. Op. cit., p. 141.<br />

15 Diz o adagiário popular: “Tantas vezes vai o púcaro à fonte, até que lá fica”; “Tantas vezes vai o<br />

cântaro à bica, que um dia lá fica”. PÁGINA <strong>do</strong>s Provérbios, máximas e citações. Op. cit.<br />

107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!