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redescobrindo a cidade tfg Maria João Figueiredo, 2009 - Grupo ...

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1 Segundo definição de Jonas<br />

Malaco, “A <strong>cidade</strong> é um modo<br />

de existência da sociedade. (...)<br />

A sociedade, é a nossa existência<br />

conjunta enquanto espécie,<br />

(...) apresenta-se como<br />

existente somente enquanto os<br />

indivíduos estão imediatamente<br />

e sensivelmente se relacionando,<br />

deixando de existir quando<br />

não o fazem”. MALACO, 2003,<br />

pg. 9.<br />

2 BARTALINI, 2006. Página 90.<br />

introdução<br />

Este Trabalho Final de Graduação nasceu do desejo de se<br />

pensar a <strong>cidade</strong>, entendida como o espaço de consolidação da sociedade1<br />

. De um histórico pessoal de trabalhos sobre ela, de sua observação<br />

e da compreensão da necessidade de uma completa transformação<br />

na relação que se estabelece hoje entre seus habitantes e<br />

entre seus habitantes e seu suporte físico.<br />

Sendo um elemento imprescindível à boa qualidade de qualquer<br />

ambiente, além de ser fundamental à nossa sobrevivência, a<br />

água é um inexaurível manancial de recursos de projeto.<br />

Os rios urbanos representam enormes potenciais urbanísticos<br />

e humanos. Abrem horizontes importantes na apreensão visual da<br />

<strong>cidade</strong> e determinam sistemas de circulação de baixa declividade,<br />

ideais para a implantação de parques lineares e ciclovias.<br />

Resultado de séculos de urbanização predominantemente<br />

voltada para fins econômicos, a rede hídrica paulistana está praticamente<br />

ausente na paisagem. Do centro expandido da metrópole,<br />

conhecemos os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, ainda visíveis,<br />

porém estrangulados pela rede viária. Alguns córregos de maior porte<br />

ainda permanecem inteligíveis à população pois, embora muitas<br />

vezes canalizados, podem ser facilmente associados às avenidas de<br />

fundo de vale. São os casos das Avenidas Sumaré, Pacaembu, Nove<br />

de Julho e Vinte e Três de Maio, entre outras.<br />

Já a rede hídrica capilar é praticamente anônima e quase<br />

imperceptível na paisagem urbana. “No entanto essas águas, embora<br />

ocultas, ainda ‘vivem’, e os indícios de sua existência podem estar<br />

num bueiro, por onde se as ouve e sente, ou em eventuais insurgências<br />

(...). Em outros casos, o córrego clandestino é denunciado por<br />

um beco ou uma viela, quase sempre desertos, abandonados, encerrados<br />

pelas paredes de fundo das construções. Outras vezes, os<br />

vestígios são nesgas de terra, pequenas sobras de desapropriações<br />

para a tubulação do córrego, onde a vegetação cresce espontaneamente.<br />

Em situações mais felizes os indícios podem estar numa área<br />

verde pública, em geral pequena e amorfa, a que se dá abusivamente<br />

o nome de praça, ou ainda em escadarias que, embora não coincidam<br />

com as margens ou com o leito dos cursos d’água, evidenciam<br />

as condições de um relevo acidentado, características das áreas<br />

onde se concentram as nascentes dos córregos, fazendo alusão a<br />

eles” 2 .<br />

Os córregos ocultados pela malha urbana desenham os caminhos<br />

de menor declividade pela <strong>cidade</strong> e, assim, representam espa-<br />

ços ideais para a implantação de parques lineares ou de uma rede<br />

conectada de parques ou praças ao longo de seu percurso. Além<br />

disso, os córregos ainda ocultos da <strong>cidade</strong> da São Paulo possuem<br />

potencialidades pedagógicas, na medida em que receberem intervenções<br />

que visem recontar sua história (e, assim, também a da <strong>cidade</strong>)<br />

e explicitar os elementos básicos do suporte físico do meio urbano.<br />

Esse trabalho versará, então sobre os rios urbanos da <strong>cidade</strong><br />

de São Paulo, mais especificamente, a rede hídrica capilar central da<br />

metrópole, quase completamente encoberta pela malha urbana.<br />

Os objetivos dessa pesquisa serão basicamente dois: localizar<br />

córregos ocultos na mancha urbana consolidada de São Paulo<br />

através da procura desses vestígios na paisagem, como uma experiência<br />

de sensibilização e conscientização do olhar do arquiteto, e<br />

fazer uma proposição que busque explicitar aos habitantes dessa<br />

<strong>cidade</strong> a existência desses corpos d’água.<br />

A região central da <strong>cidade</strong> será a base do trabalho<br />

Primeiro, porque o centro foi o local de origem da <strong>cidade</strong>,<br />

onde São Paulo foi fundada; a escolha desse sítio esteve fortemente<br />

atrelada à presença da água. Trata-se de uma malha urbana mais antiga,<br />

que sofreu muitas transformações e, provavelmente, é a região<br />

com rede hídrica mais camuflada da <strong>cidade</strong>. O desafio de redescoberta<br />

dos córregos parece potencializado nessa parte da metrópole.<br />

Segundo, porque as pessoas parecem circular pela região<br />

central de São Paulo sempre com pressa e sem observar o espaço.<br />

Não o apreendem, não se identificam com ele, que passa a ser o<br />

espaço de ninguém.<br />

Acredita-se na potencialidade de projetos de intervenção que<br />

busquem também essa sensibilização e conscientização do olhar da<br />

população sobre seu entorno, estimulando a reflexão e a crítica sobre<br />

os projetos de <strong>cidade</strong> e para a <strong>cidade</strong>.<br />

Este trabalho se dividirá em cinco capítulos.<br />

No primeiro capítulo pretende-se expor um panorama sintético<br />

da história dos rios da <strong>cidade</strong>. Desde a escolha do Pátio do Colégio,<br />

onde se estabeleceram os padres jesuítas, na colina à margem do<br />

Rio Tamanduateí, passando pelas primeiras interferências de grande<br />

porte nos corpos d’água paulistanos pautadas nas teorias higienistas<br />

do século XIX, pelas intervenções iniciadas com o Plano de Avenidas<br />

idealizado e posto em prática por Prestes Maia, até as obras de<br />

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