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Marcus Tulius Franco Morais O FASCÍNIO DA FILICIDA - PGET ...

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Tu falas como um adulto<br />

e, como os adultos, não me amas,<br />

porque ainda sou um garoto, que eles não podem<br />

tolerar, já que não fui iniciado nos ritos.<br />

Eles dizem claramente: ainda,<br />

como se eu não fosse absolutamente nada e devesse<br />

tomar forma só em um futuro distante.<br />

São os servos superiores a mim,<br />

porque granjearam o que deve ainda<br />

se cumprir em mim? Não tenho<br />

uma língua que fala como a tua?<br />

Coxas nuas, minhas, como as tuas,<br />

um pouco brancas e morenas, cheias de covinhas?<br />

Não te pareces comigo? Deixaram de te chamar,<br />

como a mim, de filho de bárbaro,<br />

porque nosso corpo é de cor escura,<br />

não-grega? Então, sou, doravante,<br />

o único a ser zombado?<br />

Menosprezado, porque minhas coxas não têm<br />

a força e a majestade<br />

necessárias para governar um cavalo?<br />

O FILHO MAIS VELHO<br />

Doidinho,<br />

podes parar de chorar e me escutar?<br />

O FILHO MAIS NOVO<br />

Tu te importas com o meu abandono?<br />

E no mais, és capaz de ver minhas lágrimas,<br />

se eu não sou como tu?<br />

O FILHO MAIS VELHO<br />

de tua boca são herança de nossa mãe<br />

e incompreensíveis aos homens que vivem distante dos deuses.<br />

O FILHO MAIS NOVO<br />

Tu és o filho do pai! Ai de mim!<br />

Por isso és homem agora e és<br />

amado por ele e pelos estrangeiros. A mim,<br />

só a mãe me ama; e, muito tempo ainda,<br />

devo amá-la; ela, que me amedronta;<br />

venerá-la, essa mulher triste, angustiada<br />

e feia, e amar mesmo sua magia negra.<br />

Devo me embeber de todos os seus sofrimentos, de seu saber<br />

funesto; implorar, nos ritos obscuros,<br />

as atrocidades que ela imagina,<br />

As palavras<br />

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