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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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egípcio. 29 Ao lado dos encantamentos e bruxarias de Medeia, surgem<br />

temas tabu como o incesto, o amor homossexual e o amor entre irmãos.<br />

Jahnn nos apresenta uma Medeia mundana, uma mulher comum,<br />

corpórea e humana, mas nela encarnam energias cósmicas, ela é a<br />

“grande mãe” 30 , matriz do universo e força destrutiva simultaneamente,<br />

símbolo das forças que para Jahnn presidem todo destino. Ele lhe<br />

restaura, dessa forma, uma grandeza mítica, como que surgida do<br />

subconsciente.<br />

Os filhos de Medeia também assumem papéis centrais com seus<br />

muitos diálogos e colaboram, sensivelmente, com o desenvolvimento<br />

trágico do drama. No diálogo de abertura da peça, referem-se a um dos<br />

temas centrais: o rejuvenescimento, ou melhor, o envelhecimento.<br />

Assim, o filho caçula acha que “permanecerá, para sempre, um<br />

garoto” 31 .<br />

Julia Kristeva escreve que os primeiros estrangeiros a aparecerem<br />

em nossa cultura literária – na tragédia da Antiguidade – são mulheres. 32<br />

Medeia é mulher. Medeia é estrangeira. Jasão a levou da distante<br />

Cólquida para Corinto, na Grécia. Medeia confronta a cultura grega com<br />

29 “Die Fabeln um die Kolcherin Medea gehören in diesem Zusammenhang wie<br />

das Gilgameschepos der Babylonier […]. Wie der Mythos der Ägypter von Isis<br />

und Osiris […]”. In: Jahnn, Hans Henny: “Die Sagen um Medea und ihr Leben.<br />

Anlässlich der Aufführung der Tragödie Medea von Hans Henny Jahnn, am 3.<br />

Oktober 1927 im Deutschen Schauspielhaus zu Hamburg.” In: Jahnn, Hans<br />

Henny. Werke in Einzelbänden. Bd. VI. Hrsg. Ulrike Schweikert. Hamburg:<br />

Hoffmann und Campe, 1988. Dramen I: 1917-1929. Dramen, Dramatische<br />

Versuche, Fragmente (Fragmente einer Offensive). Öffentlichkeit – Theater –<br />

Dramatiker. Hrsg. Ulrich Bitz. Hamburg: Hoffmann und Campe, 1988, p. 935.<br />

30 Siegmar Hohl vê em Medeia uma autorrepresentação do arquétipo da grande<br />

Mãe. Essa deusa-mãe lendária ama, como Medeia, numa fúria desenfreada e<br />

destrói, em sua sede de vingança, seu próprio palácio e os filhos inocentes de<br />

sua criada. O arquétipo da mãe, também denominado “grande-mãe” ou “mãe<br />

primeva”, é um dos mais importantes arquétipos na psicologia analítica de Carl<br />

Gustav Jung.<br />

31 Jahnn, Hans Henny. Medea. In: Jahnn, Hans Henny. Werke in Einzelbänden.<br />

Dramen I: 1917-1929. Dramen, Dramatische Versuche, Fragmente (Fragmente<br />

einer Offensive). Öffentlichkeit – Theater – Dramatiker. Hrsg. Ulrich Bitz.<br />

Hamburg: Hoffmann und Campe, 1988, p. 763-850).<br />

32 Kristeva, Julia. Fremde sind wir uns selbst. Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1990,<br />

p. 51.<br />

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