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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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meu infortúnio pareceu planejado, minha égua<br />

permaneceu na beira do caminho como um asno, menosprezado.<br />

Encerrado em mim mesmo, os lábios cerrados, eu só soluçava.<br />

De repente, ela se encontrava diante de mim.<br />

Um perfume de mulher, cavalo e juventude. Abri<br />

as mãos. A paixão explodiu. Eu teria<br />

adorado imitar o exemplo do garanhão.<br />

Pai, estou transformado. Chamo com meus gritos<br />

essa mulher maravilhosa.<br />

JASÃO<br />

Tua dupla desventura é estranha.<br />

Ainda não consigo pensar em tuas núpcias.<br />

Armado não estás contra as perfídias todas que<br />

o mundo prepara. A mulher, que te convém,<br />

não pode ser uma mera desconhecida.<br />

Não sofro se degradas teu sangue.<br />

O FILHO MAIS VELHO<br />

De antemão eu sabia que assim<br />

me falarias, esclarecendo-me. E não esgotaste<br />

tuas objeções. Mesmo que eu esteja frustrado,<br />

tua resposta não me tirou toda a esperança.<br />

Saiba: a jovem é a filha<br />

predileta do rei Creonte.<br />

JASÃO<br />

A escolha,<br />

que fizeste, não é má. Eu não saberia<br />

designar melhor noiva a ti. Esse casamento<br />

ofereceria muitas vantagens.<br />

O FILHO MAIS VELHO<br />

Para!<br />

Dize que estás de acordo! Devo ainda lutar<br />

com palavras violentas, semelhantes a torres?<br />

Estou amando, e meu amor é doce como a saliva; calafrios de corço<br />

saltitante em todos os campos verdejantes do meu corpo.<br />

Se esse mês de maio primaveril, verde como as bétulas,<br />

não te apraz, nem a nossa casa,<br />

acontecerá uma desgraça, negra como o musgo úmido<br />

e fétido. Mas ninguém conseguirá extirpar<br />

as flechas de Eros cravadas em meu peito, em meu coração,<br />

sem me matar. Portanto, vai ver Creonte,<br />

peça a mão de sua filha para mim. Se recusares,<br />

eu te suplico de joelhos, contorcendo-me diante de ti,<br />

o corpo sacudido por convulsões.<br />

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