Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...
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que, há muito, soçobrados na tristeza, escureceram-se,<br />
onde o ouro perde o brilho,<br />
todas as taças tornam-se baças, porque meu esposo,<br />
mantido jovem, não anda,<br />
feliz ou triste, cantando, nem dançando,<br />
nem procura minha alcova.<br />
Esta casa está serrada em duas,<br />
separada em tristeza e alegria, antigo e novo,<br />
prazer e renúncia, força e fraqueza,<br />
sociedade e solidão. Do que me censuras?<br />
Então estou queimada e exangue,<br />
não mais do que cinzas sem vida? Em minhas veias<br />
não corre sangue? Meu fígado está preto<br />
de velhice? Meu beijo e o cheiro de meu corpo<br />
te causam repulsa?<br />
JASÃO<br />
Estou transtornado com teus gritos injustos,<br />
e encontrar uma réplica me é difícil,<br />
de tanto que estou triste e colérico com<br />
um lamento tão injusto. O ouro não se altera,<br />
se não é falso, a taça não escurece,<br />
se não encerra em si um sortilégio; e já se viu<br />
pedras escurecerem, a não ser pela poeira<br />
do tempo, que os deuses governam, não eu.<br />
Como entendo, teus gritos não concernem a mim,<br />
antes, aos deuses, Cronos, com quem se<br />
completam os anos. Posso desafiar a velhice?<br />
Meus flancos não geraram filhos<br />
já núbeis? Não queres tu mesma certificá-lo?<br />
Foste tu que os puseste no mundo. Devo te dizer<br />
o que observas em cada ser,<br />
nos teus escravos velhos, que os homens,<br />
quando seus filhos amadurecem, perdem<br />
a força de seus próprios flancos? É assim,<br />
não de outra forma. Quem exigirá do velho<br />
as proezas de um adolescente, do homem maduro<br />
a selvageria de um menino? Não sou culpado<br />
pelos teus sofrimentos, porque te amo,<br />
conforme, porém, o compasso dos anos.<br />
MEDEIA<br />
Homem cruel, terrível,<br />
infame, que mereceria ser escarrado!<br />
Me feriste profundamente;<br />
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