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RELAÇÃO ENTRE MALOCLUSÃO E MASTIGAÇÃO - CEFAC

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<strong>CEFAC</strong><br />

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />

MOTRICIDADE ORAL<br />

<strong>RELAÇÃO</strong> <strong>ENTRE</strong> <strong>MALOCLUSÃO</strong> E<br />

<strong>MASTIGAÇÃO</strong><br />

LIA INÊS MARINO DUARTE<br />

LONDRINA<br />

2000


RESUMO:<br />

A mastigação bilateral, alternada com movimentos amplos e irrestri-<br />

tos é considerada fundamental para manter o equilíbrio oclusal.<br />

Este estudo tem como objetivo verificar o padrão mastigatório nos in-<br />

divíduos portadores de maloclusões (CLASSE I, CLASSE II e CLASSE III associ-<br />

adas a outras alterações: apinhamentos, mordidas cruzadas, sobremordidas, so-<br />

bressaliências, mordidas abertas).<br />

Pesquisou-se o padrão mastigatório em 38 sujeitos, todos pacientes<br />

de clínicas ortodônticas, na faixa etária de 11 a 29 anos, com maior ocorrência<br />

entre 12 e 14 anos. Todos deveriam apresentar dentição permanente e saudável,<br />

ser portador de algum tipo de maloclusão e não ter realizado tratamento ortopédi-<br />

co dos maxilares, ortodôntico ou fonoterapia.<br />

Observou-se a predominância do padrão bilateral de mastigação com<br />

movimentos verticais nestes indivíduos, independente do tipo de maloclusão apre-<br />

sentada. Apesar do padrão bilateral, a grande maioria referiu a preferência por um<br />

dos lados.<br />

Observou-se também que nos indivíduos com padrão unilateral de<br />

mastigação, nem sempre este padrão estava associado a uma maloclusão.


ABSTRACT:<br />

The bilateral and alternate pattern of mastication with wide and un-<br />

limited movements is considered fundamental to maintain the occlusion balance.<br />

The purpose of this study is to verify the mastication pattern in the in-<br />

dividuals with malocclusion (ANGLE malocclusion: CLASS I, CLASS II and CLASS<br />

III associated to other alterations: crossbite, overbite, overjet, open bite).<br />

Thirty eight patients between 11 and 29 years of age, mainly between<br />

12 and 14 years old, were evaluated about their mastication pattern. They were all<br />

patients in an orthodontic clinic and all of them should have permanent and healthy<br />

teething, some malocclusion and not have accomplished any orthopedical treatment<br />

of the maxillaries, orthodontist treatment nor myofunctional therapy yet.<br />

The predominance of the bilateral pattern of mastication was observed<br />

with vertical movements in these individuals, independent of the malocclusion. In<br />

spite of the bilateral pattern most people showed preference for one side.<br />

It was also observed that in the individuals with unilateral pattern of<br />

mastication, this pattern, not always, was associated to a malocclusion.


Aos meus pais, Orlando e<br />

Ondina, que sempre me in- i<br />

centivaram e cultivaram em<br />

mim o gosto go to pelos estudos.<br />

Ao meu marido Roberto e filhos Ro- R<br />

drigo e Maria Fernanda, obrigada<br />

pelo apoio, paciência e compreen- compree<br />

são constantes, fundamentais para a<br />

conclusão desta monografia. m nografia.


A vocês dedico este trabalho. tr balho.


AGRADECIMENTOS:<br />

Aos professores e assistentes do curso de Especialização em Orto-<br />

dontia (RICKETS) da Universidade do Oeste Paulista, pelo apoio, incentivo e co-<br />

laboração.<br />

Aos ortodontistas Luis Rotta e Sérgio Vilhegas, pela colaboração<br />

com pacientes para serem avaliados.<br />

A Mirian Goldenberg, minha orientadora, sem a qual não seria possí-<br />

vel realizar esta monografia.<br />

da pesquisa prática.<br />

das tabelas.<br />

centivo constantes.<br />

zado.<br />

A amiga e mestra Irene Marchesan, pela orientação na elaboração<br />

Ao meu filho Rodrigo, pela dedicação e disposição na elaboração<br />

A ortodontista e amiga Eloá Coelho de Castilho pela atenção e in-<br />

A todos os pacientes que possibilitaram que este estudo fosse reali


SUMÁRIO:<br />

1. INTRODUÇÃO 1<br />

2. DISCUSSÃO TEÓRICA 3<br />

2.1. Fisiologia da Mastigação 3<br />

2.2. Eficiência Mastigatória 7<br />

2.3. Mastigação Bilateral X Unilateral 10<br />

2.4. Oclusão X Maloclusão 15<br />

2.5. Classificação das Maloclusões 19<br />

2.6. Alterações Mastigatórias e Maloclusões 21<br />

3. AVALIAÇÃO DA <strong>MASTIGAÇÃO</strong> 24<br />

3.1. Material e Método 24<br />

3.2. Resultados 25<br />

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36<br />

6. ANEXOS 39


1. INTRODUÇÃO:<br />

A função de deglutir pareceu ser, durante anos, para os dentistas e<br />

também fonoaudiólogos, a mais prejudicial para o sistema estomatognático, ape-<br />

sar de a literatura fazer referência aos prejuízos causados não só pela deglutição,<br />

mas também pela mastigação, respiração e fala quando alteradas (PLA-<br />

NAS,1987; SIMÕES,1985; MARCHESAN,1984; DOUGLAS,1988 e outros).<br />

Pude constatar tal fato em minha experiência clínica como fonotera-<br />

peuta há 21 anos, dos quais 12 anos atuando com motricidade oral na cidade de<br />

Presidente Prudente/SP.<br />

Nesta trajetória, atribuí atenção especial aos problemas relativos à<br />

deglutição, porém não me sentia satisfeita com os resultados obtidos nas terapias,<br />

em especial quanto à automatização do novo padrão.<br />

Na busca de respostas, comecei a procurar maiores informações e<br />

conhecimentos na literatura especializada e também com os profissionais da área:<br />

ortodontistas, fonoaudiólogos e otorrinos, para compreender melhor a complexi-<br />

dade e o dinamismo do sistema estomatognático.<br />

Nesse processo, maior atenção foi dada às outras funções (respira-<br />

ção, sucção, mastigação e articulação), mudando-se o olhar no trabalho em tera-<br />

pia, dando relevo especial à respiração e mastigação.<br />

O objetivo maior da terapia fonoaudiológica em motricidade oral é o<br />

restabelecimento ou a viabilização das funções estomatognáticas: sucção, respi-<br />

ração, mastigação, deglutição e articulação da fala) visando ao equilíbrio miofun-<br />

cional.<br />

Considerando o caráter positivo que a terapia fonoaudiológica exer-<br />

ce sobre o aparato oral, será enfatizada neste trabalho a importância da função<br />

mastigatória para o desenvolvimento e funcionamento do sistema estomatognáti-<br />

co.<br />

1


Uma grande parte da população apresenta problemas mastigatórios,<br />

com predominância do padrão unilateral. (PLANAS,1972; AHLGREN,1966; MO-<br />

LLER,1966).<br />

Há concordância entre os autores pesquisados que, embora a masti-<br />

gação possa ser realizada com movimentos unilaterais, esta realização não cons-<br />

titui uma função oclusal ideal. A mastigação bilateral alternada, ampla e irrestrita é<br />

de fundamental importância para manter o equilíbrio oclusal. (BEYRON,1954;<br />

RAMFJORD & ASH,1984; PLANAS,1987; SIMÕES,1985).<br />

Os ortodontistas como também os fonoaudiólogos têm como objetivo<br />

reestabelecer o equilíbrio do sistema estomatognático.<br />

No trabalho fonoaudiológico com a função mastigatória, respeitando-<br />

se as condições de cada indivíduo (tipo facial, padrão de oclusão ou maloclusão,<br />

condições respiratórias, conservação dos dentes) e suas possibilidades terapêuti-<br />

cas, visa-se a aprendizagem de um padrão mastigatório mais competente, bilate-<br />

ral e alternado.<br />

O objetivo do presente trabalho é discutir a relação existente entre<br />

maloclusão e alterações mastigatórias, verificando o padrão mastigatório encon-<br />

trado em indivíduos portadores de maloclusão e, com os dados obtidos, auxiliar<br />

ortodontistas e fonoaudiólogos quanto à possibilidade ou não de terapia com a<br />

função mastigatória antes de corrigida a maloclusão.<br />

2


2. DISCUSSÃO TEÓRICA:<br />

Uma das funções importantes do Sistema Estomatognático é a masti-<br />

gação. Os mecanismos mastigatórios são bastante flexíveis, bem como as defici-<br />

ências são prontamente compensadas. Isso explica parcialmente as consideráveis<br />

variações das características do ciclo mastigatório (amplitude, duração, movimen-<br />

tos) observadas entre indivíduos saudáveis como também em indivíduos com pro-<br />

blemas oclusais.<br />

A literatura sobre o tema mastigação é vasta. O interesse em relacio-<br />

nar os padrões mastigatórios encontrados nas diferentes maloclusões levou a sele-<br />

cionar alguns pontos específicos na literatura ortodôntica e fonoaudiológica. Para<br />

tanto, será enfocado neste estudo como se processa a função mastigatória, consi-<br />

derações sobre oclusão e maloclusão e quais os padrões mastigatórios encontra-<br />

dos em indivíduos portadores de maloclusão.<br />

2.1. Fisiologia da Mastigação.<br />

para a deglutição.<br />

A mastigação é o ato de cortar e triturar o alimento preparando-o<br />

RAMFJORD & ASH (1984) definem o Sistema Mastigatório como<br />

uma unidade funcional composta pelos dentes e suas estruturas de suporte, ma-<br />

xilares, articulações temporomandibulares (ATMs), músculos inseridos na mandí-<br />

bula, lábios e língua e sistemas vascular e nervoso desses tecidos.<br />

A atividade funcional desse sistema é realizada pelos músculos que<br />

são guiados pelos impulsos nervosos. A harmonia entre esses componentes é de<br />

maior importância na manutenção da saúde e capacidade funcional do Sistema<br />

Mastigatório.<br />

DOUGLAS (1988) completa , definindo mastigação como o conjunto<br />

de fenômenos estomatognáticos que visa à trituração e moagem dos alimentos,<br />

reduzindo-os em partículas pequenas que se ligam pela ação misturadora da sali-<br />

va, para obter o bolo alimentar apto para ser deglutido.<br />

3


A mastigação parece ser uma função condicionada, adquirida e au-<br />

tomática (POSSELT,1973).<br />

O aparelho mastigador surgiu como uma resposta a exigências parti-<br />

culares de função. Sua constituição depende da frequência e magnitude de estí-<br />

mulos funcionais para o desenvolvimento e manutenção de um estado fisiológico<br />

adequado, com uma resistência máxima à injúria (RAMFJORD & ASH,1984).<br />

Ontogeneticamente, a mastigação surge cedo, porém não junto com<br />

a vida humana. O Sistema Nervoso necessita amadurecer reflexos, estabelecer<br />

sinapses, construir caminhos adequados para os músculos desenvolverem força e<br />

movimento dos ossos e articulações, ou seja, o organismo precisa de um determi-<br />

nado tempo para que o indivíduo consiga mastigar. Esse tempo está completo<br />

depois da primeira dentição inteiramente estabelecida : 4 a 5 anos de idade (SI-<br />

MÕES,1985).<br />

PLANAS (1988) enfatiza a importância da amamentação para o des-<br />

envolvimento da mastigação, pois no ato de "ordenhar" o peito com sua boca, o<br />

bebê necessita de um enorme esforço muscular. Cita três fatores importantes que<br />

ocorrem no ato de mamar no peito:<br />

a) o bebê respira pelo nariz, pois não solta o peito.<br />

b) o bebê é obrigado a morder, avançar e retruir a mandíbula, estimulando<br />

todo o sistema muscular, principalmente masseteres, temporais e pterigói-<br />

deos, que vão adquirindo seu desenvolvimento, necessário na chegada da<br />

primeira dentição.<br />

c) o movimento protrusivo e retrusivo excita, ao mesmo tempo, as partes<br />

posteriores dos meniscos e superior das ATMs.<br />

Com a estimulação proporcionada pela amamentação e, principal-<br />

mente, com a maturação do Sistema Nervoso Central processa-se o desenvolvi-<br />

mento de novas funções que serão desencadeadas pela erupção dos dentes.<br />

Um dos fatores mais importantes da mastigação é o aspecto senso-<br />

rial dos dentes, recentemente irrompidos. Os músculos que controlam a posição<br />

mandibular são influenciados pelos primeiros contatos oclusais dos incisivos anta-<br />

gonistas. No momento em que, acidentalmente, os incisivos superiores se tocam<br />

4


com os incisivos inferiores, a musculatura dos maxilares começa aprender a funci-<br />

onar, acomodando-se com o contato dos dentes. Assim, o padrão de fechamento<br />

torna-se mais preciso antero-posteriormente do que médio-lateralmente<br />

(MOYERS,1979).<br />

Ainda MOYERS (1979) afirma que os primeiros movimentos de mas-<br />

tigação são irregulares e precariamente coordenados, como o aprendizado de<br />

qualquer habilidade motora.<br />

À medida que a dentição decídua se completa, o ciclo mastigatório<br />

torna-se mais estável e o padrão oclusal individual de intercuspidação é usado<br />

com maior eficiência. As trocas dentárias vão se processando de tal forma que é<br />

mantida a eficiência mastigatória suficiente para cada idade, até atingir a idade<br />

adulta, com a dentição permanente.<br />

Denomina-se ciclo mastigatório cada golpe que a mandíbula executa<br />

contra a maxila para triturar o alimento. Consiste em três fases:<br />

- fase de abertura da boca: a boca abre o necessário para que o bolo alimentar<br />

possa entrar.<br />

- Fase de fechamento da boca: onde o alimento é comprimido e fragmentado. É<br />

nessa fase que se tem o primeiro contato dentário (do lado do balanceio,<br />

oposto ao alimento).<br />

- Fase oclusal ou intercuspidária: é caracterizada pela intercuspidação máxima<br />

das superfícies de oclusão dos dentes, portanto, é a fase crucial da mastiga-<br />

ção.<br />

Os movimentos de corte (incisão) são definidos como aqueles onde o<br />

alimento é esmagado por golpes, principalmente verticais, entre as bordas inci-<br />

sais.<br />

A língua, coordenadamente com as bochechas, posiciona o alimento<br />

entre as superfícies oclusais dos dentes posteriores (pré-molares e molares) que,<br />

pelas suas características anatômicas oclusais, realizam os movimentos de tritu-<br />

ração. Esses movimentos transformam as partes grandes do alimento em meno-<br />

res e ocorrem principalmente nos pré-molares, uma vez que sua pressão intercus-<br />

pideana é mais intensa que a dos molares.<br />

5


A última etapa é a pulverização, onde o alimento é transformado em<br />

partículas muito reduzidas, que não oferecem resistência nenhuma ao nível das<br />

superfícies oclusais ou da mucosa bucal.<br />

A mandíbula executa, durante a mastigação, os movimentos de ro-<br />

tação ( ocorre giro do côndilo em torno de seu próprio eixo) e translação( ocorre o<br />

deslizamento do côndilo ao longo da cavidade condilar, até a eminência articular<br />

do osso temporal).<br />

Os movimentos retrusivos raramente deveriam estar presentes du-<br />

rante a mastigação e deglutição, uma vez que os contatos dentários durante estes<br />

movimentos mandibulares não participam da mastigação (PLANAS,1988).<br />

No movimento de lateralidade, os côndilos executam padrões moto-<br />

res diferentes: movimento para o lado direito, o côndilo direito realiza um discreto<br />

movimento para fora e pequeno deslocamento para trás e para cima; já o côndilo<br />

esquerdo desliza para frente e para baixo, levemente em direção à linha mediana.<br />

Em todos os movimentos da mandíbula, o disco articular acompanha o côndilo,<br />

tornando-os mais harmônicos (BIANCHINI,1998).<br />

Esses movimentos mandibulares são possíveis devido a ação dos<br />

músculos mandibulares inseridos, em sua maioria, na mandíbula. São eles:<br />

- músculos mastigatórios: temporal, masseter, pterigóideo lateral, pterigóideo<br />

medial e ventre anterior do digástrico.<br />

- músculos da mastigação (que incluem todos os músculos que participam do<br />

processo mastigatório): músculos mastigatórios, todos os supra-hióideos (ge-<br />

nio-hióideo, milo-hióideo, digástrico, estilo-hióideo), os infra-hióideos estabili-<br />

zando o osso hióide, a musculatura da língua, bucinador e musculatura da mí-<br />

mica facial.<br />

Podemos classificar esses músculos de acordo com os movimentos<br />

de abertura e fechamento da mandíbula, assim temos:<br />

- os músculos levantadores da mandíbula: temporal, masseter e pterigóideo me-<br />

dial.<br />

6


- os músculos depressores da mandíbula: pterigóideo lateral, musculatura supra-<br />

hióidea (especialmente o ventre anterior do digástrico, gênio-hióideo e milo-<br />

hióideo).<br />

Na criança, com a dentição decídua completa, as relações mastigató-<br />

rias são ótimas, uma vez que todos os três sistemas (osso, dente e músculo) ain-<br />

da apresentam a adaptabilidade característica do desenvolvimento.<br />

Na dentição decídua, a altura da cúspide e a sobremordida são mais<br />

baixas, o crescimento ósseo é mais rápido e adaptativo e o aprendizado neuro-<br />

muscular é guiado com mais facilidade, uma vez que os padrões de atividade não<br />

estão ainda bem estabelecidos.<br />

Em idades mais avançadas, as adaptações à mudança mastigatória<br />

já são mais difíceis. Cada vez que a posição de um dente se altera ou perde-se<br />

um dente, ou surge uma desarmonia oclusal, deve ocorrer o aprendizado de no-<br />

vos padrões mastigatórios (MOYERS, 1979).<br />

2.2. Eficiência Mastigatória:<br />

A principal função da mastigação é diminuir o volume do alimento,<br />

fragmentando-o em partículas cada vez menores, preparando-as para a deglutição<br />

e digestão.<br />

Uma segunda função é prover uma certa ação bactericida (pela en-<br />

zima da saliva) sobre os alimentos colocados na boca quando são fragmentados,<br />

para formar o bolo.<br />

Uma terceira função do ato mastigatório é proporcionar a força e fun-<br />

ção indispensáveis para o desenvolvimento normal dos ossos maxilares (MOLI-<br />

NA,1989).<br />

Portanto, a trituração do alimento não é um mero aspecto mecânico,<br />

mas também biomecânico, bacteriológico e enzimático (POSSELT,1973).<br />

Segundo SIMÕES (1985), a eficiência mastigatória é a realização<br />

adequada de ciclos mastigatórios, oferecendo mecanismos compensatórios fisio-<br />

lógicos, ou seja, aqueles que resultam da erupção e atrição dos dentes e de um<br />

7


mecanismo sensorial propriamente elaborado para cada idade, colocando as arti-<br />

culações temporomandibulares e os músculos em perfeita adaptação funcional.<br />

A duração e frequência do ciclo mastigatório variam de acordo com o<br />

tipo e consistência do alimento, bem como estão relacionadas com a qualidade<br />

neuro-muscular e o tipo facial do indivíduo.<br />

Nos indivíduos com face curta (crescimento predominantemente ho-<br />

rizontal) observa-se maior vigor, potência e força mastigatórios. Nos indivíduos<br />

com face longa (crescimento predominantemente vertical) nota-se uma mastiga-<br />

ção com menor força de mordida, menos potente (PROFFIT, 1995 ; BIANCHINI,<br />

1995).<br />

Já a força mastigatória depende do treino, do “status” da dentição e<br />

da língua. Ela é somente uma pouco maior no homem que na mulher, no adulto<br />

que na criança, na dentição natural que na artificial, na área de molares e pré-<br />

molares que na dos incisivos, no lado da mastigação viciosa e na posição de má-<br />

xima intercuspidação (SIMÕES,1985).<br />

Essa força mastigatória representa um fator importante para o cres-<br />

cimento não só dos maxilares, mas de toda a face.<br />

Segundo POSSELT (1973) o número de vezes que o bolo alimentar<br />

pode ser mastigado até a realização da deglutição, varia entre os indivíduos. Po-<br />

rém, o número e tempo de golpes mastigatórios são constantes no mesmo indiví-<br />

duo. Algumas pessoas mastigam mais demoradamente que outras, entretanto os<br />

hábitos mastigatórios individuais parecem ser tão estáveis que mesmo diante da<br />

perda de dentes, o número de movimentos mastigatórios permanece inalterado,<br />

ou seja, o efeito da perda de dentes não é compensado por uma mastigação mais<br />

prolongada.<br />

Na mastigação, os contatos dentários são muito mais intensos no<br />

lado do trabalho (LT) ou Ativo do que no lado do balanceio (LB). É no LT que se<br />

concentra toda a força mastigatória devido a atividade muscular ser mais intensa<br />

(SIMÕES,1985).<br />

Ainda segundo SiMÕES (1985), os músculos pterigóideo médio,<br />

masseter e temporal anterior são ativados em 50% de sua capacidade durante a<br />

8


mastigação, principalmente o masseter, que age mais sobre a força mastigatória,<br />

tem atividade três vezes maior no LT do que no LB. Já o pterigóideo lateral tem<br />

maior atividade no LB, onde o movimento mandibular é maior.<br />

AHLGREEN (1966) observou eletromiograficamente que na mastiga-<br />

ção de chicletes, o músculo temporal do LT era ativado primeiramente, sendo que<br />

os outros três músculos ( masseter, pterigóideo medial e pterigóideo lateral) eram<br />

ativados 60 ms mais tarde. Já na mastigação de amendoim os quatro músculos<br />

eram ativados simultaneamente.<br />

MOLLER (1966) também observou eletromiograficamente na masti-<br />

gação unilateral de chicletes que o músculo temporal do LT era ativado cerca de<br />

10 a 20 ms antes do músculo temporal do LB (lado oposto), enquanto o masseter<br />

do LT era ativado cerca de 30 ms depois do masseter do lado oposto (LB).<br />

RILO, SILVA, GUDE E SANTANA (1998) concluem que a ordem da<br />

atividade muscular na mastigação depende das características do alimento,<br />

constatando eletromiograficamente, em seu estudo com indivíduos que apresen-<br />

tavam mastigação unilateral, não haver diferença na atividade muscular do LT e<br />

do LB.<br />

Quanto maior o número de ciclos com contatos dentários durante a<br />

mastigação, maior a eficiência mastigatória.<br />

Como o Sistema Estomatognático é um sistema integrado de variá-<br />

veis que dependem umas das outras, é óbvio que uma disfunção pode ser gerada<br />

por qualquer agressão originalmente aplicada a um de seus três componentes<br />

(ATM, músculos mastigatórios e complexo dento-periodontal). Assim, as lesões<br />

traumáticas, inflamatórias, degenerativas ou neoplásicas dos músculos ou da ATM<br />

podem ser uma causa imediata da disfunção (MONGINI,1988).<br />

Pode-se citar como causas mais frequentes que podem provocar<br />

uma ineficiência mastigatória:<br />

- diminuição da área dentária de oclusão, provocando uma redução no corte e<br />

trituração dos alimentos;<br />

- falhas ou perdas dentárias;<br />

- reabilitação protética (próteses removíveis);<br />

9


- cáries;<br />

- trocas dentárias;<br />

- desgaste dental;<br />

- relações oclusais anormais;<br />

- problemas nos músculos da mastigação, mímica facial e/ou cervicais;<br />

- movimentos mandibulares anormais provocados por problemas na ATM;<br />

- respiração bucal;<br />

- dieta muito mole.<br />

RAMFJORD e ASH (1984) acrescentam que as interferências de<br />

equilíbrio produzem respostas de impedimento mais rapidamente, enquanto as<br />

interferências no lado do trabalho são aceitas mais passivamente. Sendo assim, o<br />

condicionamento pode ocorrer muito rápido, levando a alterações dos movimentos<br />

funcionais.<br />

Entretanto, os padrões oclusais de impedimento estabelecidos po-<br />

dem criar outras disfunções e impor desequilíbrios sobre outros elementos dentro<br />

do Sistema Mastigatório, os quais não podem compensar tão rapidamente.<br />

Como a atividade dos músculos mastigatórios está sob controle dos<br />

centros corticais e tronco cerebral, o stress emocional pode modificar suas carac-<br />

terísticas, aumentar sua atividade muscular na posição postural e facilitar o início<br />

de hábitos parafuncionais (MONGINI,1988).<br />

Temos, então, que um fator psicogênico pode gerar fadiga e espas-<br />

mo muscular, sozinho ou em conjunto com fatores oclusais, levando a alterações<br />

anatômicas dos músculos (MONGINI,1988).<br />

2.3. Mastigação bilateral X unilateral:<br />

A função mastigatória é significativa no crescimento e desenvolvi-<br />

mento dento-facial, pois atua como estímulo de erupção dentária e aumento das<br />

dimensões dos arcos osteodentários. Com uma mastigação equilibrada, serão<br />

produzidos estímulos alternados nas diversas estruturas do Sistema Estomatog-<br />

nático (BIANCHINI,1998).<br />

10


mastigação bilateral.<br />

Nos autores pesquisados não há divergência quanto ao padrão de<br />

A mastigação bilateral alternada multidirecional (onde o alimento é<br />

distribuído homogeneamente nos dentes tanto direitos quanto esquerdos) é ideal<br />

para o estímulo de todas as estruturas de suporte, para a estabilidade da oclusão<br />

e para a limpeza dos dentes. Nesse padrão há uma distribuição uniforme das for-<br />

ças mastigatórias, intercalando períodos de trabalho, repouso musculares e arti-<br />

culares, o que leva a uma sincronia e equilíbrio muscular e funcional.<br />

POMMERENKE (1928), citado por RAMFJORD e ASH (1984), mos-<br />

tra através de estudos clínicos e eletromiográficos combinados, que a função<br />

bilateral é assumida sempre que uma relação oclusal bilateral não restrita e con-<br />

veniente é proporcionada, com guia cuspídea bilateral igual bem como capacidade<br />

funcional. Embora a mastigação possa ser realizada satisfatoriamente com movi-<br />

mentos unilaterais ou mesmo não laterais, esta realização não constitui uma fun-<br />

ção oclusal ideal (RAMFJORD e ASH,1984).<br />

POSSELT (1973) analisando registros eletromiográficos, afirma que<br />

os três ou quatro primeiros golpes mastigatórios do alimento determinam uma ati-<br />

vidade igual e sincrônica em ambos os lados. As partículas grandes dos alimentos<br />

são distribuídas e trituradas em ambos os lados simultaneamente. Depois a ativi-<br />

dade muscular bilateral torna-se desigual e assincrônica, o que muitas vezes indi-<br />

ca que o indivíduo mastiga unilateralmente.<br />

PLANAS (1988) acredita que a mastigação bilateral alternada (livre<br />

de interferências oclusais, com maior número de contatos dentários durante os<br />

ciclos mastigatórios) condiciona o correto desenvolvimento da mandíbula e maxilar<br />

superior.<br />

A mastigação deve ocorrer tanto do LT (onde o alimento está sendo<br />

quebrado em partículas menores) quanto do LB (onde há o relaxamento da mus-<br />

culatura). Essa alternância é a base da mastigação bilateral.<br />

PLANAS analisa ainda, que o desenvolvimento ósseo se produz no<br />

LB e o movimento dentário no LT. Neste, o plano oclusal tende a levantar-se em<br />

sua parte anterior e, simultaneamente, tende a descer na mesma zona no LB.<br />

11


Com o “sobe e desce” alternado, a correta e equilibrada situação do plano oclusal<br />

vai se formando, condição imprescindível para manter um equilíbrio permanente<br />

do sistema estomatognático.<br />

MOLINA(1989) acrescenta que, embora grande parte da população<br />

possa desenvolver a capacidade mastigatória unilateral sem necessariamente<br />

apresentar sinais e sintomas significantes, a função normal é aquela em que os<br />

dentes e as estruturas de suporte são estimuladas alternadamente, permitindo<br />

uma tranferência balanceada de forças.<br />

A mastigação unilateral é um mecanismo de adaptação para assegu-<br />

rar o mínimo de trauma para o periodonto, dentes e articulações. Nesse padrão<br />

mastigatório, estimulam-se apenas as estruturas do lado do trabalho, impedindo<br />

no lado inativo, o desgaste fisiológico das cúspides dentárias, possibilitando inter-<br />

ferências oclusais e favorecendo a instalação de placas bacterianas, cáries e dis-<br />

túrbios do periodonto (MOLINA,1989).<br />

RAMFJORD & ASH (1984) acrescentam que modelos de mastigação<br />

unilaterais habituais são o resultado de adaptação a interferências oclusais. Enfa-<br />

tiza que tais modelos são comumente vistos em pessoas que viveram alimentan-<br />

do-se com alimentos moles não abrasivos, ou cujo modelo oclusal normal foi per-<br />

turbado por doença dentária, periodontal ou perda de dentes.<br />

MANNS (1988), DUBNER (1978), POND(1986) e WILDING (1993),<br />

citados por MEJÍA VANEGAS et al (1996), afirmam que os fatores oclusais não<br />

têm uma correlação significante com o lado preferencial de mastigação. POND<br />

(1986) enfatiza que os fatores oclusais influenciam somente quando o padrão<br />

mastigatório está sendo desenvolvido nas crianças. Uma vez que o padrão está<br />

estabelecido, somente a estimulação dolorosa poderá produzir uma troca, mesmo<br />

assim, após retirado o estímulo doloroso, o indivíduo retornará ao seu padrão ha-<br />

bitual de mastigação.<br />

POSSELT (1968), citado por DOUGLAS (1988), estabeleceu que<br />

entre pessoas saudáveis, com dentadura natural completa, somente 10% apre-<br />

sentam mastigação bilateral simultânea, enquanto 75% apresentam um padrão<br />

12


mastigatório bilateral alternado. Nos 15% restantes, a mastigação é somente uni-<br />

lateral, direita ou esquerda.<br />

Já AHLGREN (1966), LARATO (1970), MOLLER(1966), PLANAS<br />

(1972) e WICTORIN & HEKDEGARD (1968),citados por SANTIAGO JR. (1994)<br />

afirmam que nas populações civilizadas, o número de indivíduos que executam<br />

mastigação unilateral é bastante elevado. Atribui-se esse fato principalmente à<br />

consistência da alimentação atual bastante macia, devido à grande facilitação dos<br />

métodos de cocção que vieram depois da revolução industrial.<br />

Essa pré-moagem dos alimentos faz com que seja aceito nos dias de<br />

hoje o movimento mastigatório com toque dentário apenas em canino durante a<br />

excursão lateral da mandíbula (AHLGREN, 1982).<br />

O contato dos dentes posteriores só ocorre em posição de intercus-<br />

pidação máxima (PIM). Este tipo de desoclusão não é encontrado em nenhum<br />

grupo de indivíduos que vivem em contato íntimo com a natureza (BEYRON,<br />

1964; BROWN, 1965). Não existe moagem sem o deslizamento das faces oclusais<br />

dos dentes posteriores da posição mais lateral até PIM.<br />

Embora exista evidência recente de que a frequência dos contatos<br />

laterais não seja significantemente alterada pelo tipo de alimento que está sendo<br />

ingerido, é possível que alimentos duros (frutas e vegetais naturais, carne fibrosa)<br />

propiciem menor influência de interferências oclusais no guia oclusal total do que<br />

alimentos mais moles (RAMFJORD & ASH,1984).<br />

Em seu estudo sobre os possíveis fatores predisponentes da masti-<br />

gação unilateral, com 39 crianças com padrão unilateral, MEJÍA VEGAS et al<br />

(1966) concluem que o hábito de morder lápis ou outros objetos duros foi o único<br />

que mostrou significância estatística na escolha do lado da mastigação. Analisam<br />

considerando a seguinte situação: como este hábito se realiza durante o dia, por<br />

um tempo mais prolongado que o ato mastigatório, estimularia a fundo as diferen-<br />

tes estruturas. Portanto, um hábito pode induzir a algum tipo de reforço contínuo e<br />

repetitivo aos receptores periodontais, articulares e neuromusculares, criando-se<br />

13


eflexos condicionados para que o indivíduo inconscientemente mastigue por um<br />

só lado.<br />

FRANCO (1997) verificou, numa pesquisa com 51 estudantes uni-<br />

versitários adultos, que a grande maioria afirmou mastigar voluntariamente de ma-<br />

neira bilateral alternada. Os demais fazem uso de um padrão unilateral, sem por-<br />

tanto, apresentar prejuízo ou incômodo.<br />

RILO, SILVA, GUDE e SANTANA (1998) demonstram em uma pes-<br />

quisa com 40 adultos saudáveis, de ambos os sexos, com completa ou quase<br />

completa dentição natural e nenhum sintoma de disfunção crânio mandibular, a<br />

atividade mioelétrica durante a mastigação unilateral. Concluem neste estudo que<br />

não há diferenças significantes entre a atividade mioelétrica dos músculos masti-<br />

gatórios entre o lado do trabalho e o lado do balanceio num padrão unilateral. Dis-<br />

cutem ainda que as assimetrias faciais muitas vezes justificadas devido ao padrão<br />

unilateral de mastigação, deveriam ser mais estudadas para se encontrar a ver-<br />

dadeira origem.<br />

BISHARA (1994), citado por MEJÍA VANEGAS et al (1996), afirma<br />

que algumas assimetrias direita e esquerda na cavidade oral podem ser resultan-<br />

tes de fatores externos, como hábitos assimétricos de mastigação causados por<br />

cáries, extrações ou trauma, e geralmente os estudos sugerem como a maloclu-<br />

são pode afetar o padrão de mastigação, mas não como a mastigação unilateral<br />

pode, de alguma forma, criar algum tipo de de maloclusão, mesmo considerando<br />

que a atividade dos músculos mastigatórios pode ter um efeito importante na<br />

morfologia facial.<br />

Pode-se perceber que a maioria dos autores pesquisados enfatizam<br />

o padrão bilateral e alternado de mastigação para manter o equilíbrio do sistema<br />

estomatognático. Neste estudo pretendo discutir a relação entre mastigação e<br />

maloclusões. Torna-se necessária, portanto, uma pesquisa mais específica sobre<br />

oclusão e maloclusão.<br />

14


2.4.Oclusão X Má oclusão:<br />

O termo oclusão é definido como uma relação estática de contato<br />

entre os dentes antagonistas (POSSELT,1973).<br />

Na odontologia, oclusão tem uma implicação funcional que envolve<br />

os dentes e partes outras do Sistema Mastigatório. Uma oclusão fisiológica tem<br />

sido definida como aquela na qual o conjunto de forças que atuam sobre os den-<br />

tes está em estado de equilíbrio e conservando um estado de saúde e função<br />

normal entre os dentes e as estruturas de suporte (AMSTERDAM &<br />

ABRAMS,1973) in MOLINA (1989).<br />

POSSELT (1973) acrescenta que as maloclusões podem ser consi-<br />

deradas do ponto de vista morfológico e funcional. As maloclusões morfológicas<br />

não conduzem necessariamente a perturbações funcionais, já nas funcionais há a<br />

possibilidade de alterações no padrão normal da função. Comenta ainda que não<br />

é fácil classificar as maloclusões que conduzem mais frequentemente à disfunção.<br />

Já para MOLINA (1989) uma oclusão normal ou fisiológica é aquela<br />

que precisa de mínimas adaptações entre os diversos componentes e apresenta<br />

um mínimo de sinais e sintomas no sistema estomatognático.<br />

PLANAS(1988) diferencia a oclusão em cêntrica e funcional.<br />

Obtém-se a oclusão cêntrica no primeiro contato oclusal ao fechar a<br />

boca lenta e relaxadamente. Porém, pode ocorrer que o primeiro contato oclusal<br />

não seja o da máxima intercuspidação, e a mandíbula se desloca para frente, di-<br />

reita ou esquerda, a fim de ir reduzindo a dimensão vertical, ainda que infinita-<br />

mente pouco. Essa será a oclusão funcional.<br />

uma oclusão normal.<br />

Se a oclusão cêntrica coincidir com a oclusão funcional, esta será<br />

Historicamente, o conceito de oclusão dentária pode ser dividido em<br />

três períodos (ARAÚJO ,1986):<br />

- Período de ficção (empirismo), que se estende até o final do século passa-<br />

do(1900).<br />

- Período das hipóteses, (1900 até 1930), onde se tentaram formular princípios<br />

mais exatos sobre diagnóstico e tratamento dos distúrbios da oclusão. Em<br />

15


1907, ANGLE apresentou sua descrição detalhada das relações anatômicas<br />

dos dentes, postulando a famosa “Chave de Oclusão”. Descreveu, ainda, a im-<br />

portância dos primeiros molares permanentes no próprio desenvolvimento da<br />

oclusão e como base para sua classificação, desenvolvida a partir de 1899 e<br />

até hoje utilizada pelos ortodontistas.<br />

As descrições estáticas de ANGLE foram complementadas por BENNET<br />

(1908), LISCHER (1921), SIMON (1921) e TURNER (1913), que defendiam a<br />

hipótese das influências da ação muscular tanto na face quanto na oclusão<br />

dentária. HELLMAN (1921) relacionou e evidenciou as variações raciais na<br />

oclusão dentária.<br />

- Período dos fatos: de 1930 em diante. Os trabalhos de PLANER (1930) e<br />

BROADBENT (1931) introduziram definitivamente os termos de fisiologia e<br />

função às definições já existentes. A tríade: dentes, músculo e articulação<br />

temporomandibular passou a ser considerada fundamental. Portanto, passou-<br />

se a ter uma idéia dinâmica da oclusão dentária, considerando-a não como um<br />

resultado final ou uma ação concluída, mas uma fase momentânea do ciclo<br />

mastigatório.<br />

A adaptação funcional, estrutural e mesmo psicológica do Sistema<br />

Mastigador é um aspecto importante na manutenção da estabilidade oclusal. Por-<br />

tanto, a oclusão deveria sempre ser avaliada com base no potencial funcional, do<br />

que na base simples das classificações morfológicas comum, frequentemente uti-<br />

lizadas na ortodontia (RAMFJORD e ASH, 1982).<br />

Os autores completam, ainda, que a ausência de manifestações pa-<br />

tológicas e a presença de movimentos funcionais desimpedidos são de importân-<br />

cia maior na avaliação da oclusão que o padrão de relações cuspídeas usado<br />

como base para o diagnóstico de maloclusão.<br />

POSSELT (1973) concorda e acrescenta que todas as classificações<br />

atuais têm a desvantagem de serem morfológicas, não dando nenhuma informa-<br />

ção sobre suas origens funcionais ou suas sequelas.<br />

Na literatura ortodôntica existem várias classificações, de diferentes<br />

autores, sobre os fatores etiológicos das maloclusões.<br />

16


KORKHAUS (1939), citado por ARAÙJO (1986), descreve fatores de<br />

origem endógena e exógena como etiologia das maloclusões.<br />

- origem endógena (ou sistêmica): hereditariedade, fatores constitucionais, ra-<br />

quitismo e influências nutricionais.<br />

- origem exógena (provenientes de fatores externos ao organismo): influências<br />

sofridas pelo embrião na vida intra-uterina; pseudo função ou função insufici-<br />

ente do órgão mastigador; transtornos da respiração nasal; hábitos nocivos;<br />

perdas precoces de dentes decíduos; outras influências locais de natureza físi-<br />

ca (traumas, tumores, etc.).<br />

GRABER (1974), citado por SCHWARTZ (1992), em sua classifica-<br />

ção acrescenta outros fatores locais que poderão dar origem a um desequilíbrio da<br />

oclusão:<br />

- Anomalias de número de dentes.<br />

- Anomalias dimensionais dos dentes.<br />

- Anomalias morfológicas dos dentes.<br />

- Freio labial anormal (quando hipertrofiados ou com inserção muito baixa pro-<br />

vocam alterações oclusais).<br />

- Perdas prematuras de decíduos.<br />

- Retenção prolongada de decíduos.<br />

- Sequência anormal da erupção dentária.<br />

- Atraso de erupção de dentes permanentes.<br />

- Anquiloses dento-alveolares.<br />

- Cárie dentária.<br />

- Restaurações dentárias inadequadas.<br />

equação ortodôntica:<br />

DOCKELL (1952), citado por MOYERS (1979), elaborou a seguinte<br />

CAUSAS agem no TEMPO sobre TECIDOS produzindo EFEITOS.<br />

ologia das maloclusões.<br />

Muitos autores citam outros fatores que teriam alguma função na eti-<br />

ENLOW (1979), citado por MARCHESAN (1998), enfatiza que<br />

a ausência de alimentos ásperos e duros na dieta moderna, os quais requerem<br />

17


uma mastigação completa, é um fator na produção do mau desenvolvimento dos<br />

arcos dentários, podendo ocasionar uma maloclusão.<br />

BROWN (1985), citado por MARCHESAN (1998), relata que desor-<br />

dens oclusais são frequentemente acompanhadas por uma suscetibilidde a cáries<br />

dentárias e doenças periodontais devido a padrões alimentares atuais, que não<br />

exigem uma demanda maior do aparelho mastigador.<br />

VAN DER LANN (1995) enfatiza que a alimentação não-consistente,<br />

levando a uma falta de mastigação, é apontada como causadora de problemas de<br />

oclusão. Acrescenta que os dois primeiros anos de vida da criança, em relação a<br />

hábitos alimentares, seriam de extrema importância para o desenvolvimento cra-<br />

niofacial, principalmente no que diz respeito à amamentação e aos hábitos orais<br />

inadequados.<br />

Já MARCHESAN (1998) conclui através dos dados de sua pesquisa<br />

sobre a consistência da alimentação atual em crianças de 4 anos e 7 meses a 7<br />

anos, que a alimentação atual é bem diferente da de antigamente, principalmente<br />

quanto à consistência. Porém, evidencia que os problemas relativos à oclusão são<br />

antigos, questionando o quanto, na realidade, a alimentação está relacionada com<br />

os dentes e com o crescimento da face. Enfatiza, portanto, que tais alterações já<br />

existiam na presença de outros padrões alimentares, os quais se imagina fossem<br />

mais adequados que os atuais.<br />

ROSSI (1986) destaca alguns hábitos deletérios como sucção de<br />

polegares, uso prolongado da chupeta, interposição de objetos (lápis, adornos de<br />

metal, etc), onicofagia como fatores determinantes de maloclusões.<br />

PRADO, GHERSEI, PETERS & OLIVEIRA (1996) , citados por<br />

ROSSI (1986), concordam que esses hábitos podem produzir efeitos nocivos na<br />

oclusão, instalando maloclusões leves ou severas, que serão determinadas pelo<br />

tempo, duração e intensidade do hábito.<br />

LINO (1992) acrescenta além desses fatores a predisposição indivi-<br />

dual, idade e também as condições de nutrição e saúde do indivíduo.<br />

18


KRAKAUER (1997) cita a observação de ANGLE (1907) onde a res-<br />

piração bucal seria a causa mais potente e constante da maloclusão, com atuação<br />

mais efetiva entre 3 e 14 anos de idade.<br />

RUBIN (1979) citado por KRAKAUER (1997) enfatiza os efeitos da<br />

respiração bucal sobre as estruturas dentofaciais, entre eles: alongamento facial,<br />

mordida aberta anterior, palato duro alto, ângulo do plano mandibular aumentado,<br />

maloclusão de Classe II de ANGLE.<br />

Considerando esses fatores como potencialmente causadores de<br />

maloclusões , ARAÚJO (1986) salienta a importância que deve ser dada a res-<br />

peito da predisposição ou resistência individuais.<br />

Haverá sempre indivíduos que, mesmo expostos às condições que<br />

supostamente levariam ao surgimento de uma maloclusão, não chegam a apre-<br />

sentar qualquer anomalia significante. Por outro lado, a recíproca também pode<br />

acontecer: indivíduos que aparentemente apresentam todas as condições para<br />

desenvolver uma oclusão dentária normal, diante da mínima ação de fatores etio-<br />

lógicos apresentam uma maloclusão.<br />

É importante salientar que poucas maloclusões têm uma única causa<br />

específica. A maloclusão é o resultado da interação de diversos fatores que afe-<br />

tam um sistema em desenvolvimento, o qual possui seu próprio padrão de cresci-<br />

mento.<br />

Como cita MOYERS (1979): “ As más oclusões se originam devido<br />

aos desequilíbrios entre os sistemas em desenvolvimento que formam o complexo<br />

craniofacial, desequilíbrios com os quais a face em crescimento não pode lutar”.<br />

2.5. Classificação das Maloclusões:<br />

A classificação de ANGLE(1907) tem sido utilizada até hoje pelos<br />

ortodontistas, por ser uma classificação fácil e abranger genericamente quase<br />

todos os tipos de maloclusões. ANGLE classifica-as em:<br />

a) Classe I: quando a cúspide mésio-vestibular do primeiro molar permanente<br />

superior oclui no sulco vestibular do primeiro molar permanente inferior (se-<br />

19


melhante à oclusão normal). Caracteriza-se por apresentar caninos e incisivos<br />

severamente apinhados.<br />

b) Classe II: caracteriza-se principalmente pela posição distal dos primeiros mola-<br />

res inferiores em relação aos superiores. É subdividida em:<br />

Classe II divisão 1, quando os quatro incisivos superiores se encontram à<br />

frente dos inferiores, criando uma sobressaliência.<br />

Classe II divisão 2, quando somente os incisivos laterais se encontram à frente<br />

dos inferiores, estando os incisivos centrais superiores numa posição bem ver-<br />

tical em relação aos inferiores.<br />

Poderá ser encontrada em ambas as divisões, a relação distal de molares infe-<br />

riores apenas de um lado, estando o outro com uma relação normal. A esses<br />

casos ANGLE acrescentou a denominação “sub-divisão”.<br />

c) Classe III, quando o primeiro molar inferior relaciona-se mesialmente com o<br />

superior, estando toda a arcada inferior colocada mesialmente em relação aos<br />

dentes superiores. Os incisivos superiores apresentam também severa inclina-<br />

ção lingual. Pode ser encontrada apenas de um lado, neste caso temos Classe<br />

III sub-divisão.<br />

Existem outras anomalias de oclusão, as quais ANGLE não descre-<br />

ve. ARAÚJO (1986) cita as mais comuns:<br />

a) Apinhamento dentário que pode ser devido a discrepância ósseo-dentária ne-<br />

gativa ou a perdas de espaço nas arcadas.<br />

b) Sobremordida (overbite): quando há um excessivo trespasse dos incisivos, no<br />

sentido vertical. Pode estar presente em quaisquer das classes da classifica-<br />

ção de ANGLE.<br />

c) Sobressaliência (overjet): caracteriza-se por um excessivo trespasse horizontal<br />

dos incisivos, estando os superiores à frente dos inferiores ou os inferiores<br />

atrás dos superiores. Aspecto típico nas maloclusões classe II, divisão 1 de<br />

ANGLE.<br />

d) Mordida aberta anterior: quando há falta de contato entre os incisivos no senti-<br />

do vertical. Pode ocorrer em quaisquer das classes de ANGLE, mais raramente<br />

na classe II, divisão 2.<br />

20


e) Mordida aberta posterior: mais rara, quase sempre decorre de colapsos de<br />

desenvolvimento alveolar na área dos premolares, porém podem advir de há-<br />

bitos como interposição de língua, objetos (cachimbos) e uma macroglossia.<br />

f) Cruzamentos: podem ser anteriores, posteriores, unilaterais e bilaterais, unitá-<br />

rios e setorias. Os fatores desencadeantes são diversos, podendo citar nas<br />

mordidas cruzadas anteriores: falta de desgaste fisiológico dos caninos decí-<br />

duos, hábitos de interposição do lábio inferior, uso incorreto de chupetas, trau-<br />

matismos na área anterior da maxila entre outros. Nas mordidas cruzadas<br />

posteriores: atresia maxilar, respiração bucal, erupção ectópica, interferência<br />

de cúspides, retenção prolongada de decíduos entre outros.<br />

Considerando esta classificação das maloclusões, alguns autores<br />

relacionam algumas alterações mastigatórias decorrentes de maloclusões.<br />

2.6. Alterações mastigatórias e maloclusões:<br />

PLANAS (1988) e SIMÕES (1985) afirmam que as mordidas cruza-<br />

das unilaterais são estabelecidas em grande parte na dentição decídua, quando o<br />

amadurecimento dos reflexos mastigatórios já sofreu influência das interferências<br />

oclusais.<br />

Geralmente se instalam por algum transtorno postural ao dormir, ou<br />

pela falta de desgaste natural dos dentes devido aos padrões alimentares atuais<br />

(alimentos mais moles). Com isso, desenvolvem um circuito patológico de reflexos<br />

mastigatórios viciosos e unilaterais.<br />

Sempre que isso ocorre, a função mastigatória será realizada pelo<br />

lado da mínima dimensão vertical, que é o lado cruzado.<br />

Uma vez instalado esse hábito, todo o sistema vai se adaptando a<br />

essa função patológica: há excitação somente da articulação temporomandibular<br />

do lado do balanceio (contrário ao da mastigação) e, muitas vezes pode haver<br />

uma maior atividade do músculo temporal posterior do lado do trabalho, propician-<br />

do deslocamentos consideráveis da mandíbula desse lado.<br />

Nas mordidas cruzadas bilaterais posteriores, os movimentos masti-<br />

gatórios estão bastante alterados. Não há lateralidade, os movimentos estão tra-<br />

21


vados de ambos os lados, há predominância de movimentos verticais. A língua<br />

amassa o alimento contra o palato e as partes laterais superiores da mandíbula<br />

(SIMÕES, 1985).<br />

Nas mordidas cruzadas bilaterais totais, os movimentos são predo-<br />

minantemente antero-posteriores. A língua amassa o alimento, pressionando mais<br />

de um lado que do outro, quando há desvios de linha média.<br />

BRANDT e RUTH (1982), citados por MONGINI (1988), observaram<br />

em crianças com mordida cruzada posterior unilateral, que a maioria dos choques<br />

mastigatórios eram anormais. O número de padrões normais era significativa-<br />

mente maior do lado normal do que no lado de mordida cruzada. Após a correção<br />

da mordida cruzada, um padrão bem mais regular de movimentos mastigatórios foi<br />

relatado.<br />

AHLGREN (1982) descreveu tipos distintos de ciclos mastigatórios fi-<br />

siológicos. Não foi encontrada nenhuma correlação absoluta entre os tipos de ci-<br />

clos mastigatórios e os diversos tipos de maloclusões, embora a oclusão e o tipo<br />

de alimento influenciem os movimentos mastigatórios.<br />

Na maloclusão Classe III de ANGLE com prognatismo, os movimen-<br />

tos são predominantemente verticais e têm pouco ou nenhum componente lateral.<br />

O mesmo padrão foi relatado por ATKINSON & SHEPHERD (1967), citados por<br />

MONGINI (1988), em portadores de prótese completa.<br />

Nas maloclusões, os movimentos mastigatórios são irregulares. Além<br />

disso, o movimento de fechamento vertical frequentemente é limitado e pára antes<br />

de ocorrer a máxima intercuspidação.<br />

Pacientes portadores de disfunção na articulação temporomandibular<br />

podem desenvolver uma mastigação unilateral como resultado de uma ação pro-<br />

tetora ou contensora dos músculos mandibulares. Tais pacientes preferem masti-<br />

gar no lado da articulação dolorosa, pois há mais pressão no côndilo do lado do<br />

balanceio do que no côndilo do lado do trabalho durante o ciclo mastigatório<br />

(RAMFJORD & ASH.1984).<br />

22


Já BIANCHINI(1998) constatou, em sua pesquisa com 51 adultos<br />

portadores de disfunção na articulação temporomandibular, que não há relação<br />

significante entre a preferência mastigatória e o lado da dor.<br />

JARABAK(1956), SHORE(1959,1960), MURPHY(1967) e<br />

MORDH(1974), citados por BIANCHINI(1998), afirmam que a harmonia funcional<br />

deve-se ao equilíbrio de pelo menos três fatores: a oclusão, a situação muscular e<br />

as condições das ATMs, não se limitando apenas à última condição.<br />

sobre a mastigação:<br />

Após esta revisão de literatura, podemos citar algumas conclusões<br />

• A mastigação bilateral alternada, ampla e irrestrita é fundamental para manter<br />

o equilíbrio oclusal.<br />

• A mastigação unilateral não é a função ideal pela tendência de desenvolver<br />

desarmonia oclusal crescentemente severa e de não propiciar estímulos a to-<br />

dos os componentes do sistema estomatognático.<br />

• O padrão unilateral de mastigação pode ocorrer sem necessariamente apre-<br />

sentar sinais e sintomas significantes para o indivíduo.<br />

• O padrão de mastigação unilateral é o mais encontrado na população devido,<br />

principalmente, ao padrão da alimentação atual, que provoca menos demanda<br />

funcional. Pode também, estar relacionado com alterações na oclusão.<br />

• Entre as maloclusões pesquisadas, encontram-se alterações mastigatórias nas<br />

mordidas cruzadas unilaterais e bilaterais, na CLASSI III de ANGLE com prog-<br />

natismo, nas disfunções temporomandibulares.<br />

• A mastigação dependerá das características apresentadas pelo indivíduo (bio-<br />

tipo, oclusão, doenças ou tratamentos odontológicos realizados, idade) e do<br />

alimento que é ingerido.<br />

• Por ser uma função aprendida, a mastigação uma vez instalada, torna-se au-<br />

tomática. O indivíduo só prestará atenção em sua mastigação diante de algu-<br />

ma insatisfação tal como dor ou incômodo. Diante dessa situação, ele poderá<br />

buscar uma solução para o problema ou realizar algum mecanismo adaptativo,<br />

provocando uma alteração no seu padrão mastigatório.<br />

23


3. AVALIAÇÃO DA <strong>MASTIGAÇÃO</strong> NAS MALOCLUSÕES:<br />

3.1. Material e método:<br />

O objetivo desta pesquisa é fazer uma análise do padrão mastigató-<br />

rio encontrado nos diferentes tipos de maloclusão.<br />

Para tanto foram avaliados 38 sujeitos de ambos os sexos, todos<br />

pacientes de clínicas ortodônticas (a maior parte do Curso de Especialização em<br />

Ortodontia da UNOESTE e clínicas particulares, todas em Presidente Prudente),<br />

que reuniam as seguintes condições:<br />

- dentição permanente e saudável.<br />

- portador de algum tipo de maloclusão.<br />

- não ter realizado tratamento ortopédico dos maxilares ou ortodôntico.<br />

- não ter realizado terapia fonoaudiológica em motricidade oral.<br />

A amostra utilizada consistiu em 38 sujeitos, 21 mulheres e 17 ho-<br />

mens entre 11 e 29 anos de idade, com maior ocorrência na faixa etária de 12 e 14<br />

anos.<br />

Todos os sujeitos foram submetidos a um questionário (Anexo1),<br />

avaliação ortodôntica ( Anexo 2) e avaliação fonoaudiológica da função mastigató-<br />

ria ( Anexo 3).<br />

Os dados obtidos na avaliação ortodôntica foram coletados na do-<br />

cumentação odontológica do paciente e, quando necessário, através de contato<br />

pessoal com o ortodontista.<br />

Para análise das maloclusões foi utilizada a classificação de ANGLE<br />

(CLASSE I, CLASSE II divisão 1, CLASSE II divisão 2, CLASSE III) associadas a<br />

outras anomalias dentárias: apinhamento, sobremordida, sobressaliência, mordida<br />

aberta anterior, mordida aberta posterior e cruzamentos.<br />

Na avaliação fonoaudiológica, os sujeitos foram filmados por uma<br />

câmera de vídeo SONY HANDYCAM, na posição sentada, focalizando somente a<br />

região da cabeça e pescoço.<br />

24


Os sujeitos deveriam comer a metade de um pão francês. Primeira-<br />

mente deveriam mastigar do modo habitual. Num segundo momento deveriam<br />

mastigar somente de um lado, depois somente do outro e finalmente comer nor-<br />

malmente. Foi perguntado se havia diferença nos diferentes momentos e se o su-<br />

jeito mostrava preferência por um dos lados.<br />

Foram analisados:<br />

- o padrão de mastigação: unilateral ou bilateral.<br />

- os movimentos apresentados durante a mastigação: verticais, laterais ou am-<br />

bos.<br />

Os pais ou responsáveis assinaram previamente uma autorização<br />

para a realização da filmagem.<br />

3.2. Resultados:<br />

Foram analisados 38 sujeitos, todos portadores de maloclusão, a sa-<br />

ber: 6 com CLASSE I; 16 com CLASSE II divisão 1; 10 com CLASSE II divisão 2;<br />

6 com CLASSE III.<br />

Maloclusão<br />

TABELA 1.<br />

Padrão mastigatório nos indivíduos portadores de CLASSE I.<br />

Padrão<br />

UNILATERAL BILATERAL TOTAL<br />

2 2<br />

Com apinhamento 2 2<br />

Com apinhamento +<br />

MC Anterior / Unilateral<br />

MA Anterior +<br />

MC Posterior / Unilateral<br />

1 1<br />

25<br />

1 1


Maloclusão<br />

Movimentos<br />

VERTICAIS LATERAIS AMBOS TOTAL<br />

26<br />

2 2<br />

Com apinhamento 2 2<br />

Com apinhamento +<br />

MC Anterior / Unilateral<br />

MA Anterior +<br />

MC Posterior / Unilateral<br />

1 1<br />

1 1<br />

Dos 6 portadores de CLASSE I ,3 apresentaram padrão bilateral de<br />

mastigação com movimentos verticais e laterais. Destes, os portadores de api-<br />

nhamento apresentaram movimentos verticais e laterais. O portador de mordida<br />

aberta anterior (MA Anterior) com mordida cruzada (MC) unilateral posterior ape-<br />

sar do padrão bilateral, demonstrou preferência pelo lado oposto ao cruzado.<br />

Cabe aqui colocar que este sujeito apresentou queixa de dores na ATM do lado<br />

que mastigava mais.<br />

O portador de Mordida Cruzada (MC) unilateral anterior apresentou<br />

um padrão unilateral (do lado não cruzado) apenas com movimentos verticais.<br />

Este sujeito apresenta agenesia do 2 o molar inferior e superior do lado cruzado, ou<br />

seja, oposto ao que mastiga.<br />

Já os que tem CLASSE I sem outra má oclusão associada, apre-<br />

sentaram um padrão unilateral com predominância de movimentos laterais. Cabe<br />

ressaltar que no momento que foi solicitado para mastigar somente de um lado e<br />

depois do outro, não notaram diferença .<br />

Nesta amostra notamos 50% com padrão unilateral e 50% com pa-<br />

drão bilateral de mastigação, com variação dos movimentos, predominando os<br />

laterais.<br />

TABELA 2.<br />

Padrão mastigatório nos indivíduos portadores de CLASSE II divisão 1.


Padrão<br />

Maloclusão<br />

Unilateral Bilateral TOTAL<br />

Sobressaliência 1 1<br />

MC unilateral/posterior +<br />

sobressaliência<br />

27<br />

1 1<br />

MC bilateral/posterior 1 1<br />

Sobremordida 1 1<br />

Apinhamento +Sobremordida 1 2 3<br />

MA. Anterior 1 2 3<br />

MA. Anterior +<br />

MC unilateral/posterior<br />

1 1<br />

Apinhamento 1 1<br />

Sobremordida +<br />

Sobressaliência<br />

Apinhamento +<br />

MC unilateral/posterior<br />

Maloclusão<br />

Movimentos<br />

3 3<br />

1 1<br />

VERTICAIS LATERAIS AMBOS TOTAL<br />

Sobressaliência 1 1<br />

MC unilateral/posterior +<br />

sobressaliência<br />

1 1<br />

MC bilateral/posterior 1 1<br />

Sobremordida 1 1<br />

Apinhamento +<br />

sobremordida<br />

2 1 3<br />

MA anterior 3 3<br />

MA. Anterior +<br />

MC unilateral/posterior<br />

1 1<br />

Apinhamento 1 1<br />

Sobremordida +<br />

Sobressaliência<br />

Apinhamento +<br />

MC unilateral/posterior<br />

2 1 3<br />

1 1<br />

Dos 16 portadores de CLASSE II divisão 1, 11 sujeitos apresentaram<br />

um padrão bilateral de mastigação , porém, 6 relatam a preferência por um dos<br />

lados.


Nas mordidas cruzadas (MC) unilaterais posteriores predomina o<br />

padrão unilateral, do lado cruzado, no indivíduo que apresentou padrão bilateral,<br />

há preferência pelo lado cruzado.<br />

Na mordida cruzada bilateral posterior há um padrão unilateral, po-<br />

rém, quando solicitado para mastigar somente de um lado e depois do outro, não<br />

foi relatada diferença.<br />

Há predomínio de movimentos verticais nas mordidas cruzadas, com<br />

uma exceção que apresentou movimentos laterais.<br />

Nas sobremordidas e também quando associadas à sobressaliência<br />

e apinhamentos predomina o padrão bilateral de mastigação (6), com preferência<br />

em 3 casos de um lado. Quanto aos movimentos, na quase totalidade, predomi-<br />

nam os verticais (5) contra 1 que apresentou ambos.<br />

Nas mordidas abertas (MA) anteriores, há padrão bilateral em 2 ca-<br />

sos, porém com preferência por um lado e padrão unilateral em 1 caso. Os movi-<br />

mentos verticais ocorreram nos 3 casos.<br />

Onde ocorre apinhamento, há padrão bilateral com movimentos late-<br />

rais; onde ocorre sobressaliência, há padrão bilateral com preferência de um lado,<br />

e ambos os movimentos, com predomínio dos verticais.<br />

Nos portadores de CLASSE II divisão 1 há predomínio do padrão<br />

bilateral de mastigação (69%) com movimentos verticais (69%).<br />

TABELA 3.<br />

Padrão mastigatório nos indivíduos portadores de CLASSE II divisão 2.<br />

Padrão<br />

Maloclusão<br />

Sobremordida +<br />

Apinhamento<br />

UNILATERAL BILATERAL TOTAL<br />

1 6 7<br />

Sobremordida 1 1<br />

MA Anterior +<br />

Apinhamento<br />

28<br />

1 1<br />

MA Anterior 1 1


Movimentos<br />

Maloclusão<br />

Sobremordida +<br />

Apinhamento<br />

VERTICAIS LATERAIS AMBOS TOTAL<br />

5 2 7<br />

Sobremordida 1 1<br />

MA Anterior +<br />

Apinhamento<br />

1 1<br />

MA Anterior 1 1<br />

Dos 10 portadores de CLASSE II divisão 2, 9 apresentaram o padrão<br />

bilateral de mastigação, sendo que destes, 4 relataram preferência por um lado<br />

(casos de sobremordida e apinhamento). Apenas um caso apresentou mastigação<br />

unilateral.<br />

Há predomínio dos movimentos verticais (7 casos). Há presença de<br />

ambos os movimentos em apenas 3 indivíduos, sendo que no portador de mordi-<br />

da aberta (MA) anterior há maior incidência dos verticais.<br />

Nos portadores de CLASSE II divisão 2 predominou o padrão bilate-<br />

ral de mastigação (90%) com movimentos verticais (70%).<br />

Maloclusão<br />

TABELA 4.<br />

Padrão mastigatório nos indivíduos portadores de CLASSE III.<br />

Padrão<br />

Unilateral Bilateral TOTAL<br />

Apinhamento 1 1<br />

Apinhamento +<br />

MC Unilateral / Posterior<br />

29<br />

1 1<br />

MC Unilateral / Posterior 1 1<br />

MA Anterior 2 2<br />

MA Anterior / Posterior +<br />

MC Bilateral<br />

Maloclusão<br />

Movimentos<br />

1 1<br />

Verticais Laterais Ambos TOTAL<br />

Apinhamento 1 1<br />

Apinhamento +<br />

MC Unilateral / Posterior<br />

1 1<br />

MC Unilateral / Posterior 1 1<br />

MA Anterior 2 2<br />

MA Anterior / Posterior +<br />

MC Bilateral<br />

1 1


Nos 6 portadores de CLASSE III há predomínio do padrão bilateral<br />

de mastigação (4 casos). No apinhamento com mordida cruzada unilateral poste-<br />

rior, apesar de apresentar padrão bilateral, há preferência pelo lado cruzado, o<br />

mesmo ocorre nos portadores de mordida aberta (MA) anterior.<br />

Quanto aos movimentos, prevalecem os verticais (4 casos), ocorren-<br />

do somente movimentos laterais no portador de apinhamento e ambos os movi-<br />

mentos no portador de apinhamento com MC unilateral posterior.<br />

Nos portadores de CLASSE III predominou o padrão bilateral de<br />

mastigação (66,5%) com movimentos verticais (66,5%).<br />

30


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:<br />

Atualmente verificamos uma demanda muito grande de pacientes<br />

indicados por ortodontistas para fonoterapia.<br />

Na fonoterapia como na ortodontia e ortopedia funcional dos maxila-<br />

res, o objetivo é restabelecer o equilíbrio do sistema estomatognático.<br />

Trabalha-se na fonoterapia com as funções de sucção, respiração,<br />

mastigação e deglutição, visando restabelecer o equilíbrio.<br />

Em minha experiência clínica como fonoterapeuta, ao trabalhar as<br />

funções de sucção, respiração, mastigação, deglutição e articulação, visando res-<br />

tabelecer o equilíbrio do sistema estomatognático, muitas vezes me deparei com<br />

algumas dúvidas no trabalho com a função mastigatória:<br />

• Deve-se trabalhar sempre com todos os pacientes esta função, visando a um<br />

padrão bilateral com movimentos alternados?<br />

• Existiriam limitações oclusais que impediriam a aquisição de um padrão corre-<br />

to?<br />

• Dever-se-ia trabalhar esta função sempre após corrigida a maloclusão?<br />

• Poderíamos, então, considerar a mastigação atípica ou adaptada numa avalia-<br />

ção?<br />

Com a intenção de responder a estas perguntas, fui buscar na lite-<br />

ratura específica um maior aprofundamento sobre a mastigação e sua relação<br />

com as maloclusões, bem como tive a oportunidade de verificar em 38 sujeitos<br />

portadores de maloclusão o padrão mastigatório por eles apresentados. As malo-<br />

clusões apresentadas foram CLASSE I, CLASSE II e CLASSE III de ANGLE asso-<br />

ciadas a outras interferências oclusais.<br />

A seguir tecerei alguns comentários sobre os resultados obtidos na<br />

pesquisa, confrontando-os com a opinião dos autores estudados.<br />

31


PLANAS (1972) enfatiza que nas mordidas cruzadas unilaterais<br />

posteriores a função mastigatória é realizada pelo lado cruzado, segundo a “Lei da<br />

mínima dimensão vertical”.<br />

Dos 6 sujeitos avaliados que apresentaram mordida cruzada unila-<br />

teral posterior, encontramos o seguinte padrão:<br />

• No portador de CLASSE I, apesar de ter apresentado um padrão bilateral de<br />

mastigação, demonstrou preferência pelo lado não cruzado, com predominân-<br />

cia de movimentos verticais. Cabe relatar que o sujeito apresentou queixa de<br />

dores na articulação temporomandibular do lado que mastiga mais, ou seja,<br />

contrário ao lado cruzado.<br />

• Nos três portadores de CLASSE II, predominou o padrão unilateral do lado<br />

cruzado, no indivíduo que apresentou padrão bilateral foi relatada a preferên-<br />

cia pelo lado cruzado. Os movimentos verticais foram predominantes em dois<br />

casos, no outro houve predomínio de movimentos laterais, porém, do lado do<br />

balanceio, pois a mastigação é unilateral.<br />

• Nos dois portadores de CLASSE III, um apresentou padrão bilateral, com a<br />

presença de ambos os movimentos, porém demonstrou preferência pelo lado<br />

cruzado; o outro apresentou padrão unilateral do lado cruzado, com predomí-<br />

nio de movimentos verticais.<br />

Nota-se, portanto, nas mordidas cruzadas unilaterais posteriores, um<br />

predomínio do padrão unilateral do lado cruzado, de acordo com a “lei de PLA-<br />

NAS”, porém, deveria ser pesquisado mais sobre este padrão, uma vez que houve<br />

ocorrência de mastigação bilateral com a presença de movimentos laterais.<br />

SIMÕES (1985) analisa que na mordidas cruzadas bilaterais posteri-<br />

ores, não há lateralidade, uma vez que os movimentos estão travados de ambos<br />

os lados, predominando os movimentos verticais, o que pôde ser constatado nos<br />

dois portadores desta maloclusão avaliados, ambos apresentaram movimentos<br />

verticais, apesar de ocorrer mastigação unilateral num dos casos.<br />

• No portador de CLASSE II, apesar de ter apresentado um padrão unilateral,<br />

houve predomínio dos movimentos verticais.<br />

32


• No portador de CLASSE III ocorreu o padrão bilateral com movimentos verti-<br />

cais, apresentando uma mastigação simultânea.<br />

Nas mordidas abertas anteriores ( 8 casos) verificou-se a predomi-<br />

nância do padrão bilateral de mastigação (apenas uma ocorrência do padrão uni-<br />

lateral) com movimentos verticais.<br />

Nas sobremordidas, em indivíduos portadores de CLASSE II, ( 15<br />

casos) verificou-se a predominância do padrão bilateral com movimentos verticais.<br />

Nas sobressaliências, em indivíduos portadores de CLASSE II, (6<br />

casos) verificou-se a predominância do padrão bilateral com movimentos verticais,<br />

apenas 2 sujeitos apresentaram ambos os movimentos.<br />

Segundo a classificação de ANGLE podemos fazer os seguintes co-<br />

mentários quanto ao padrão mastigatório encontrado nos indivíduos pesquisados:<br />

• CLASSE I : 50% apresentaram padrão bilateral e 50% padrão unilateral, com<br />

predominância dos movimentos laterais ou a presença de ambos os movi-<br />

mentos.<br />

• CLASSE II divisão 1: 69% apresentaram padrão bilateral, com predominância<br />

dos movimentos verticais (69%).<br />

• CLASSE II divisão 2: 90% apresentaram padrão bilateral com predominância<br />

dos movimentos verticais (70%).<br />

• CLASSE III : 66,5% apresentaram padrão bilateral com predominância dos<br />

movimentos verticais (66,5%).<br />

Dos 38 sujeitos avaliados apenas 4 apresentaram queixa de dores<br />

na articulação temporomandibular.<br />

articulação dolorosa.<br />

Destes, 2 apresentaram padrão unilateral de mastigação do lado da<br />

Segundo RAMFJORD & ASH,1984), nos portadores de disfunção na<br />

articulação temporomandibular, há preferência pela mastigação do lado da articu-<br />

lação dolorosa como resultado de uma ação protetora ou contensora dos múscu-<br />

los mandibulares.<br />

Por outro lado, um indivíduo apresentou padrão unilateral do lado<br />

oposto à articulação dolorosa, e um terceiro apresentou padrão bilateral, queixan-<br />

33


do-se de dor em ambos os lados. Este dado vem de encontro com os resultados<br />

obtidos por BIANCHINI (98), que não encontrou relação significante entre a prefe-<br />

rência mastigatória e o lado da articulação dolorosa.<br />

Ao final deste estudo, chama-nos atenção a grande incidência do<br />

padrão bilateral de mastigação apresentado nos indivíduos portadores de malo-<br />

clusão, levando-nos a acreditar que o padrão unilateral nem sempre é devido a<br />

uma alteração na oclusão, concordando com as afirmações de MANNS (1988),<br />

DUBNER (1978), POND (1986) e WILDING (1993) que os fatores oclusais não<br />

têm uma correlação significante com o lado preferencial de mastigação.<br />

Deve-se ressaltar que apesar do padrão bilateral, a grande maioria<br />

dos indivíduos avaliados mostrou um lado preferencial.<br />

Quanto aos movimentos mastigatórios, podemos concluir, pela gran-<br />

de incidência dos verticais, que as maloclusões propiciam o desenvolvimento<br />

deste padrão, o que é relatado por muitos dos autores pesquisados. SIMÕES<br />

(1985) analisa que nas mordidas cruzadas não há lateralidade nos movimentos<br />

mastigatórios devido ao travamento uni ou bilateral. MONGINI (1988) descreve<br />

que nas maloclusões CLASSE III de ANGLE os movimentos são predominante-<br />

mente verticais.<br />

Com este estudo aprofundei meus conhecimentos sobre a função<br />

mastigatória, compreendendo mais sobre a importância desta função no desen-<br />

volvimento do sistema estomatognático. Alertou-me quanto a outras causas que<br />

interferem no padrão mastigatório, que não a maloclusão, como a respiração bu-<br />

cal, ausência de movimentos laterais de língua (na presença de uma língua hipo-<br />

funcionante), a consistência da alimentação atual entre outros.<br />

Chamou-me atenção a grande incidência do padrão bilateral encon-<br />

trado nas diferentes maloclusões, pois até então esperava encontrar uma ocor-<br />

rência maior do padrão unilateral.<br />

Percebe-se, neste estudo, que há uma predominância por um dos<br />

lados na mastigação independente da maloclusão, o que nos leva a questionar:<br />

haveria uma dominância lateral para a função mastigatória?<br />

34


Em minha pesquisa não encontrei relação significante quanto à late-<br />

ralidade manual (destro ou canhoto) e a preferência mastigatória.<br />

A partir deste estudo, sinto a necessidade de pesquisar mais sobre o<br />

padrão mastigatório encontrado nas maloclusões.<br />

Estou dando continuidade a minha pesquisa inicial, na qual foram<br />

separados 20 sujeitos portadores de CLASSE II de ANGLE, dos 38 avaliados.<br />

maio/99.<br />

Todos iniciaram tratamento ortodôntico (técnica de RICKETS) em<br />

Destes, 10 fazem parte de um grupo controle, os quais estão rece-<br />

bendo apenas tratamento ortodôntico. Os 10 restantes, além do tratamento orto-<br />

dôntico, estão recebendo orientação fonoaudiológica quanto às funções alteradas,<br />

em especial a mastigação.<br />

Ao término do tratamento ortodôntico (prazo aproximado de 2 anos),<br />

os 20 sujeitos serão novamente avaliados quanto a função mastigatória. Podere-<br />

mos verificar em qual grupo as mudanças foram mais significativas e, indepen-<br />

dente da orientação fonoaudiológica, se houve mudança no padrão mastigatório<br />

após corrigida a maloclusão.<br />

35


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

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THEWS,B. eds. Mastigação. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1982.p.127-<br />

39.<br />

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286p.<br />

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo].<br />

36


MANDETTA,S. - Causas da mastigação unilateral e importância do ajuste oclusal<br />

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A influencia da alimentação no crescimento e desenvolvimento craniofa-<br />

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RAMFJORD, S. & ASH, M.M. Oclusão. Rio de Janeiro, Interamericana, 1984.<br />

422p.<br />

37


RILO,B.; SILVA,J.L.; GUDE,F.; SANTANA;U. – Mioelectric activity during unilateral<br />

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SANTIAGO JUNIOR, O. - Incidência de mastigação unilateral em crianças com<br />

dentição decídua e dentição mista em estágio inicial com alimentos fibrosos e<br />

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SCHWARTZ,E. - Etiologia da má oclusão. In: PETRELLI,E.: Ortodontia para fo-<br />

noaudiologia. Curitiba, Lovise. p.97-09.<br />

SIMÕES, W.A. Ortopedia funcional dos maxilares vista através da reabilita-<br />

ção neuro-oclusal. São Paulo. 794p.<br />

VAN DER LAAN, T. – A importância da amamentação no desenvolvimento facial<br />

infantil. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 7:(1) 03-05, 1995.<br />

38


6. Anexos:<br />

ANEXO 1:<br />

QUESTIONÁRIO:<br />

1) Nome:<br />

Data de nascimento: Idade:<br />

Sexo: M ( ) F ( ) Lateralidade: destro ( ) canhoto ( )<br />

2) Você costuma ir ao dentista com frequência?<br />

3) Você já fez tratamento ortodôntico?<br />

4) Você já fez tratamento fonoaudiológico em motricidade oral?<br />

5) Você fez obturações recentes?<br />

( ) lado direito ( ) lado esquerdo ( ) ambos<br />

6) Você tem ou já teve dor de dente?<br />

( ) lado direito ( ) lado esquerdo ( ) ambos<br />

7) Você tem dores ou estalos na Articulação Temporomandibular?<br />

( ) lado direito ( ) lado esquerdo ( ) ambos<br />

8) Hábitos deletérios:<br />

( ) chupeta ( ) rói unhas<br />

( ) dedo ( ) suga bochechas<br />

( ) lápis ( ) suga lábios<br />

39


ANEXO 2:<br />

AVALIAÇÃO ORTODÔNTICA:<br />

1) Dentição: ( ) mista ( ) permanente<br />

2) Saúde bucal: ( ) boa ( ) regular ( ) deficiente<br />

3) Respiração: ( ) nasal ( ) bucal ( ) mista<br />

4) Presença de: ( ) agenesias ( ) extrações ( ) supranumerários<br />

5) Relação molar: ( ) Classe I ( ) Classe II 1 ( ) Classe II 2 ( ) Classe<br />

III<br />

6) Presença de: ( ) sobremordida ( ) sobressaliência ( ) apinhamentos<br />

7) Mordida aberta: ( ) anterior ( ) posterior<br />

8) Mordida cruzada: ( ) unilateral D ( ) unilateral E ( ) bilateral<br />

( ) posterior ( ) anterior<br />

9) Desvios de linha mediana ( ) maxila ( ) mandíbula<br />

10) Tipologia facial: ( ) dolicofacial ( ) braquifacial ( ) mesofacial<br />

11) Apresenta problemas na Articulação Temporomandibular?<br />

( ) lado D ( ) lado E ( ) ambos<br />

40


ANEXO 3:<br />

AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA:<br />

1) Corta o alimento com: ( ) mãos ( ) dentes incisivos ( ) dentes laterais<br />

2) Mastigação: ( ) unilateral ( ) bilateral<br />

3) Movimentos: ( ) laterais ( ) verticais ( ) ambos<br />

4) Mastigação somente do lado direito:<br />

5) Mastigação somente do lado esquerdo:<br />

6) Apresenta ruídos ao mastigar?<br />

7) Quantidade de alimento: ( ) pouca ( ) muita ( ) normal<br />

8) Ritmo: ( ) muito devagar ( ) muito rápido ( ) normal<br />

9) Limitação dos movimentos de abertura?<br />

41

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