Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...
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Eu soube algo doloroso: nossa mãe<br />
não se beneficia da bênção dessa magia.<br />
Ela envelhece para que, por fim, cumpra-se<br />
em nós também o destino do ser humano, que nós<br />
não podemos escapar à decisão dos deuses, que a toda<br />
a vida põe um fim. Por isso ela chora afligida.<br />
Já sente o peso dos anos que voam,<br />
já vê o termo dos anos dourados de sua vida.<br />
Seu túmulo será para nós sinal de que começamos<br />
a viver como seres humanos, temos<br />
um destino determinado.<br />
O FILHO MAIS VELHO<br />
De tuas palavras, tiro<br />
a seguinte conclusão: se a morte não te ameaça,<br />
nem a doença, como a numerosas pessoas, tu também<br />
serás um homem, pois levas os sinais,<br />
que a sabedoria dos deuses nos deram<br />
como ornamento do corpo.<br />
O FILHO MAIS NOVO<br />
Disparates,<br />
meu irmão, e falas, como um cego,<br />
que não faz mais que tatear na escuridão monótona.<br />
Não sou circuncidado, não sou como os animais<br />
que não desejam nada dos outros animais.<br />
Não preciso de testemunhas, me conheço bem.<br />
O FILHO MAIS VELHO<br />
Tu não és onisciente, e muitas coisas estão ocultas<br />
aos sentidos de uma criança.<br />
O FILHO MAIS NOVO<br />
Adulto, tu me desprezas<br />
com ainda e com criança, traidor sem amor,<br />
tu que eras meu irmão! Não crescerei.<br />
Nunca cheguei a crescer. Não fui sempre como sou aqui<br />
e agora? Então como posso crescer?<br />
Eu não sou mau. Como, então, amadurecer?<br />
Sou sempre o mesmo! Não são naturais<br />
minha selvageria, meu sonho e meus desejos?<br />
Vós, adultos, repreendeis a criança como algo inconveniente<br />
e ignorante. Eu não sou ignorante –<br />
O FILHO MAIS VELHO<br />
Assim termina a<br />
conversa!<br />
Tu não compreendes a metade do que dizes.<br />
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