Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...
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magia imunizei e preservei<br />
a beleza de teu corpo. A imagem da alma<br />
te pertence, tu podes destruí-la,<br />
desfigurá-la. Não envelheceste!<br />
Isso me atinge agora. Se tu estivesses como eu,<br />
próximo do túmulo, a paixão não<br />
te afastaria do meu lado.<br />
Tu não és fraco em todos os gestos de um<br />
amor ainda jovem. Mentiroso! Teus flancos florescem<br />
como sempre, com mais volúpia. Tu podes<br />
te passar como um cervo no cio,<br />
sem te fadigar. Escolheste parceiros de cama,<br />
eu o sei como todo mundo.<br />
Se te juntas aos servos, às criadas<br />
ou ao teu próprio filho,<br />
que fizeste teu amigo, alegras-te.<br />
Tu amas como um homem em sua mocidade.<br />
Tu evitas o leito nupcial porque aí<br />
me encontro, banhada em lágrimas.<br />
É disso que me queixo, não de teu vigor<br />
que inunda suas margens, como um rio,<br />
e assim não deságua inteiramente no mar, porém<br />
se perde, também turvo, na planície.<br />
Abandonada, sou um mar seco,<br />
a quem são recusadas modestas gotas,<br />
transformada numa montanha de sal ressequida.<br />
JASÃO<br />
Estou envergonhado. Tenho pena de ti.<br />
MEDEIA<br />
Não te deixes perturbar com minha violência<br />
e monstruosidade selvagem. É o lado<br />
mau da mulher, que esconde um coração.<br />
Tem piedade desse coração, não esqueças<br />
completamente de quem te amou mais do que<br />
os deuses podem amar. Não esqueças<br />
Medeia, que por ti quebrou<br />
juramentos e cometeu homicídio,<br />
que se sujou, que dia após dia<br />
se debateu com os deuses<br />
pelo teu bem-estar. Vem a mim, para<br />
evitar que se produza infelicidade, pois a solidão<br />
gera em mim os vícios mais terríveis.<br />
Eu poderia aprender a odiar tudo,<br />
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