14.04.2013 Views

Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que saiu o Prêmio Kleist para a autora do conto A revolta dos<br />

pescadores de Santa Bárbara (Aufstand der Fischer von St. Barbara):<br />

Anna Seghers. Por si só, esses nomes – Loerke, Brecht, Seghers e Jahnn<br />

– já nos deixam entrever motivos para tal silêncio em torno da pessoa e<br />

da obra de Jahnn, e o porquê de uma obra com tal envergadura<br />

permanecer no limbo do olvido, tanto como nos dias da República de<br />

Weimar e da República de Bonn.<br />

Para os tradicionalistas da literatura, dando continuidade ao<br />

movimento da Heimatkunst, do Blut und Boden, da poesia do pós-guerra<br />

voltada para a natureza, Jahnn não se sentia parte e não queria fazer<br />

parte desses movimentos literários. Sua dedicação à criatura não traz<br />

marca alguma de idílio. Em princípio, a natureza é para Jahnn o cenário<br />

(Schauplatz) onde as leis ou forças elementares se dão, tal como muitas<br />

vezes ele próprio repetiu: “As coisas são como são, e são terríveis.” 18<br />

Seus contatos com as vanguardas literárias e políticas da esquerda<br />

também permaneceram esporádicos. Jahnn não confiava nas categorias<br />

de mudança da razão e do mundo. O progresso, do qual se fala e<br />

escreve em todos os lugares – escreve Jahnn em 1956 – é, resumindo,<br />

um progredir rumo à mediocrização do ser humano, à coletividade em<br />

detrimento do indivíduo, e ao conformismo, igualmente nos reinos do<br />

Leste e do Oeste. 19<br />

Dos anos 20 aos anos 50, surge na crítica um verdadeiro rastro de<br />

difamações, incluindo um julgamento inconsistente de Walter Benjamin<br />

– sempre tão cuidadoso com suas palavras – sobre o romance Perrudja,<br />

de Jahnn: Literatura da zona anal. 20 As difamações se detêm no<br />

material com que o autor trabalha em sua escritura: a crueldade<br />

perpetrada pelo seu tempo.<br />

Quando começaram os escândalos causados por suas obras,<br />

falou-se de dissecação de um elefante (man zerlegt den Elefanten, aber<br />

18<br />

Es ist wie es ist, und es ist fürchterlich.<br />

19<br />

“Der Fortschritt, von dem aller Orte geredet und geschrieben wird,” – schreibt<br />

er 1956 – “ist, alles in allem, […] ein Fortschreiten hin zur Verameisung, zur<br />

Kollektivierung, zum Konformismus, zum Auslöschen des Individuums,<br />

gleichermassen in den Reichen des Ostens und des Westens.” Jahnn, Hans<br />

Henny. Schriften zur Kunst, Literatur und Politik. Vol. 2. Hamburg: Hoffmann<br />

und Campe, 1991, p. 422.<br />

20<br />

Cf.: Heimatkunst der analen Zone, in: “Hans Henny Jahnn: „Perrudja‟”. In:<br />

Walter Benjamin. Gesammelte Schriften. Rolf Tiedemann e Herman<br />

Schweppenhauser (orgs.). Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1985, vol. 6, p. 141.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!