MERCADO DE TRABALHO E URBANIZAÇÃO ... - XII Simpurb
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pelo qual passara a região. Esse momento histórico possibilitou significativos<br />
investimentos nas cidades primazes Belém e Manaus, dessa forma dá-se o impulso para<br />
o que Lia Osório Machado (1999) chama de formação da rede proto-urbana na<br />
Amazônia. São nessas cidades que o mercado de trabalho, na região, começa a aflorar e<br />
não nos espaços rurais onde havia os seringais. Nessas cidades o mercado de trabalho<br />
passava a ter forma, na medida em que as atividades, sobretudo comerciais e de<br />
serviços, inscreviam-se de forma considerável no território urbano, enquanto que nos<br />
seringais a relação de produção chamada aviamento se caracterizava pela pouca, ou<br />
nenhuma, monetarização nessa relação, assim como não havia mobilidade do trabalho<br />
nesses espaços.<br />
Até a década de 1960, a região amazônica vivia praticamente no isolamento em<br />
relação ao restante do país. Esta região foi marcada por ciclos econômicos que pouco<br />
contribuiu para o seu desenvolvimento, pois após cada ciclo, se estabelecia na região,<br />
um longo período em que a economia regional pouco se desenvolvia. Esses ciclos foram<br />
marcados pela pouca ou nenhuma monetarização nas relações de trabalho. No período<br />
da coleta das “drogas do sertão” o índio era escravizado para o “[...] extrativismo de<br />
matérias-primas para o aumento do patrimônio do Monarca.” (SANTOS, 2004, p. 273).<br />
Também no período entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do<br />
século XX, torna-se predominante na região o sistema de aviamento uma “[...] relação<br />
mercantil simples, não monetarizada, de troca de trabalho por mercadoria [...]”<br />
(MACHADO, 1999, p. 112).<br />
O mercado de trabalho é entendido aqui na perspectiva da compra e venda da<br />
força de trabalho e da reprodução das relações de produção sob a forma assalariada,<br />
assim como da existência de uma mobilidade geográfico/territorial da força de trabalho<br />
(GAU<strong>DE</strong>MAR, 1977), algumas das marcas fundamentais do modo de produção<br />
capitalista. “O mercado de trabalho coincide histórica e teoricamente com a expansão<br />
do trabalho assalariado – ou se generaliza ou então se manifesta como estanque ou<br />
residual, não se constituindo como mercado” (BARBOSA, 2008, p. 45).<br />
A região amazônica se integra político-economicamente às outras escalas e<br />
passa a fazer, definitivamente, parte da agenda de investimentos do Estado no período<br />
pós-guerra. É principalmente, no contexto do governo militar (1964/1985), que há<br />
condições para uma significativa fluidez no território nacional, além de um maior<br />
controle político-ideológico e social. Esse momento da história surge como crucial para<br />
a intensa dinamização e consolidação do mercado de trabalho na região.<br />
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