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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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OS ESCRAVOS: Senhor, Soberano dos deuses, Ser radiante!<br />

Senhor, Soberano dos deuses, Ser perfeito!<br />

Soberano dos deuses e da criação, Origem do mundo,<br />

perfeito em todas as dignidades de Soberano,<br />

Tu que passeias vestido com manto de príncipe,<br />

jovem touro vigoroso com chifres grossos,<br />

fruto gerado de si próprio,<br />

de porte altivo, em cuja majestade<br />

ninguém sacia o olhar. Corpo materno,<br />

matriz do universo, que perto dos vivos<br />

tem uma morada radiante.<br />

Ser misericordioso, cuja divindade é como<br />

o mar vasto e cheio de fertilidade.<br />

Criador dos deuses e dos homens, Ser primeiro, forte,<br />

de quem nenhum deus conhece o coração,<br />

Ancestral desta casa! Para onde<br />

diriges teu olhar, reina harmonia.<br />

Logo que tua palavra ressoa sobre a terra, as plantas brotam.<br />

Logo que tua palavra atravessa os ares como uma tempestade,<br />

as pastagens e os bebedouros abundam.<br />

Tua palavra é o céu longínquo, a terra oculta,<br />

que ninguém decifra. Quem conhece a tua palavra?<br />

Senhor radiante, lança um olhar sobre tua casa,<br />

olha tua neta, seus filhos,<br />

seus servos e seus escravos!<br />

Com os hinos, o coro evoca uma imagem contrária à vida sem<br />

deuses e mitos dos habitantes de Corinto. Formando essa estrutura, o<br />

texto apresenta pares de oposições como: ver/não-ver e<br />

claridade/escuridão, oposições como Corinto/Cólquida, gregos/bárbaros,<br />

Europa/África, temporalidade/atemporalidade, sexualidade incestuosamítica<br />

(Medeia/seu irmão) e sexualidade instintiva humana<br />

(Medeia/Jasão), natureza/arte, homem/deuses. A Medeia de pele escura<br />

vive numa “sala negra do templo” (“schwarze Tempelhalle”) (Jahnn,<br />

1988: 826). Depois de Jasão, que anseia por “luz” (“Weil ich zum Licht<br />

mich sehne”) (Jahnn, 1988: 819), abandonar Medeia, ela passa a viver<br />

como um “fantasma noturno” (“Nachtgespenst”) (Jahnn, 1988: 829) em<br />

“aposentos sufocantes que, há muito, soçobrados na tristeza,<br />

escureceram-se” (“verdumpften Gemächern, die längst, in Trauer<br />

versunken, sich schwärzten”) (Jahnn, 1988: 782).<br />

Construções elípticas corroboram o efeito arcaizante:<br />

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