Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...
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Agora, teu filho é um animal<br />
desleal e um ser humano, a quem não se perdoa<br />
e a quem lei alguma concede os direitos de um garanhão.<br />
Ó, pudesse eu criar deuses, extirpar de pedras multicores<br />
as paixões exaltadas de minha imaginação, reunir<br />
luxúria e salvação, humano e animal,<br />
homem e mulher, e tudo o que me excita!<br />
MEDEIA<br />
Não me julga precipitadamente<br />
e não amaldiçoa o que vai estabelecer<br />
tua felicidade. Mesmo que hoje entendas também<br />
teu destino apenas como um sinal na areia,<br />
logo ele se desdobrará em ti, maravilhosamente.<br />
Levanta-te e não chora!<br />
O FILHO MAIS VELHO<br />
Estou<br />
atordoado. Ajuda-me pela última vez:<br />
que meu irmão não me abomine;<br />
ao contrário, se esforce para ter uma opinião<br />
mais ou menos boa de mim. Dá-me mais esse consolo!<br />
Enfim, hão de se calar meus lábios.<br />
MEDEIA<br />
O que tu pedes, um deus o concederá.<br />
O MENSAGEIRO DE CREONTE entra.<br />
Felicidade e saúde, é assim<br />
que o Rei Creonte me faz saudar<br />
esta casa. Que possais vos sentir bem,<br />
e que os deuses vos sejam benevolentes.<br />
É isso o que ele deseja aos seus novos parentes.<br />
O FILHO MAIS VELHO<br />
Tu és seu servo; será que tua língua<br />
não se excedeu com as palavras?<br />
O rei nos designa seus parentes?!<br />
Então das nuvens grandes, sufocantes,<br />
amarelo-enxofre, empurradas pelas<br />
formações agitadas, espessas, ramificadas,<br />
de onde se espera ver desprender o relâmpago,<br />
caiu apenas uma chuva branda.<br />
O MENSAGEIRO<br />
Meu amigo, essas palavras exuberantes<br />
me paralisam, me prendem à força<br />
e fazem de mim um estúpido. Além do mais,<br />
me interrompeste. Medeia, é a ti que dirijo<br />
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