MERCADO DE TRABALHO E URBANIZAÇÃO ... - XII Simpurb
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Neste sentido, a região amazônica, vista como um celeiro inesgotável de<br />
recursos naturais passou a ser alvo de várias políticas que tomaram seu território no<br />
sentido de expandir uma economia de fronteira (BECKER, 1994) que culminou em um<br />
intenso povoamento tanto de “ordem intencional” ou “planejada”, quanto de “ordem<br />
espontânea” (MACHADO, 1999).<br />
Esse povoamento de ordem intencional, segundo Lia Osório Machado (1999),<br />
fez parte das estratégias do governo em atrair trabalhadores para a Amazônia Oriental,<br />
direcionando os fluxos migratórios para a região a partir da implantação de redes de<br />
infra-estrutura com o intuito de integração regional, além de projetos agropecuários e<br />
assentamento rural.<br />
Por outro lado, na medida em que há essa expectativa de terra e trabalho, e um<br />
intenso fluxo migratório, ocorre também o surgimento de diversas vilas, povoados,<br />
cidades devido à necessidade de moradia por parte desses trabalhadores, vastas áreas<br />
são desmatadas a mando de grandes proprietários fundiários, entre outras<br />
consequências, empregando mão-de-obra assalariada “[...] esse tipo de organização do<br />
trabalho contribuiu para a urbanização, na medida em que os trabalhadores (e suas<br />
famílias) vivem nas aglomerações e não nas fazendas” (MACHADO, 1999, p.122). Para<br />
a autora, trata-se de uma ordem espontânea de povoamento, por não ser previamente<br />
planejada pelo Estado.<br />
Esta mobilidade populacional e do trabalho que começou antes das políticas<br />
dos militares, mas foi acentuada por eles, seguiu a dinâmica de fronteira da região<br />
amazônica. Assim surgiram novas cidades, frentes de trabalho e o crescente processo de<br />
urbanização do território, mesmo que de forma mais pontual se compararmos com a<br />
urbanização em outras regiões. Essas novas cidades surgiram como estratégia para<br />
atração e concentração de mão de obra, sendo que a partir delas essa mão de obra foi<br />
redistribuída por toda a região, para Berta Becker esses núcleos urbanos:<br />
[...] São residência e mercado de trabalho alternativo para os<br />
trabalhadores agrícolas assalariados; são também residência de<br />
pequenos agricultores, em sua maioria semiproletários, atraídos pela<br />
presença da escola, por oportunidades de emprego e expectativa de<br />
acumulação; é ainda neles que residem temporariamente os<br />
migrantes que chegam, antes de se redistribuírem em ocupações<br />
diversas (BECKER, 1994, p. 54).<br />
A abertura de novas frentes de trabalho ligadas a exploração mineral como o<br />
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