Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...
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abtrennte Ohren, Nase, Kinn<br />
und Augen riss sie aus dem Leichnam,<br />
warf das Zerstückte in das Meer.<br />
Und alle süssen Eingeweide riss sie<br />
aus ihrem Sitz, zerstückte sie<br />
und warf sie in das Meer. Und was<br />
sie einst entzückte, zerrissen in die Flut. (Jahnn, 1988: 827)<br />
MEDEIA: [...] ela pegou o irmão [...]<br />
e lhe arrancou o coração. E o lançou<br />
às águas verdes do mar [...]<br />
E cortou as mãos do corpo morto e lhes cortou<br />
os dedos, um depois do outro, e lançou os pedaços<br />
às águas vermelhas do mar coagulado. E cortou<br />
os pés do corpo morto e lhes cortou<br />
os dedos, um depois do outro, e cortou, cortou fora<br />
a cabeça do pescoço, arrancou a língua,<br />
separou as orelhas, o nariz, o queixo,<br />
e arrancou os olhos do cadáver,<br />
e lançou os pedaços às águas do mar.<br />
E todas as vísceras macias ela arrancou<br />
do ventre morto, as cortou<br />
e as lançou ao mar. E tudo o que<br />
até há pouco a encantava, agora se encontrava cortado,<br />
despedaçado e espalhado nas ondas do mar.<br />
Com essa dicção Jahnn encontra, não somente do ponto de vista<br />
do conteúdo, mas também a nível formal, uma correspondência para<br />
esses destinos de tormento presentes já no drama antigo, e desenvolve, a<br />
partir daí, uma linguagem teatral monumental e arcaica.<br />
Prescindindo de apresentações diretas de violência, pode-se<br />
observar como Jahnn concebeu seus dramas, entre eles Medeia, como<br />
“teatro radical da palavra” (radikales Worttheater) 85 . Voltamos a repetir:<br />
nenhuma das atrocidades é apresentada cenicamente; porém, são<br />
ouvidas única e exclusivamente como relatos dos mensageiros ou como<br />
um olhar retrospectivo desenvolvido na própria linguagem.<br />
85<br />
Lehmann, Hans-Thies, “Jahnns Texte – Welches Theater”. In: Hartmut<br />
Böhme/Uwe Schweikert (orgs.). Archaische Moderne. Der Dichter,<br />
Architekt und Orgelbauer Hans Henny Jahnn. Stuttgart: 1996, p. 133.<br />
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