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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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Ele não quer mais me ver, mas eu quero<br />

forçá-lo a vir. Ei, servos,<br />

ouvi-me! Correi ao palácio!<br />

Cercai a casa, mas não entrai,<br />

e gritai em cadência, como malcriados, como<br />

bêbados, gritai a plenos pulmões: “Jasão deve vir!”.<br />

E repeti, repeti<br />

mais uma vez. É preciso ofendê-lo.<br />

Essa cena repugnante o forçará a vir.<br />

Ide! Mas tu, homem cego, fica perto de mim.<br />

Os escravos saem.<br />

Em ti arde um fogo atiçado<br />

no qual quero verter um pó mágico.<br />

Conduze-o, jovem, para que ele<br />

se sente em meu aposento. Homem, tu queres<br />

fazer o mal, não o bem, não é?<br />

O MENSAGERIO<br />

Quero fazer o que os deuses<br />

me atribuíram, criando-me com sangue.<br />

Eu fui formado com um desígnio,<br />

senão eu seria um animal lascivo,<br />

voraz, parecido aos outros escravos.<br />

Tu sabes de tudo isso; em todo caso,<br />

disseste que o sabias.<br />

Se isso não fosse verdade, se nada fosse verdade,<br />

se tua casa não fosse mais do que um banco de pedra,<br />

tua voz apenas o vento e o vazio –<br />

que diante de mim pretende ser pleno –,<br />

eu deveria, portanto, me sentar.<br />

E se ninguém me falasse, eu teria<br />

de falar comigo mesmo. Tenho dores<br />

quase insuportáveis. Parece-me que choro;<br />

mas a escuridão me revela que é sangue<br />

quente que corre por minhas faces.<br />

O mundo se transformou diante do meu olhar.<br />

O que chamam de luz é, doravante, escuridão.<br />

E dor, o que o adversário chama de alegria.<br />

Tudo está trocado. Uma frase breve.<br />

Mas eu me contorço tomado de vertigem.<br />

Quem está em segurança desfruta de tudo.<br />

Eu chamo isso de loucura. E como<br />

o chamam os deuses, não o sei.<br />

Os soberanos chamam isso de sentimento<br />

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