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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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Na tragédia de Jahnn, aparece um aspecto novo na recepção do<br />

mito. Medeia é dotada não somente com os atributos de um ser detentor<br />

de poderes sobrenaturais, ela entra em cena como artista plástica, como<br />

escultora. Não é por acaso que um vocabulário relativo à arte está<br />

presente em sua fala; 86 com algum direito ela pode considerar Jasão<br />

rejuvenescido como uma de suas criações. Como escultora, Medeia<br />

modela (com bruxaria?, feitiço?) o corpo jovem de Jasão e de seus<br />

filhos. Recusa o pedido de Jasão para pôr fim a sua juventude eterna,<br />

por cuidar da totalidade e continuidade de sua obra de arte:<br />

MEDEA: Nichts deines Leibes will ich Stückweis.<br />

Keins deiner Glieder. Kann ich das Bild<br />

zerstören, das ich selbst geschaffen?<br />

Nicht feilschen will ich, abbrechen Quader<br />

von meinem Heiligtume nicht. (Jahnn, 1988: 824)<br />

MEDEIA:Não quero somente uma parte do teu corpo.<br />

Nenhum dos teus membros. Posso destruir<br />

a imagem que eu própria criei?<br />

Não quero negociar, nem quero retirar pedras<br />

do meu santuário.<br />

Por fim, quando o olhar de Medeia se debruça sobre os corpos<br />

dos filhos que matou, ela não os vê moribundos; vislumbra, porém,<br />

estátuas de mármore:<br />

MEDEA: Ich hab das Letzte ausgekostet,<br />

Zug um Zug: wie ihre Adern sich<br />

am schlanken Hals bewegten, sich meisselten<br />

in tiefen Schatten ihre Brüste,<br />

das letzte Zucken ihres Bauches<br />

sie bis ins Innerste entblösste. (Jahnn, 1988: 845)<br />

MEDEIA: Saboreei esse espasmo,<br />

traço a traço: como suas veias<br />

fremiam em seus pescoços graciosos, como profundas<br />

sombras se entalhavam em seus peitos,<br />

como o último frêmito de seu ventre<br />

os desnudou até o fundo da alma.<br />

86<br />

Cf.: Jahnn: Medea, p. 778, 779, 785, 789, 799, 813, 823, 824, 840 e 845.<br />

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