índice introdução......................................................................................... 07 capítulo 1.......................................................................................... 09 capítulo 2.......................................................................................... 15 capítulo3........................................................................................... 17 capítulo 4.......................................................................................... 35 capítulo 5.......................................................................................... 43 continuidade...................................................................................... 85 bibliografia......................................................................................... 87 anexo................................................................................................. 89 5
1 Segundo definição de Jonas Malaco, “A <strong>cidade</strong> é um modo de existência da sociedade. (...) A sociedade, é a nossa existência conjunta enquanto espécie, (...) apresenta-se como existente somente enquanto os indivíduos estão imediatamente e sensivelmente se relacionando, deixando de existir quando não o fazem”. MALACO, 2003, pg. 9. 2 BARTALINI, 2006. Página 90. introdução Este Trabalho Final de Graduação nasceu do desejo de se pensar a <strong>cidade</strong>, entendida como o espaço de consolidação da sociedade1 . De um histórico pessoal de trabalhos sobre ela, de sua observação e da compreensão da necessidade de uma completa transformação na relação que se estabelece hoje entre seus habitantes e entre seus habitantes e seu suporte físico. Sendo um elemento imprescindível à boa qualidade de qualquer ambiente, além de ser fundamental à nossa sobrevivência, a água é um inexaurível manancial de recursos de projeto. Os rios urbanos representam enormes potenciais urbanísticos e humanos. Abrem horizontes importantes na apreensão visual da <strong>cidade</strong> e determinam sistemas de circulação de baixa declividade, ideais para a implantação de parques lineares e ciclovias. Resultado de séculos de urbanização predominantemente voltada para fins econômicos, a rede hídrica paulistana está praticamente ausente na paisagem. Do centro expandido da metrópole, conhecemos os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, ainda visíveis, porém estrangulados pela rede viária. Alguns córregos de maior porte ainda permanecem inteligíveis à população pois, embora muitas vezes canalizados, podem ser facilmente associados às avenidas de fundo de vale. São os casos das Avenidas Sumaré, Pacaembu, Nove de Julho e Vinte e Três de Maio, entre outras. Já a rede hídrica capilar é praticamente anônima e quase imperceptível na paisagem urbana. “No entanto essas águas, embora ocultas, ainda ‘vivem’, e os indícios de sua existência podem estar num bueiro, por onde se as ouve e sente, ou em eventuais insurgências (...). Em outros casos, o córrego clandestino é denunciado por um beco ou uma viela, quase sempre desertos, abandonados, encerrados pelas paredes de fundo das construções. Outras vezes, os vestígios são nesgas de terra, pequenas sobras de desapropriações para a tubulação do córrego, onde a vegetação cresce espontaneamente. Em situações mais felizes os indícios podem estar numa área verde pública, em geral pequena e amorfa, a que se dá abusivamente o nome de praça, ou ainda em escadarias que, embora não coincidam com as margens ou com o leito dos cursos d’água, evidenciam as condições de um relevo acidentado, características das áreas onde se concentram as nascentes dos córregos, fazendo alusão a eles” 2 . Os córregos ocultados pela malha urbana desenham os caminhos de menor declividade pela <strong>cidade</strong> e, assim, representam espa- ços ideais para a implantação de parques lineares ou de uma rede conectada de parques ou praças ao longo de seu percurso. Além disso, os córregos ainda ocultos da <strong>cidade</strong> da São Paulo possuem potencialidades pedagógicas, na medida em que receberem intervenções que visem recontar sua história (e, assim, também a da <strong>cidade</strong>) e explicitar os elementos básicos do suporte físico do meio urbano. Esse trabalho versará, então sobre os rios urbanos da <strong>cidade</strong> de São Paulo, mais especificamente, a rede hídrica capilar central da metrópole, quase completamente encoberta pela malha urbana. Os objetivos dessa pesquisa serão basicamente dois: localizar córregos ocultos na mancha urbana consolidada de São Paulo através da procura desses vestígios na paisagem, como uma experiência de sensibilização e conscientização do olhar do arquiteto, e fazer uma proposição que busque explicitar aos habitantes dessa <strong>cidade</strong> a existência desses corpos d’água. A região central da <strong>cidade</strong> será a base do trabalho Primeiro, porque o centro foi o local de origem da <strong>cidade</strong>, onde São Paulo foi fundada; a escolha desse sítio esteve fortemente atrelada à presença da água. Trata-se de uma malha urbana mais antiga, que sofreu muitas transformações e, provavelmente, é a região com rede hídrica mais camuflada da <strong>cidade</strong>. O desafio de redescoberta dos córregos parece potencializado nessa parte da metrópole. Segundo, porque as pessoas parecem circular pela região central de São Paulo sempre com pressa e sem observar o espaço. Não o apreendem, não se identificam com ele, que passa a ser o espaço de ninguém. Acredita-se na potencialidade de projetos de intervenção que busquem também essa sensibilização e conscientização do olhar da população sobre seu entorno, estimulando a reflexão e a crítica sobre os projetos de <strong>cidade</strong> e para a <strong>cidade</strong>. Este trabalho se dividirá em cinco capítulos. No primeiro capítulo pretende-se expor um panorama sintético da história dos rios da <strong>cidade</strong>. Desde a escolha do Pátio do Colégio, onde se estabeleceram os padres jesuítas, na colina à margem do Rio Tamanduateí, passando pelas primeiras interferências de grande porte nos corpos d’água paulistanos pautadas nas teorias higienistas do século XIX, pelas intervenções iniciadas com o Plano de Avenidas idealizado e posto em prática por Prestes Maia, até as obras de 7