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capas morfossitaxe do português - Ftc

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MORFOSSINTAXE<br />

ORFOSSINTAXE<br />

ORFOSSINTAXE DO<br />

DO<br />

PORTUGUÊS<br />

ORTUGUÊS<br />

1


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

2<br />

SOMESB<br />

Sociedade Mantene<strong>do</strong>ra de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.<br />

Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira<br />

Vice-Presidente ♦ William Oliveira<br />

Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Samuel Soares<br />

Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Germano Tabacof<br />

Superintendente de Desenvolvimento e>><br />

Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva<br />

FTC - EaD<br />

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância<br />

Diretor Geral ♦<br />

Diretor Acadêmico ♦<br />

Diretor de Tecnologia ♦<br />

Diretor Administrativo e Financeiro ♦<br />

Gerente Acadêmico ♦<br />

Gerente de Ensino ♦<br />

Gerente de Suporte Tecnológico ♦<br />

Coord. de Softwares e Sistemas ♦<br />

Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦<br />

Coord. de Produção de Material Didático ♦<br />

EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:<br />

♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦<br />

Gerente de Ensino ♦ Jane Freire<br />

Coordenação de curso ♦ Jussiara Gonzaga<br />

Autores (as) ♦ Laura Almeida<br />

Supervisão ♦ Ana Paula Amorim<br />

Waldeck Ornelas<br />

Roberto Frederico Merhy<br />

Reinal<strong>do</strong> de Oliveira Borba<br />

André Portnoi<br />

Ronal<strong>do</strong> Costa<br />

Jane Freire<br />

Jean Carlo Nerone<br />

Romulo Augusto Merhy<br />

Osmane Chaves<br />

João Jacomel<br />

♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦<br />

Revisão Final ♦ Carlos Magno<br />

Equipe ♦ Ana Carolina Alves, Cefas Gomes, Delmara Brito,<br />

Fábio Gonçalves, Francisco França Júnior, Israel Dantas, Lucas<br />

<strong>do</strong> Vale, Marcus Bacelar e Yuri Fontes<br />

Editoração ♦ Yuri Fontes<br />

Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource<br />

Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource<br />

copyright © FTC EaD<br />

To<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s e protegi<strong>do</strong>s pela Lei 9.610 de 19/02/98.<br />

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,<br />

da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância.<br />

www.ftc.br/ead


Morfema ○<br />

INTRODUÇÃO A MORFOLOGIA<br />

ESTRUTURA DAS PALAVRAS<br />

Tipos de Morfemas Quanto ao significa<strong>do</strong><br />

Sumário<br />

Sumário<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○07<br />

Morfemas Lexicais<br />

Morfemas Gramaticais<br />

Morfemas Classificatórios<br />

Morfemas Derivacionais<br />

Morfemas Flexionais<br />

Morfema Flexional de Gênero ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○<br />

Morfema Flexional de ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Número<br />

Morfema Flexional <strong>do</strong> Verbo ○<br />

Tipos de Morfemas Quanto ao Significante ○<br />

Aditivo<br />

○ Subtrativo<br />

Alternativo<br />

○ Morfema Zero<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ Alomorfia<br />

Atividade Complementar<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

FORMAÇÃO E CLASSES DE PALAVRAS<br />

Formação de Palavras ○<br />

Derivação<br />

○ Composição<br />

Classes de Palavras ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

O Critério Semântico<br />

O Critério Morfológico<br />

O Critério Sintático<br />

Atividade Complementar<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

12<br />

12<br />

13<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

16<br />

17<br />

17<br />

17<br />

18<br />

18<br />

18<br />

20<br />

21<br />

23<br />

25<br />

26<br />

28<br />

28<br />

29<br />

29<br />

30<br />

3


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

4<br />

Sintagma ○ Nominal<br />

Sintagma ○ Verbal<br />

INTRODUÇÃO A SINTAXE<br />

O SINTAGMA<br />

Sumário<br />

Sumário<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○33<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Sintagma ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Preposicional<br />

○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Sintagma Adjetival e Sintagma Adverbial<br />

Sintagma Adjetival<br />

○ Sintagma Adverbial<br />

Atividade Complementar<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

A GRAMÁTICA TRADICIONAL<br />

Os ○ Filósofos Gregos<br />

Dos Romanos à ○ Idade Média<br />

○ Da Renascença ao Século XVIII<br />

○ Outras Abordagens Sobre a Gramática<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○49<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

A Gramática Comparativa e os Neogramáticos<br />

○ O Estruturalismo<br />

○ A Gramática Gerativo-Transformacional<br />

Atividade Complementar<br />

Atividade Orientada<br />

Glossário<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Referências Bibliográficas<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

38<br />

39<br />

43<br />

43<br />

44<br />

45<br />

50<br />

50<br />

51<br />

51<br />

51<br />

52<br />

52<br />

53<br />

62<br />

64


Apresentação da Disciplina<br />

Aluno companheiro,<br />

Para você, como um estudante de letras, é importante saber a<br />

estrutura da língua. Então, nessa disciplina, vamos conhecer um pouco<br />

da estrutura da língua portuguesa para contribuir para a formação <strong>do</strong>s<br />

futuros lingüistas. Conhecer a estrutura da língua é estudar a sua<br />

morfologia e a sua sintaxe. Assim, a partir desse momento, vamos<br />

começar a estudar esse assunto para ajudar a você, professor da língua<br />

materna, a refletir sobre o ensino da língua portuguesa.<br />

Compreender a morfologia e a sintaxe da língua portuguesa é<br />

essencial para a produção textual e para refletir sobre o atual ensino<br />

de gramática da língua portuguesa. É muito importante associar o<br />

ensino de gramática normativa com o uso da língua. Não adianta ensinar<br />

uma gramática para decorar regras. É preciso pensar que o ensino de<br />

gramática está relaciona<strong>do</strong> com produção textual. Essa mudança de<br />

perspectiva é necessária para que o atual ensino de <strong>português</strong> seja<br />

concebi<strong>do</strong> e pratica<strong>do</strong> com um outro olhar, atentan<strong>do</strong> para o ponto de<br />

vista prático de estudar a língua portuguesa. Desejo que essa disciplina<br />

o ajude a transformar a atual prática de ensino da língua.<br />

Sucesso!<br />

Professora Laura Almeida<br />

5


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

6


MORFEMA<br />

INTRODUÇÃO À MORFOLOGIA<br />

ESTRUTURA DAS PALAVRAS<br />

Outro dia, maltratei bastante o valor da linguagem como instrumento expressivo da<br />

vida sensível. Agora, conto um caso que exprime bem a força <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra das palavras<br />

sobre a sensibilidade. Quem reflita um boca<strong>do</strong> sobre uma palavra, há-de perceber que<br />

mistério poderoso se entocaia nas sílabas dela. Tive um amigo que às vezes, até na rua,<br />

parava, nem podia respirar mais, imaginan<strong>do</strong>, suponhamos, na palavra batata”. “Ba” que<br />

ele, “ta” repetia, “ta” assombra<strong>do</strong>. Gostosissimamente assombra<strong>do</strong>. De fato, a palavra<br />

pensada assim não quer dizer nada, não dá imagem. Mas vive por si, as sílabas são<br />

entidades grandiosas, impregnadas <strong>do</strong> mistério <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. A sensação é formidável.<br />

(ANDRADE, 1961)<br />

Vamos amos começar começar nosso nosso estu<strong>do</strong>?<br />

estu<strong>do</strong>?<br />

A Morfologia é, geralmente, conceituada como o componente da gramática que<br />

analisa a estrutura interna das palavras. Mas, o que é palavra? Não é simples definir o que<br />

é palavra. Conforme Sândalo (2001), na lingüística, como em qualquer ciência, um <strong>do</strong>s<br />

problemas básicos é identificar critérios para definirmos as unidades básicas de estu<strong>do</strong>.<br />

Para Basílio (1987), a palavra é uma dessas unidades lingüísticas que são muito<br />

fáceis de reconhecer, mas bastante difíceis de definir, se tomarmos como base de definição<br />

a língua falada. Esse fato acontece porque, na língua falada, não fazemos pausas sistemáticas<br />

entre cada palavra pronunciada. Para uma criança em fase de aquisição da escrita, é difícil<br />

saber quan<strong>do</strong> começa e quan<strong>do</strong> termina uma palavra. Geralmente, elas escrevem várias<br />

palavras juntas, como se elas fossem uma só.<br />

Para definir palavra, os critérios semânticos não nos ajudam, já que não podemos<br />

fazer distinção entre construtor e aquele que constrói. Esses <strong>do</strong>is termos possuem o mesmo<br />

significa<strong>do</strong>. Então, não é porque eles têm significa<strong>do</strong>s semelhantes que vão constituir uma<br />

palavra.<br />

Os critérios fonológicos também não nos ajudam. É impossível elaborar um teste<br />

basea<strong>do</strong> em critérios fonológicos que possa ser aplica<strong>do</strong> para sabermos se estamos lidan<strong>do</strong><br />

7


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

8<br />

com uma palavra ou com uma frase. Observe o exemplo: (detergente), pode<br />

corresponder a uma palavra e a uma frase. Se for uma palavra, é um utensílio<br />

de limpeza. Se for uma frase, é o ato de prender pessoas (deter gente).<br />

Muitos lingüistas preferem definir palavras usan<strong>do</strong> critérios sintáticos.<br />

Uma seqüência de sons só pode ser definida como uma palavra se puder ser<br />

Memória e assombração. In: _______. Os filhos da Candinha. São Paulo, Martins, 1963, p.161.<br />

usada como resposta mínima a uma pergunta e se puder ser usada em várias posições<br />

sintáticas. Observe os exemplos a seguir:<br />

1. 1.<br />

1.<br />

1. O que Ana comprou na feira hoje?<br />

2. 2.<br />

2.<br />

2. Tomate.<br />

3.<br />

3.<br />

3. Ana comprou tomate na feira hoje.<br />

4. 4.<br />

4.<br />

4. Tomate foi o que Ana comprou na feira hoje.<br />

Assim, nos exemplos 1 e 2, tomate ocorre como a menor resposta possível à questão<br />

dada. No exemplo 3, tomate ocorre como objeto da sentença e no exemplo 4, tomate ocorre<br />

com sujeito da sentença. Assim, de acor<strong>do</strong> com o critério sintático, palavra é a unidade<br />

mínima que pode ocorrer em várias posições sintáticas na sentença.<br />

A palavra ou vocábulo mórfico é a unidade máxima da Morfologia. As unidades mínimas<br />

da Morfologia são os elementos que compõem uma palavra. Seriam os fonemas? Não. A<br />

Morfologia tem seus próprios elementos mínimos. Esses elementos são os morfemas. Os<br />

elementos que carregam significa<strong>do</strong> dentro de uma palavra são chama<strong>do</strong>s de morfemas e<br />

são estes a unidade mínima da Morfologia. O morfema é a menor unidade significativa da<br />

palavra, segun<strong>do</strong> Carone (2004). Ele é indivisível e porta<strong>do</strong>r de significação ou função<br />

gramatical.<br />

Zanotto (1986) coloca que as palavras mar e sol constituem, cada uma, um morfema,<br />

porque são unidades significativas indivisíveis. Se isolarmos qualquer parte desses vocábulos<br />

ma-, so-, por exemplo, ela não terá nenhuma significação. Também pode acontecer de o<br />

morfema ser constituí<strong>do</strong> de um só fonema, ou de uma só sílaba, como em é, há, mas é<br />

apenas coincidência. O morfema pode coincidir, mas não pode ser confundi<strong>do</strong> com o<br />

vocábulo, nem com a sílaba, nem com o fonema.


É importante, para a compreensão <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s morfemas, a distinção<br />

que Bloomfield (1933 apud CARONE, 2004) faz entre formas livres e formas presas. Câmara<br />

Jr. (2004) acrescentou, também, as formas dependentes.<br />

Formas livres são aquelas que podem constituir, isoladas, um enuncia<strong>do</strong> suficiente<br />

para a comunicação. Elas são autônomas e podem sozinhas constituir uma frase. Uma<br />

forma de identificar as formas livres é através de pergunta e resposta. Por exemplo, os<br />

vocábulos que couberem como resposta à pergunta são formas livres. Observem revistas<br />

no enuncia<strong>do</strong>:<br />

O que você vai vender?<br />

Revistas.<br />

O fato de uma forma ocorrer, ou a possibilidade de poder ocorrer sozinha, ou numa<br />

pergunta, ou numa resposta ou em outro contexto, caracteriza-a como forma livre e, portanto,<br />

como vocábulo mórfico ou palavra. Os substantivos, os verbos, os adjetivos são sempre<br />

formas livres. Uma parte <strong>do</strong>s advérbios, <strong>do</strong>s pronomes e o numeral também são formas<br />

livres.<br />

As formas presas não são suficientes para, sozinhas, constituírem um enuncia<strong>do</strong>.<br />

Elas só funcionam ligadas a outras, como o prefixo re- em refazer e a marca de plural -s em<br />

revistas. O vocábulo ou palavra apresenta-se, assim, como a unidade a que se chega quan<strong>do</strong><br />

não é possível a nova divisão em duas ou mais formas livres. Segun<strong>do</strong> Zanotto (1986), as<br />

formas presas são parte integrante de um vocábulo. Na língua escrita, elas estão ligadas<br />

diretamente a outra forma, como é o caso <strong>do</strong>s afixos, desinências e radicais, que serão<br />

estuda<strong>do</strong>s mais adiante.<br />

As formas dependentes, conforme Koch e Silva (2003), funcionam ligadas às formas<br />

livres, como em:<br />

As notícias da falsificação <strong>do</strong> jornal espalharam-se rapidamente.<br />

As formas dependentes distinguem-se das livres, porque não podem funcionar<br />

isoladamente como comunicação suficiente. Elas, também, diferenciam-se das presas pelas<br />

possibilidades de intercalação de novas formas e de variação da posição na frase. Os<br />

artigos, as preposições, as conjunções são formas dependentes, pois não possuem<br />

autonomia no discurso. Elas sempre aparecem acompanhadas de outras formas.<br />

Zanotto (1986) comenta que existem algumas características que ajudam a diferenciar<br />

as formas presas das dependentes. Enquanto as presas são parte de vocábulo e ocupam<br />

posição fixa junto à forma de que fazem parte (repor), as dependentes formam um vocábulo,<br />

embora sem autonomia no discurso, e podem mudar de posição em relação ao vocábulo<br />

de que dependem (chamou-te e não te chamou), ou aceitam a intercalação de outras formas<br />

(o amigo, o meu caro colega).<br />

Koch e Silva (2003) colocam que tanto as formas livres como as dependentes ora<br />

apresentam-se indivisíveis (como em sol, a), ora são passíveis de divisão em unidades<br />

9


menores (in-feliz-mente, im-pre-vis-í-vel, a-s). Em infelizmente, a forma livre<br />

feliz está combinada com formas presas (in- e –mente). Em imprevisível, a<br />

forma livre é composta somente por formas presas (im-, -prev-, -vis- -í-, -vel).<br />

Morfossintaxe Dessa forma, não se pode confundir o conceito de formas livres,<br />

<strong>do</strong> Português dependentes e presas com o de morfemas. As formas livres estão<br />

relacionadas com a frase, ou seja, com o funcionamento das unidades<br />

lingüísticas no enuncia<strong>do</strong>. As formas presas fazem parte <strong>do</strong> vocábulo, portanto<br />

não funcionam sozinhas, são morfemas como os afixos e as desinências. As formas<br />

dependentes são vocábulos, que se referem às formas livres, como as preposições e os<br />

artigos. As formas livres, presas e dependentes podem constituir um morfema ou não.<br />

Exemplo:<br />

10<br />

Sol – uma forma livre e um morfema;<br />

Mas, cafés – uma forma livre com <strong>do</strong>is morfemas.<br />

A forma livre será simples, se for dividida em unidades mórficas menores, como<br />

radical, afixos, desinências, vogal temática. Se apresentar mais de um radical, será<br />

composta. As formas compostas podem ter várias constituições.


Assim, as formas livres e as formas dependentes constituem os vocábulos mórficos,<br />

que tanto podem ser compostos por uma única unidade morficamente indivisível (mar), como<br />

podem ser compostos por duas ou várias unidades menores. Essas unidades menores<br />

indivisíveis são os morfemas. Quan<strong>do</strong> o vocábulo for indivisível, equivale a um único morfema,<br />

ou seja, esse vocábulo é monomorfêmico.<br />

Viu Viu como como não não não é é tão tão complica<strong>do</strong>?<br />

complica<strong>do</strong>?<br />

complica<strong>do</strong>?<br />

Zanotto (1986) afirma que o morfema é a unidade elementar no âmbito da morfologia.<br />

É, dessa forma, a unidade mínima significativa. Não deve, por isso, ser confundida com a<br />

unidade mínima distintiva da palavra, que é o fonema. O fonema refere-se ao som da palavra.<br />

Também não há relação necessária entre morfema e sílaba ou morfema e fonema. Por<br />

acaso, pode coincidir o morfema com a sílaba ou com o fonema ou com o próprio vocábulo,<br />

mas é mera coincidência. Fonema e sílaba são componentes fonológicos. Morfema é<br />

constituinte morfológico.<br />

Você deve estar se perguntan<strong>do</strong>: como se deve fazer para destacar cada um<br />

<strong>do</strong>s morfemas constituintes <strong>do</strong> vocábulo mórfico?<br />

São <strong>do</strong>is caminhos para fazer com segurança a segmentação <strong>do</strong> vocábulo em<br />

morfemas. Um processo é o da significação e o outro é o da comutação. Na significação, é<br />

importante destacar que como os morfemas são unidades significativas, só faz senti<strong>do</strong><br />

considerar como morfema se esse segmento for significativo, se for responsável por parte<br />

da significação total <strong>do</strong> vocábulo. Na significação, é preciso não segmentar além <strong>do</strong> permiti<strong>do</strong><br />

pela funcionalidade <strong>do</strong>s elementos, nem deixar de segmentar quan<strong>do</strong> possível. Por exemplo,<br />

a seguinte segmentação carp-int-eiro está incorreta, porque a significação básica, o radical,<br />

não é carp-, mas carpint-. Além disso, não há significação em -int-. Assim, carpint- é um<br />

morfema único e indivisível nesse vocábulo.<br />

O segun<strong>do</strong> caminho é realizar a comutação entre os vocábulos, manten<strong>do</strong> numa coluna<br />

uma parte permanente e noutra coluna elementos em contraste. Segun<strong>do</strong> Carone (2004), a<br />

comutação é troca de um segmento <strong>do</strong> plano da expressão e tem como resulta<strong>do</strong> uma<br />

alteração no plano <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>. Nesse processo, há a comparação entre palavras,<br />

substituin<strong>do</strong> ou eliminan<strong>do</strong> parte da palavra. Essa troca de elementos fará com que haja<br />

nova significação, novo vocábulo.<br />

Para reforçar a segurança desse processo, pode-se fazer o caminho inverso, ou<br />

seja, manter o sufixo e comutar o radical.<br />

11


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

12<br />

Carone (2004) assegura que, com experimentos semelhantes e<br />

sucessivos, chegaremos a identificar os morfemas. A partir dessa combinação,<br />

obtêm-se todas as construções possíveis numa língua. Ao usarmos a<br />

comutação, obteremos a segmentação <strong>do</strong> vocábulo em seus morfemas<br />

constituintes.<br />

Os morfemas são classifica<strong>do</strong>s quanto ao significa<strong>do</strong> e quanto ao<br />

significante. A seguir, essa classificação será analisada mais detalhadamente.<br />

Vamos amos v vver<br />

v er os os tipos tipos de de morf morfemas?<br />

morf emas?<br />

TIPOS DE MORFEMAS QUANTO AO SIGNIFICADO<br />

Consideran<strong>do</strong> o significa<strong>do</strong>, os morfemas dividem-se em morfemas lexicais e<br />

gramaticais. Essa divisão leva em conta a função ou significação que o morfema desempenha<br />

no conjunto <strong>do</strong> vocábulo.<br />

MORFEMAS LEXICAIS<br />

Os Morfemas Lexicais (ML) – são os porta<strong>do</strong>res da significação básica <strong>do</strong> vocábulo.<br />

São chama<strong>do</strong>s de lexemas. São eles os responsáveis pela significação externa, não<br />

gramatical. Essa significação está contida no radical <strong>do</strong> vocábulo. Assim, o lexema <strong>do</strong><br />

vocábulo é o seu radical. Observemos este conjunto:<br />

[mar, maré, marinha, marinheiro, marítimo, maresia]<br />

Nesse exemplo, percebemos que em todas as palavras aparece o elemento mar-.<br />

Os vocábulos <strong>do</strong> conjunto são aparenta<strong>do</strong>s por um vínculo de forma e senti<strong>do</strong>. O elemento<br />

mar- é o radical. Esse é o elemento irredutível e comum a todas as palavras de uma mesma<br />

família. O elemento é irredutível quan<strong>do</strong> não pode mais ser segmenta<strong>do</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, o<br />

radical é o núcleo semântico da palavra. O núcleo é irredutível. Ele apresenta forma e senti<strong>do</strong>,<br />

poden<strong>do</strong> receber elementos diversos e servir como ponto de partida para a produção de<br />

cognatos. Dessa maneira, podemos concluir que o radical corresponde ao elemento<br />

irredutível e comum às palavras de uma mesma família. Analisemos a série:<br />

[ferro, ferreiro, ferradura, ferramenta]<br />

Nessa série, constamos que o segmento ferr- representa o radical, visto que ele é o<br />

elemento comum a todas as palavras da mesma família. Em resumo, o radical é a parte<br />

central da palavra, obti<strong>do</strong> a partir da eliminação <strong>do</strong>s afixos, vogal temática e desinências.<br />

Esses elementos serão explicita<strong>do</strong>s nos próximos capítulos.


MORFEMAS GRAMATICAIS<br />

Os morfemas gramaticais são responsáveis pelas funções gramaticais <strong>do</strong> vocábulo.<br />

Com exceção <strong>do</strong>s lexemas, os demais constituintes mórficos <strong>do</strong> vocábulo são morfemas<br />

gramaticais. Podem ser dividi<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> a sua função, em três grupos: morfemas<br />

classificatórios, morfemas flexionais e morfemas derivacionais.<br />

Morfemas Classificatórios<br />

Os morfemas classificatórios (MC) distribuem os vocábulos em categorias. São as<br />

vogais temáticas, tanto verbal como nominal. A vogal temática (VT) é um segmento fônico<br />

que se acrescenta ao radical para agrupar vocábulos (nomes e verbos) em categorias. É<br />

comum identificá-la a partir <strong>do</strong> infinitivo. Quan<strong>do</strong> o verbo está nessa forma, as vogais<br />

temáticas são as vogais que antecedem o –r.<br />

A vogal temática agrupa os verbos em três categorias, corresponden<strong>do</strong> às três<br />

conjugações verbais:<br />

Verbos de vogal temática –a-: primeira conjugação, como em amar;<br />

Verbos de vogal temática –e-: segunda conjugação, como em vender;<br />

Verbos de vogal temática –i-: terceira conjugação, como em <strong>do</strong>rmir.<br />

De acor<strong>do</strong> com Kehdi (1996), das três vogais temáticas verbais, a mais produtiva é<br />

a que caracteriza a primeira conjugação, visto que to<strong>do</strong>s os verbos novos são a ela<br />

incorpora<strong>do</strong>s, como exemplo, discar, tricotar.<br />

Os nomes também formam três categorias, conforme a vogal temática que<br />

apresentam:<br />

Vogal temática –a, como em sala, porta;<br />

Vogal temática –e, como em alegre, presente (às vezes, na escrita, ocorre como ‘i’:<br />

caqui);<br />

Vogal temática –o, como em muro, alto (às vezes, na escrita, ocorre como ‘u’:<br />

europeu).<br />

Dessa forma, -o e -e átonos finais, nos nomes, são a vogal temática desses nomes.<br />

O -a final de telefonem-a e artist-a é a vogal temática, porque não representa a flexão de<br />

gênero. Mas o -a de bel-a é desinência de gênero feminino. O gênero masculino é uma<br />

forma não marcada, ou seja, não possui desinência de gênero. O -o em bel-o é a vogal<br />

temática e não é desinência de gênero. O –a átono final será, então, desinência de feminino,<br />

quan<strong>do</strong> se opuser a um masculino sem esse –a. No vocábulo artist-a, esse morfema é<br />

usa<strong>do</strong> tanto para o masculino como para o feminino, então ele não pode ser uma desinência<br />

de gênero, mas sim uma vogal temática. Quan<strong>do</strong> o –a átono final não fizer oposição a um<br />

masculino, será uma vogal temática.<br />

O radical soma<strong>do</strong> à vogal temática formam o tema. Este serve de base para o<br />

acréscimo das desinências. Observemos os exemplos:<br />

Am- (radical), -a- (vogal temática), ama (tema).<br />

Port- (radical), -a (vogal temática), porta (tema).<br />

13


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

14<br />

Os nomes que não apresentam vogal temática e, portanto, nem tema,<br />

são chama<strong>do</strong>s atemáticos. São atemáticos os vocábulos oxítonos termina<strong>do</strong>s<br />

por vogal:<br />

ô e ó, como em avô e pó;<br />

ê e é, como em dendê e café;<br />

á e ã, como em maracujá e irmã;<br />

i e u, como em bisturi e caruru.<br />

No singular, os nomes termina<strong>do</strong>s em l, r, e s também não apresentam vogal temática.<br />

Estas aparecem apenas quan<strong>do</strong> os vocábulos estão no plural:<br />

mar, mares, -e vogal temática;<br />

vez, vezes, -e vogal temática;<br />

mal, males, -e vogal temática.<br />

Morfemas Derivacionais<br />

Os morfemas derivacionais servem para formar novas palavras com o acréscimo de<br />

afixos. Os afixos são morfemas que se anexam antes, no meio ou depois <strong>do</strong> radical para<br />

alterar o seu senti<strong>do</strong> ou acrescentar-lhe uma idéia secundária. Podem contribuir, ainda,<br />

para a mudança de classe <strong>do</strong> vocábulo, como exemplo: mal (adjetivo) e maldade<br />

(substantivo). Os afixos são classifica<strong>do</strong>s em prefixos, infixos ou sufixos.<br />

a) Prefixos – prefixo é um acréscimo feito antes <strong>do</strong> radical. Serve para derivar palavras.<br />

Os prefixos alteram o senti<strong>do</strong> das palavras às quais se juntam.<br />

Imoral e desonesto têm significa<strong>do</strong>s antônimos a moral e honesto.<br />

b) Infixo – é um morfema que se intercala no meio <strong>do</strong> vocábulo. Não existe infixo em<br />

Português. Alguns autores citam, como infixos, as chamadas consoantes e vogais de ligação:<br />

cafezinho, facilidade. No entanto, não podemos considerá-las como infixo, visto que não<br />

interferem na significação <strong>do</strong> vocábulo, fican<strong>do</strong>, assim, descaracteriza<strong>do</strong>s como morfemas.<br />

Na descrição mórfica, vogais e consoantes de ligação podem fazer parte <strong>do</strong> morfema<br />

seguinte.<br />

Ruazinha (o morfema –inha uniu-se a consoante de ligação –z-).<br />

Quanto às vogais de ligação, em <strong>português</strong>, existem apenas duas: /i/ e /o/. O /i/ de<br />

ligação acontece em vários contextos, mas vamos destacar apenas um exemplo em que a<br />

vogal antecede o sufixo –dade: dignidade. O /o/ só ocorre como vogal de ligação quan<strong>do</strong><br />

ela pode ser isolada, como é o caso de gasômetro. Nesse exemplo, temos os lexemas gás<br />

e metro.<br />

As consoantes de ligação mais ocorrentes em <strong>português</strong> são /z/ e /l/, conforme<br />

podemos verificar nos exemplos: cafezal, capinzal, paulada, chaleira. Pode haver, ainda, a<br />

ocorrência de outras consoantes, como /t/, em cafeteira.<br />

c) Sufixo – é um morfema acresci<strong>do</strong> após o radical para derivar nova palavra. Os<br />

sufixos flexionais são denomina<strong>do</strong>s desinências e serão estuda<strong>do</strong>s no próximo tópico. A<br />

função <strong>do</strong>s sufixos é acrescentar ao radical uma idéia secundária ou enquadrar a palavra<br />

numa outra classe gramatical.


Pedra – pedreiro;<br />

Leal – lealdade.<br />

Kehdi (1996) menciona que a diferença entre prefixos e sufixos não é meramente<br />

distribucional. O acréscimo de um prefixo não contribui para a mudança de classe <strong>do</strong> radical<br />

a que se atrela, diferentemente <strong>do</strong> que ocorre com os sufixos. Esse fato pode ser observa<strong>do</strong><br />

no exemplo acima: leal (adjetivo) e lealdade (substantivo).<br />

Os sufixos podem ser nominais, quan<strong>do</strong> contribuem para a formação de nomes<br />

(substantivos e adjetivos), e verbais. Como exemplo de sufixos nominais, há o sufixo –mento<br />

e –al (armamento e mortal). Em <strong>português</strong>, há um número grande de sufixos verbais: -ejar, -<br />

ear, -izar, -e(s)cer, -itar (purpurejar, galantear, civilizar, florescer, saltitar). Há também o sufixo<br />

adverbial –mente. Este se prende à forma feminina <strong>do</strong> adjetivo: rapidamente.<br />

Morfemas flexionais<br />

Os morfemas flexionais correspondem às flexões de gênero e número nos nomes<br />

(desinências nominais) e às flexões de tempo e mo<strong>do</strong> nos verbos (desinências verbais).<br />

Mesmo que se posicionem à direita <strong>do</strong> radical, como os sufixos, apresentam duas diferenças<br />

importantes com relação aos morfemas flexionais. O sufixo possibilita a criação de uma<br />

nova palavra. Ao acrescentarmos o sufixo –eiro ao substantivo ferro, obtemos um novo<br />

substantivo, ferreiro. Os morfemas flexionais não criam um novo vocábulo, apenas<br />

determinam o plural e o feminino. Casas não é uma outra palavra formada a partir de casa.<br />

O morfema –s de casas determina apenas o plural de casa.<br />

Outra diferença importante é que as desinências são morfemas que não se podem<br />

dispensar, mas os sufixos podem ser dispensa<strong>do</strong>s. Há palavras, em <strong>português</strong>, sem sufixos.<br />

No entanto, to<strong>do</strong> verbo está associa<strong>do</strong> às noções de tempo, de mo<strong>do</strong>, de número e de<br />

pessoa. O verbo estu<strong>do</strong>u, por exemplo, está na 3ª pessoa <strong>do</strong> singular (número) <strong>do</strong> pretérito<br />

perfeito (tempo) <strong>do</strong> indicativo (mo<strong>do</strong>).<br />

Essas considerações permitem-nos rever os problema <strong>do</strong> grau, interpreta<strong>do</strong> em<br />

nossas gramáticas como flexão. A expressão <strong>do</strong> grau pode ser feita de duas formas: um<br />

carrinho e um carro pequeno. Ou seja, -inho não é elemento de emprego obrigatório. Dessa<br />

forma, essa terminação –inho deve ser classificada como um sufixo e não como uma<br />

desinência de grau.<br />

Morfemas Flexionais<br />

Os morfemas flexionais correspondem às flexões de gênero e número nos nomes<br />

(desinências nominais) e as flexões de tempo e mo<strong>do</strong> nos verbos (desinências verbais).<br />

Mesmo que se posicionem à direita <strong>do</strong> radical, como os sufixos, apresentam duas diferenças<br />

importantes com relação aos morfemas flexionais. O sufixo possibilita a criação de uma<br />

nova palavra. Ao acrescentarmos o sufixo –eiro ao substantivo ferro, obtemos um novo<br />

substantivo, ferreiro. Os morfemas flexionais não criam um novo vocábulo, apenas<br />

determinam o plural e o feminino. Casas não é uma outra palavra formada a partir de casa.<br />

O morfema –s de casas determina apenas o plural de casa.<br />

Outra diferença importante é que as desinências são morfemas que não se podem<br />

dispensar, mas os sufixos podem ser dispensa<strong>do</strong>s. Há palavras, em <strong>português</strong>, sem sufixos.<br />

No entanto, to<strong>do</strong> verbo está associa<strong>do</strong> às noções de tempo, de mo<strong>do</strong>, de número e de<br />

pessoa. O verbo estu<strong>do</strong>u, por exemplo, está na 3ª pessoa <strong>do</strong> singular (número) <strong>do</strong> pretérito<br />

perfeito (tempo) <strong>do</strong> indicativo (mo<strong>do</strong>).<br />

Essas considerações permitem-nos rever os problema <strong>do</strong> grau, interpreta<strong>do</strong> em<br />

nossas gramáticas como flexão. A expressão <strong>do</strong> grau pode ser feita de duas formas: um<br />

carrinho e um carro pequeno. Ou seja, -inho não é elemento de emprego obrigatório. Dessa<br />

forma, essa terminação –inho deve ser classificada como um sufixo e não como uma<br />

desinência de grau.<br />

15


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

16<br />

Garota e Garoto<br />

Morfema Flexional de Gênero<br />

O gênero, em <strong>português</strong>, pode exprimir-se através de flexão (garoto/<br />

garota), de derivação, quan<strong>do</strong> uma das formas, masculina ou feminina, é<br />

formada pelo acréscimo de um sufixo ao radical (conde/condessa) ou por<br />

heteronímia, quan<strong>do</strong> o masculino e feminino são representa<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>is<br />

vocábulos diferentes (bode/cabra).<br />

Conde e Condessa<br />

Abordaremos, nesse material, apenas a formação de gênero através da flexão. Kehdi<br />

(1996) menciona que, ao contrário <strong>do</strong> que vinha afirman<strong>do</strong> a gramática tradicional, segun<strong>do</strong><br />

a qual uma forma feminina -a se opõe uma masculina –o, deve-se propor uma descrição<br />

original, um feminino –a oposto a um masculino sem morfema para determiná-lo. As palavras<br />

masculinas teriam apenas a vogal temática –o e não um morfema de gênero masculino –o.<br />

No vocábulo belo, o morfema –o é vogal temática e há ausência de morfema de gênero<br />

masculino, ou morfema zero. No vocábulo bela, –a é o morfema de gênero feminino.<br />

Não podemos considerar –o como marca de masculino por opor-se a –a (como<br />

garoto/garota), porque esse mesmo raciocínio nos obrigaria a considerar como masculino<br />

o –e de mestre, que também se opõe a –a de mestra. Se é fácil associar –o a masculino, o<br />

mesmo não se dá com –e, que pode estar liga<strong>do</strong> a um outro gênero, com em ponte (feminino).<br />

O melhor a fazer é considerar o masculino como uma forma desprovida de flexão específica,<br />

em oposição ao feminino, caracteriza<strong>do</strong> pela flexão em –a. A vogal final das formas<br />

masculinas seria, assim, uma vogal temática.<br />

Morfema Flexional de Número<br />

Comparemos os membros <strong>do</strong> par:<br />

Casa / casas<br />

Ao fazermos essa comparação, verificamos que, enquanto o plural é caracteriza<strong>do</strong><br />

pelo –s, o singular não apresenta nenhuma desinência específica. A ausência de desinência<br />

para o singular permite afirmar que, no que se refere ao número, o singular é caracteriza<strong>do</strong><br />

pelo morfema zero, que será estuda<strong>do</strong> mais adiante, ao passo que o plural é marca<strong>do</strong> pela<br />

desinência –s.<br />

Com relação aos nomes paroxítonos termina<strong>do</strong>s em –s, como lápis, simples, que<br />

permanecem invariáveis no singular e no plural, podemos considerar um alomorfe zero,<br />

que, também, será trata<strong>do</strong> nos próximos tópicos. Nesses casos, a identificação <strong>do</strong> número<br />

ocorre através da concordância.<br />

Lápis preto / lápis pretos


Morfema Flexionais <strong>do</strong> Verbo<br />

Segun<strong>do</strong> Kehdi (1996), há <strong>do</strong>is tipos de desinências verbais: as que exprimem mo<strong>do</strong><br />

e tempo (mo<strong>do</strong>-temporais) e as que indicam número e pessoa (número-pessoais). Nas<br />

formas verbais portuguesas, as desinências mo<strong>do</strong>-temporais precedem as númeropessoais.<br />

Desinências ou morfema flexional mo<strong>do</strong>-temporais<br />

Pretérito imperfeito <strong>do</strong> Indicativo – estudava (1ª conjugação) –<br />

estud (radical)/ -a- (vogal temática)/ -va (desinência mo<strong>do</strong>-temporal).<br />

Desinências ou morfema flexional número-pessoais<br />

1ª pessoa <strong>do</strong> plural – estudávamos (1ª conjugação) – estud (radical)/ -a- (vogal<br />

temática)/ -va- (desinência mo<strong>do</strong>-temporal)/ -mos (desinência número/pessoal).<br />

Para resumir os morfemas gramaticais que acabamos de estudar, observem que a<br />

morfologia derivacional, conforme Sândalo (2004), tem característica de alterar a categoria<br />

gramatical de uma palavra. Em nacionalização, temos a transformação <strong>do</strong> adjetivo nacional<br />

em substantivo. A morfologia derivacional também não é produtiva, já que não podemos<br />

adicionar qualquer morfema derivacional a qualquer radical. O morfema –iz- adiciona<strong>do</strong> ao<br />

substantivo hospital vai criar hospitalizar, mas não podemos fazer o mesmo em clínica e<br />

criar clinizar. Podemos dizer clinicar e não clinizar.<br />

A morfologia flexional não altera categorias. Ela estabelece ligações entre as palavras.<br />

No trecho, os macacos bonitos, se o vocábulo macaco está no plural, to<strong>do</strong>s os outros termos<br />

relaciona<strong>do</strong>s a ele vão para o plural também. A morfologia flexional é produtiva. Ou seja,<br />

qualquer verbo pode ser marca<strong>do</strong> por um morfema indican<strong>do</strong> terceira pessoa <strong>do</strong> plural<br />

(plantamos, comemos) e qualquer artigo pode ser pluraliza<strong>do</strong> (mesas, copos).<br />

To<strong>do</strong>s esses morfemas lexicais e gramaticais, que acabamos de ver, são classifica<strong>do</strong>s<br />

quanto ao significa<strong>do</strong>. Veremos, a seguir, os morfemas classifica<strong>do</strong>s quanto ao significante.<br />

Ainda Ainda temos temos a a a c cclassif<br />

c classif<br />

lassif lassificação lassif icação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>s morf morfemas morf morfemas<br />

emas quanto quanto quanto ao<br />

ao<br />

signif significante<br />

signif icante icante. icante . V VVamos<br />

V amos a a ela?<br />

ela?<br />

TIPOS DE MORFEMAS QUANTO AO SIGNIFICANTE<br />

Segun<strong>do</strong> Zanotto (1986), os tipos de morfemas quanto ao significante são: aditivo,<br />

subtrativo, alternativo, zero (Ø).<br />

ADITIVO<br />

O morfema aditivo é representa<strong>do</strong> pelo acréscimo de um segmento mórfico ao<br />

morfema lexical (radical). Esse acréscimo pode ocorre antes, no meio ou depois <strong>do</strong> radical.<br />

Antes <strong>do</strong> radical – são os prefixos. Exemplo: impor.<br />

No meio <strong>do</strong> radical – são os infixos. Na língua portuguesa não há infixos, como já<br />

vimos anteriormente. O que pode ocorrer no meio <strong>do</strong> vocábulo são as consoantes e as<br />

vogais de ligação.<br />

Depois <strong>do</strong> radical – são os sufixos e os morfemas flexionais. Exemplo: papelada/<br />

casas.<br />

17


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

18<br />

SUBTRATIVO<br />

Os morfemas subtrativos resultam da supressão de um segmento fônico<br />

<strong>do</strong> morfema lexical. No conjunto órfão – órfã, a noção de feminino, em vez de<br />

aparecer indicada através da adição de um morfema à forma masculina, ocorre<br />

a subtração dessa forma.<br />

ALTERNATIVO<br />

Os morfemas alternativos caracterizam-se pela alternância de fonemas dentro <strong>do</strong><br />

próprio lexema. Vamos observar os seguintes exemplos:<br />

Avô e avó;<br />

Pude e pôde.<br />

Entre os nomes, a vogal tônica /-ô/ <strong>do</strong> masculino singular pode alternar com um /-ó/<br />

no feminino e no plural, conforme demonstram os exemplos a seguir:<br />

Povo – povos; formoso – formosa.<br />

A alternância <strong>do</strong>s nomes é um traço morfológico secundário, porque ela complementa<br />

as flexões de gênero e número. Os exemplos cita<strong>do</strong>s, além das marcas /-s/ e /-a/, carregam<br />

na formação <strong>do</strong> número e gênero, respectivamente, a alternância vocálica /-ô/ - /-ó/ como<br />

traço redundante.<br />

MORFEMA-ZERO (Ø)<br />

O morfema zero, representa<strong>do</strong> pelo símbolo Ø, consiste na ausência significativa de<br />

morfema. Kehdi (1996) menciona que, ao compararmos estas duas formas verbais:<br />

Falávamos;<br />

Falava Ø.<br />

Quanto a falávamos, destacamos o morfema /–mos/, indicativo de primeira pessoa<br />

<strong>do</strong> plural. Em relação a falava, sabemos que representa a primeira ou terceira pessoa <strong>do</strong><br />

singular. No entanto, não existe nesse vocábulo nenhum segmento que exprima essas<br />

noções. É a ausência de marca que, aqui, indica a pessoa e o número. Nesse caso, falamos<br />

em morfema zero.<br />

Para haver um morfema Ø, é preciso que o morfema Ø corresponda a um espaço<br />

vazio. Esse espaço vazio deve opor-se a um segmento. No par utiliza<strong>do</strong>, o Ø de falava<br />

contrapõe-se ao /–mos/ de falávamos.<br />

Além disso, na análise <strong>do</strong> morfema Ø, é importante destacar que a noção expressa<br />

por esse morfema Ø deve estar relacionada com a classe gramatical <strong>do</strong> vocábulo em questão.<br />

No exemplo cita<strong>do</strong> anteriormente, as noções de número e pessoa existem, obrigatoriamente,<br />

em qualquer forma verbal portuguesa. Contu<strong>do</strong>, no par:<br />

Fiel;<br />

Fielmente.<br />

Não podemos considerar a ausência <strong>do</strong> sufixo /–mente/ no vocábulo fiel como um<br />

morfema Ø, porque, em <strong>português</strong>, morfemas como –mente não são atribuí<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os<br />

adjetivos. Não há formas, em nossa língua, como vermelhamente.


Mas, no par a seguir esse fato não acontece:<br />

Casa Ø;<br />

Casas.<br />

A palavra casa no singular é a ausência <strong>do</strong> morfema de plural. Dessa forma, temos,<br />

aqui, um exemplo de morfema Ø (de singular), porque a noção de número é inerente a<br />

qualquer substantivo de nossa língua. O singular, em <strong>português</strong>, caracteriza-se pela ausência<br />

de morfema de número, isto é, pelo morfema zero, enquanto o plural apresenta morfema<br />

aditivo sufixal –s. Vejamos outros exemplos quanto ao número:<br />

Menino Ø – meninos;<br />

Ave Ø – aves.<br />

O morfema Ø também ocorre para indicar o gênero masculino em oposição ao<br />

feminino que, em geral, é marca<strong>do</strong> pelo morfema –a. Vamos analisar mais alguns exemplos.<br />

Em:<br />

Aluno Ø, mestre Ø.<br />

O masculino está indica<strong>do</strong> pelo morfema zero (de gênero). O –o e –e átonos finais<br />

são, nesse caso, vogal temática. Mas, o feminino tem como marca o morfema –a. Observem:<br />

Aluna, mestra.<br />

Aluno Ø, mestre Ø.<br />

O morfema zero é um artifício para dar mais coerência à descrição da estrutura<br />

morfológica, uma vez que demonstra, no vocábulo, a ausência significativa de um morfema,<br />

como os morfemas de número e de gênero nos nomes e os morfemas número-pessoais e<br />

mo<strong>do</strong>-temporais nos verbos. Vejamos os exemplos com os vocábulos verbais:<br />

Observemos, a seguir, alguns exemplos de tipos de morfemas:<br />

(ele) anda – (nós) andamos: morfema aditivo;<br />

cor – cores: morfema aditivo;<br />

(nós) falamos – (ele) fala Ø: morfema zero;<br />

réu – ré: morfema subtrativo.<br />

pôde – pode: morfema alternativo.<br />

19


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

20<br />

ALOMORFIA<br />

Zanotto (1986) coloca que o prefixo grego alo significa diferente, e<br />

morfia quer dizer forma. Assim, alomorfia significa forma diferente para o<br />

mesmo morfema. Dessa maneira, em, por exemplo:<br />

chuva e pluvial.<br />

Temos o mesmo semantema com duas formas: chuv- e pluv-. São formas diferentes<br />

<strong>do</strong> mesmo radical. A alomorfia, segun<strong>do</strong> Carone (2004), constitui, assim, uma diferença de<br />

significante e não de significa<strong>do</strong>.<br />

Kedhi (1996) coloca que nem sempre os morfemas são caracteriza<strong>do</strong>s por uma<br />

única forma. Assim, no adjetivo infeliz, a comparação com feliz permite-nos depreender o<br />

morfema in-. Esse mesmo morfema realiza-se como i- antes de radicais inicia<strong>do</strong>s por l-, me<br />

r-: ilegal, imoral e irreal. Essas diferentes realizações são designadas como alomorfes.<br />

Nos verbos, há também casos de alomorfia. O morfema da 1ª pessoa <strong>do</strong> singular <strong>do</strong><br />

presente <strong>do</strong> indicativo realiza-se com o morfema –o (falo, bebo e parto) e com o morfema –<br />

ou, condiciona<strong>do</strong> por alguns radicais (vou, sou, <strong>do</strong>u estou).<br />

Os casos de alomorfia são muito numerosos no Português. Vejamos uma relação de<br />

radicais alomórficos:<br />

alm-a / anim-ar;<br />

cabeç-a / de-capit-ar;<br />

chumb-o / plumb-o.<br />

É preciso não confundir alomorfe com acomodação ortográfica. Zanotto (1986) afirma<br />

que a alomorfia é forma com fonemas diferentes. Escrita diferente nem sempre provoca<br />

alomorfia. Assim, os radicais de paz e pacificar não são alomórficos, porque o fonema se<br />

mantém, mesmo que a escrita seja alterada.<br />

Quan<strong>do</strong>, numa série de alomorfes, houver a ausência de um traço formal significativo<br />

num determina<strong>do</strong> ponto da série, podemos denominar de alomorfe Ø essa ausência. É o<br />

que se pode verificar no substantivo pires, que apresenta a mesma forma para o singular e<br />

para o plural. Não há, nesse vocábulo, um morfema que indique o plural. A idéia de número<br />

ocorre quan<strong>do</strong> a palavra está inserida num contexto:<br />

o pires novo (singular);<br />

os pires novos (plural).<br />

Os vocábulos lápis e artista, por exemplo, funcionam isola<strong>do</strong>s e inaltera<strong>do</strong>s para<br />

indicar as significações gramaticais de singular-plural e de masculino-feminino,<br />

respectivamente. Nesse caso, os morfemas básicos de plural /-s/ e de feminino /-a/ realizamse<br />

algumas vezes como Ø na qualidade de alomorfes.


Atividades<br />

Atividades<br />

Complementares<br />

Complementares<br />

1. Com base no quadro a seguir, elabore um texto confrontan<strong>do</strong> derivação e flexão.<br />

2.<br />

2.<br />

2. Leia o texto a seguir e analise, morfologicamente, as palavras em destaque:<br />

O homem troca<strong>do</strong><br />

O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação.<br />

Há uma enfermeira <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong>. Ele pergunta se foi tu<strong>do</strong> bem.<br />

- Tu<strong>do</strong> perfeito – diz a enfermeira, sorrin<strong>do</strong>.<br />

- Eu estava com me<strong>do</strong> desta operação...<br />

- Por quê? Não havia risco nenhum.<br />

- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem si<strong>do</strong> uma série de enganos...<br />

E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês<br />

no berçário e ele foi cria<strong>do</strong> até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam<br />

o fato de terem um filho claro com olhos re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s. Descoberto o erro, ele fora viver com<br />

seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai aban<strong>do</strong>nara a mulher depois<br />

que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.<br />

- E o meu nome? Outro engano.<br />

- Seu nome não é Lírio?<br />

- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...<br />

Os enganos se sucediam. Na escola, vivia receben<strong>do</strong> castigo pelo que não fazia.<br />

Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computa<strong>do</strong>r<br />

se enganara, seu nome não apareceu na lista.<br />

- Há anos que a minha conta <strong>do</strong> telefone vem com cifras incríveis. No mês passa<strong>do</strong><br />

tive que pagar mais de R$ 3 mil.<br />

- O senhor não faz chamadas interurbanas?<br />

- Eu não tenho telefone!<br />

Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.<br />

- Por quê?<br />

- Ela me enganava.<br />

Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que<br />

não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quan<strong>do</strong> ouvira o médico dizer:<br />

- O senhor está desengana<strong>do</strong>.<br />

Mas também fora um engano <strong>do</strong> médico. Não era tão grave assim. Uma simples<br />

apendicite.<br />

- Se você diz que a operação foi bem...<br />

21


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

22<br />

A enfermeira parou de sorrir.<br />

- Apendicite? – perguntou, hesitante.<br />

- É. A operação era para tirar o apêndice.<br />

- Não era para trocar de sexo?<br />

Observe o quadro e analise morficamente as palavras retiradas <strong>do</strong> texto:<br />

VERÍSSIMO, Luis Fernan<strong>do</strong>. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.


FORMAÇÃO E CLASSES DE PALAVRAS<br />

Catar feijão<br />

Catar feijão se limita com escrever:<br />

jogam-se os grãos na água <strong>do</strong> alguidar<br />

e as palavras na folha de papel;<br />

e depois, joga-se fora o que boiar.<br />

Certo, toda palavra boiará no papel,<br />

água congelada, por chumbo seu verbo:<br />

pois para catar esse feijão, soprar nele,<br />

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.<br />

Ora, nesse catar feijão entra um risco:<br />

o de que entre os grãos pesa<strong>do</strong>s entre<br />

um grão qualquer, pedra ou indigesto,<br />

um grão imastigável, de quebra dente.<br />

Certo não, quan<strong>do</strong> ao catar palavras<br />

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:<br />

obstrui a leitura fluviante, flutual,<br />

açula a atenção, isca-a com risco.<br />

Carone (2004) diz que João Cabral teoriza, desmascaran<strong>do</strong> o segre<strong>do</strong> mágico da<br />

palavra poética, aplica sua receita e cria duas palavras-pedra: flutual e fluviante, e<br />

identificamos a causa <strong>do</strong> estranhamento. O poeta mu<strong>do</strong>u os sufixos das palavras flutuante e<br />

fluvial. Um jogo morfológico, possível graças à propriedade <strong>do</strong>s morfemas de se encaixarem<br />

e desencaixarem como peças de um brinque<strong>do</strong> infantil, com as quais fazemos tratores,<br />

casas ou moinhos de vento. Esta é a beleza de estudar a formação das palavras: a liberdade<br />

de criação.<br />

Você ocê ocê não não ac acha ac ha que que que a a f fformação<br />

f ormação de de pala palavr pala vr vras vr as enriquece enriquece enriquece a<br />

a<br />

nossa nossa língua? língua?<br />

língua?<br />

FORMAÇÃO DE PALAVRAS<br />

O léxico de uma língua, conforme Carone (2004), pode ampliar-se por empréstimo<br />

de palavras de outras línguas. Mas os recursos mais atuantes são internos ao sistema,<br />

sempre prontos para entrar em processo e desencadear a formação de novas palavras.<br />

Vamos tratar, a partir desse momento, da natureza desses procedimentos e fazer algumas<br />

reconsiderações sobre a classificação <strong>do</strong>s morfemas.<br />

Basílio (1987) menciona que estes processos tão simples e transparentes, de cujo<br />

funcionamento nem sempre nos conscientizamos, escondem mistérios às vezes resistentes<br />

a toda tentativa de explicação. Um <strong>do</strong>s problemas básicos com que se defronta a pesquisa<br />

no campo da formação de palavras é o da aceitação ou não de combinações de formas.<br />

Por exemplo, por que aceitamos facilmente palavras como convencional e religioso,<br />

mas não aceitamos convencioso ou religional? Poderíamos dizer que se trata apenas de<br />

uma questão de uso. As duas palavras são bem conhecidas e sabemos que as palavras<br />

23


são religioso e convencional. A explicação é válida. Muitas vezes, não<br />

consideramos certas construções como palavras viáveis pelo simples fato de<br />

que já existem outras, consagradas pelo uso.<br />

Morfossintaxe Nesse momento, você deve estar se fazen<strong>do</strong> uma pergunta: por que<br />

<strong>do</strong> Português formarmos palavras? Ao acrescentarmos o sufixo –ção ao verbo agilizar com<br />

o objetivo de torná-lo substantivo. Este seria, assim, uma das razões para<br />

formamos palavras. Então, temos uma palavra de uma classe ou categoria<br />

lexical, um verbo, por exemplo, e precisamos usá-la como substantivo. Nesse caso, formamos<br />

uma palavra nova para poder utilizar o significa<strong>do</strong> de uma palavra já existente num contexto<br />

que requer uma classe gramatical diferente.<br />

Este é, sem dúvida, um <strong>do</strong>s usos mais freqüentes na formação de palavras novas.<br />

Esse aspecto da formação de palavras, ou seja, a mudança de classe de palavra é um<br />

recurso muito importante para a produção textual. Ao escrever um texto, podemos mudar a<br />

classe da palavra para evitar a repetição de palavras. Por exemplo, estamos escreven<strong>do</strong><br />

um texto sobre a beleza negra. Para não repetir a palavra beleza no texto, podemos usar o<br />

verbo embelezar, o adjetivo belo, fazen<strong>do</strong>, obviamente, alterações na estrutura da frase.<br />

Há, também, outras maneiras de formar palavras sem a mudança de classe<br />

gramatical. Vejamos, por exemplo, o caso <strong>do</strong>s diminutivos. Podemos estabelecer <strong>do</strong>is fatos.<br />

O primeiro caso é que o diminutivo é usa<strong>do</strong> para adicionar ao significa<strong>do</strong> de um palavra<br />

uma referência a uma dimensão pequena (casa/casinha) ou um senti<strong>do</strong> afetivo (amor/<br />

amorzinho). O segun<strong>do</strong> caso é que o diminutivo sempre acompanha a classe da palavra<br />

básica à qual se aplica. Ou seja, não há mudança de classe de palavra.<br />

24<br />

MELO NETO, João Cabral. Melhores Poemas. São Paulo: Global, 1998.<br />

Livro – substantivo / livrinho – substantivo também.<br />

Um outro exemplo sem mudar a classe da palavra seria o <strong>do</strong> sufixo –eiro. Uma das<br />

várias acepções desse sufixo seria a formação de substantivos que indicam indivíduos que<br />

exercem alguma atividade sistemática em relação ao objeto concreto que serve de base<br />

para a formação da palavra. Por exemplo:<br />

Sapato – sapateiro (indivíduo que conserta sapato).<br />

Um outro exemplo de palavras que formamos sem alterar a classe gramatical é o<br />

caso de palavras formadas com o acréscimo de prefixo. Os prefixos nunca mudam a classe<br />

da palavra a que se adicionam. O prefixo é usa<strong>do</strong> para formar outra palavra semanticamente<br />

relacionada com a palavra-base. Analisemos os exemplos com os prefixos pré- e re-:<br />

Pré-vestibular e pré-a<strong>do</strong>lescência;<br />

Refazer, relembrar.<br />

Uma outra razão para haver a formação de palavras numa língua é a economia de<br />

palavras. Por que não temos uma palavra para cada uso semântico necessário ou para<br />

cada classe gramatical? Em vez de termos algo como viável/viabilidade ou fazer/desfazer,<br />

poderíamos ter palavras, como acontece, por exemplo, com querer/vontade, bonito/beleza?<br />

Ou seja, para cada mudança de classe ou acréscimo semântico, poderíamos ter<br />

uma palavra inteiramente diferente. Mas, nesse caso, tornaria a língua um sistema de


comunicação menos eficiente porque teríamos que multiplicar muitas vezes o número de<br />

palavras <strong>do</strong> vocabulário básico. Assim, a razão básica de formamos palavras é a de que<br />

seria muito difícil para a memória captar e guardar formas diferentes para cada necessidade<br />

que nós temos de usar palavras em diferentes contextos e situações.<br />

Silva e Koch (2003) mencionam que para fazer uma análise <strong>do</strong>s mecanismos<br />

utiliza<strong>do</strong>s na formação de palavras, é importante destacar a existência de palavras simples<br />

e composta. As palavras simples contêm apenas um morfema lexical e as palavras compostas<br />

contêm mais de um morfema lexical. As simples podem, portanto, ser primitivas ou<br />

derivadas. As primitivas são as que não se originam de nenhuma outra palavra e servem de<br />

base para a formação das palavras derivadas.<br />

Os principais processos de formação de novas palavras são a derivação e a<br />

composição. No próximo tópico, veremos esses processos mais detalhadamente.<br />

DERIVAÇÃO<br />

A derivação, conforme, Silva e Koch (2003) consiste na formação de palavras por<br />

meio de afixo agrega<strong>do</strong>s a um morfema lexical (radical). Em <strong>português</strong>, este é o procedimento<br />

mais produtivo para o enriquecimento <strong>do</strong> léxico. Realiza-se sobre apenas um morfema lexical,<br />

ao qual se articulam os morfemas derivacionais (os afixos). A derivação é classificada em<br />

prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva e imprópria.<br />

A derivação prefixal acontece quan<strong>do</strong> há adição de prefixos ao morfema lexical.<br />

Reter, ilegal, subtenente, compor.<br />

A derivação sufixal ocorre sempre que acrescentamos sufixos ao morfema lexical.<br />

Saboroso, ponteira, grandalhão, barcaça, vozinha, toquinho.<br />

A derivação prefixal e sufixal é o acréscimo de um prefixo e um sufixo ao morfema<br />

lexical. Nesse tipo de derivação, o vocábulo pode existir isoladamente ou com o prefixo ou<br />

com o sufixo.<br />

Inutilizar – inútil / utilizar;<br />

Infelizmente – infeliz / felizmente.<br />

Deslealdade – desleal / lealdade.<br />

A derivação parassintética é a adição simultânea de um prefixo e um sufixo ao morfema<br />

lexical. A parassíntese diferencia-se da derivação prefixal e sufixal pelo fato de o prefixo e o<br />

sufixo serem acrescenta<strong>do</strong>s ao morfema lexical ao mesmo tempo. Os prefixos que geralmente<br />

entram na formação <strong>do</strong>s vocábulos parassintéticos são es-, em- ou en- e a-.<br />

Anoitecer – não existe o vocábulo anoite nem noitecer.<br />

Entardecer – não existe entarde nem tardecer.<br />

Esvoaçar – não há esvoa nem voaçar.<br />

A parassíntese consiste, basicamente, num processo de formação de verbos, em<br />

especial daqueles que exprimem mudança de esta<strong>do</strong>, tais como engrossar, amadurecer,<br />

rejuvenescer, mas encontram-se também, na língua, adjetivos forma<strong>do</strong>s por parassíntese<br />

como desalma<strong>do</strong> e desdenta<strong>do</strong>.<br />

Nos tipos de derivação apresenta<strong>do</strong>s até o momento, a palavra nova resulta de<br />

acréscimo de afixos aos morfemas lexicais. Neles, há, pois, uma constante: a palavra<br />

derivada amplia a primitiva.<br />

Há, porém, um processo de criação vocabular – a derivação regressiva – que é feita,<br />

ao contrário <strong>do</strong>s outros processos, pela subtração de morfemas.<br />

25


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

26<br />

caçar (palavra primitiva) – caça (palavra derivada);<br />

cortar (palavra primitiva) – corte (palavra derivada);<br />

jogar(palavra primitiva) – jogo (palavra derivada);<br />

Esse tipo de derivação, também chamada de deverbal, é responsável<br />

pela formação de substantivos que provêm de verbos. São substantivos deverbais os nomes<br />

de ação.<br />

Há, ainda, um outro tipo de derivação: a derivação imprópria, isto é, ao processo de<br />

enriquecimento vocabular provoca<strong>do</strong> pela mudança da classe de palavras. Nesse processo,<br />

acontece a passagem de substantivos a adjetivos, de adjetivos a advérbios.<br />

Rádio-relógio – relógio é um substantivo e foi usa<strong>do</strong> nesse vocábulo como adjetivo.<br />

Ler alto / falar baixo – alto e baixo são adjetivos e foram usa<strong>do</strong>s nessa forma como<br />

advérbios.<br />

Esse tipo de derivação é um processo sintático-semântico e não morfológico, uma<br />

vez que não há alteração no vocábulo. Ocorre, assim, mudanças na sua posição na frase<br />

(sintaxe) e no seu senti<strong>do</strong> (semântica).<br />

COMPOSIÇÃO<br />

A composição, segun<strong>do</strong> Silva e Koch (2003), é o processo de formação de palavras<br />

que cria novos vocábulos pela combinação de outros já existentes, dan<strong>do</strong> origem a um<br />

novo significa<strong>do</strong>. Através desse processo combinam-se <strong>do</strong>is morfemas lexicais, ocorren<strong>do</strong><br />

entre eles uma união <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s de cada morfema.<br />

Guarda-chuva;<br />

Pé-de-moleque.<br />

A partir da combinação <strong>do</strong>s morfemas lexicais, a composição dá origem a uma palavra<br />

composta. Esse processo de formação de palavras pode ocorrer por justaposição ou por<br />

aglutinação.<br />

A justaposição acontece quan<strong>do</strong> as palavras se unem sem qualquer alteração fonética<br />

ou gráfica. Na justaposição, os vocábulos que se combinam são coloca<strong>do</strong>s la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>,<br />

manten<strong>do</strong> a sua autonomia fonética. São escritos ora uni<strong>do</strong>s, ora separa<strong>do</strong>s, com ou sem<br />

hífen.<br />

Girassol;<br />

Pé-de-vento;<br />

Amor-perfeito.<br />

A aglutinação é o processo no qual as palavras se juntam, com a perda de alguns<br />

elementos fonéticos.<br />

Planalto = plano + alto;<br />

Aguardente = água + ardente;<br />

Pontiagu<strong>do</strong> = ponta + agu<strong>do</strong>.


Silva e Koch (2003) colocam que, <strong>do</strong> ponto de vista sincrônico, só se leva em conta<br />

a aglutinação quan<strong>do</strong>, através da análise mórfica, for possível a depreensão de <strong>do</strong>is<br />

morfemas lexicais. Nos casos em que o falante nativo não tem consciência da existência<br />

desses <strong>do</strong>is morfemas, não podemos considerar um caso de composição. É o que ocorre<br />

com vocábulos como fidalgo (filho de algo), agrícola (habitante <strong>do</strong> campo), aqueduto (condutor<br />

de água). O que representam hoje, por exemplo, os morfemas agri e cola? Só um estudioso<br />

da história da língua pode descobrir a aglutinação nessas palavras.<br />

Basílio (1987) menciona que o que caracteriza e define a função <strong>do</strong> processo de<br />

composição é a sua estrutura, de tal maneira que, das bases que se juntam para formar<br />

uma palavra, cada uma tem seu papel defini<strong>do</strong> pela estrutura. Por exemplo, em compostos<br />

<strong>do</strong> tipo substantivo + substantivo, o primeiro substantivo funciona como núcleo da construção<br />

e o segun<strong>do</strong> como modifica<strong>do</strong>r ou especifica<strong>do</strong>r:<br />

sofá-cama, peixe-espada, couve-flor.<br />

Além da derivação e da composição, existem, em <strong>português</strong>, outros processos de<br />

formação de palavras: a abreviação, a reduplicação ou a onomatopéia, as siglas e o<br />

hibridismo.<br />

A abreviação, ocasionada por economia, consiste no emprego de uma parte da<br />

palavra pelo to<strong>do</strong>, até limites que não prejudiquem a compreensão. Esse fato ocorre em<br />

vocábulos longos. Vejamos os seguintes exemplos:<br />

auto (por automóvel);<br />

foto (fotografia);<br />

moto (motocicleta).<br />

A reduplicação, também chamada de duplicação silábica, consiste na repetição de<br />

uma sílaba na formação de novas palavras como Zezé. Quan<strong>do</strong> a reduplicação procura<br />

reproduzir aproximadamente certos sons ou certos ruí<strong>do</strong>s, tem-se as onomatopéias:<br />

tique-taque;<br />

zum-zum;<br />

As siglas consistem na redução de longos títulos às letras iniciais das palavras que<br />

as compõem:<br />

PTB (Parti<strong>do</strong> Trabalhista Brasileiro);<br />

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).<br />

O hibridismo é a união de duas palavras, cujos elementos provêm de línguas diversas:<br />

Sociologia: latim + grego;<br />

Burocracia: francês + grego.<br />

Silva e Koch (2003) não consideram o hibridismo um novo processo de formação<br />

vocabular, visto que o falante nativo, exceção feita ao estudioso da língua, não consegue<br />

reconhecer sincronicamente a origem da palavra. Essa distinção será feita num estu<strong>do</strong><br />

diacrônico ou num levantamento etimológico. Assim, parece mais adequa<strong>do</strong> tratar o<br />

hibridismo como um processo de justaposição quan<strong>do</strong> resulta da junção de <strong>do</strong>is morfemas<br />

lexicais ou entre os de derivação, quan<strong>do</strong> é forma<strong>do</strong> pela combinação de afixo e morfema<br />

lexical.<br />

27


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

28<br />

CLASSES DE PALAVRAS<br />

Vimos anteriormente que uma das funções mais comuns que temos<br />

para a formação de palavras é a mudança de classe. O sufixo –mento<br />

transforma um verbo num substantivo, como no exemplo a seguir:<br />

Neste caso, o melhor é esquecer (verbo).<br />

Neste caso, o melhor é o esquecimento (substantivo).<br />

O sufixo –<strong>do</strong>r, que também forma um substantivo a partir de um verbo, confere a esse<br />

substantivo a noção de indivíduo caracteriza<strong>do</strong> pela idéia veiculada pelo verbo. Vejamos o<br />

exemplo abaixo:<br />

Carlos pensa (muito).<br />

Carlos é um pensa<strong>do</strong>r.<br />

Basílio (1987) ressalta que a questão da função da mudança de classe nos processos<br />

de formação de palavras está envolvida com a própria questão das classes de palavras.<br />

Assim, como já abordamos a formação de palavras no tópico anterior, vamos tratar, a partir<br />

desse momento, a questão das classes de palavras.<br />

As classes de palavras podem ser definidas por critérios semânticos, sintáticos e<br />

morfológicos. As gramáticas normativas privilegiam o critério semântico na classificação<br />

das palavras, embora utilizem to<strong>do</strong>s os critérios.<br />

O CRITÉRIO SEMÂNTICO<br />

As classes de palavras são definidas a partir <strong>do</strong> critério semântico quan<strong>do</strong><br />

estabelecemos tipos de significa<strong>do</strong> como base para a atribuição de palavras a classes.<br />

Basílio (1987) coloca que a maioria das definições de substantivo encontrada nas gramáticas<br />

tradicionais é de base semântica. Geralmente, o substantivo é defini<strong>do</strong> com relativa facilidade<br />

pelo critério semântico.<br />

Porém, o conceito <strong>do</strong> adjetivo é bem mais difícil a partir <strong>do</strong> critério semântico, visto<br />

que o adjetivo não pode ser defini<strong>do</strong> por si só, sem a pressuposição <strong>do</strong> substantivo. Sua<br />

razão de ser é a especificação <strong>do</strong> substantivo.<br />

Criança bonita;<br />

Criança magra;<br />

Criança sadia.<br />

Com esses exemplos, podemos verificar que uma série de conceitos diferentes pode<br />

ser expressa pela especificação de um adjetivo ao substantivo. Esta é a função <strong>do</strong> adjetivo:<br />

especificar o substantivo. É uma função nitidamente semântica, mas é uma função<br />

dependente <strong>do</strong> substantivo por sua própria natureza.<br />

Quanto ao verbo, é comum defini-lo semanticamente como a palavra que exprime<br />

ações, esta<strong>do</strong>s ou fenômenos. Essa definição, pura e simples, em termos semânticos, não<br />

é suficiente, já que ações, esta<strong>do</strong>s e fenômenos podem ser expressos por substantivos.<br />

Dessa forma, é preciso acrescentar à definição semântica <strong>do</strong> verbo, uma definição<br />

morfológica.


No caso <strong>do</strong> advérbio, teríamos algo semelhante ao caso <strong>do</strong> adjetivo, já que advérbios<br />

permitem especificação da ação, esta<strong>do</strong> ou fenômeno descrito pelo verbo. Assim, podemos<br />

perceber que o critério semântico é fundamental para a definição das classes vocabulares,<br />

mas não é um critério suficiente.<br />

O CRITÉRIO MORFOLÓGICO<br />

O critério morfológico, de acor<strong>do</strong> com Basílio (1987), é a atribuição de palavras a<br />

diferentes classes, a partir das categorias gramaticais que apresentem e das características<br />

de variação de forma que se mostrem em conjunção com tais categorias. De acor<strong>do</strong> com o<br />

critério morfológico, o substantivo é defini<strong>do</strong> como uma palavra que apresenta as categorias<br />

de gênero e número, com as flexões correspondentes.<br />

Apesar de mostrar eficiência em relação a classes como verbo e advérbio, a definição<br />

morfológica <strong>do</strong> substantivo não diferencia adequadamente esta classe da <strong>do</strong>s adjetivos, já<br />

que estes possuem as mesmas categorias. A classe <strong>do</strong>s verbos é a mais privilegiada quanto<br />

a uma definição pelo critério morfológico, por causa da riqueza e particularidade da flexão<br />

verbal. Dessa maneira, o verbo, muitas vezes, é defini<strong>do</strong> exclusivamente a partir de critérios<br />

morfológicos. Quanto ao advérbio, este pode ser defini<strong>do</strong> em oposição às demais classes<br />

analisadas pela propriedade de ser morfologicamente invariável.<br />

O CRITÉRIO SINTÁTICO<br />

As classes de palavras também podem ser definidas, segun<strong>do</strong> Basílio (1987), por<br />

um critério sintático. Nessa situação, atribuímos palavras às classes a partir de propriedades<br />

distribucionais (em que posições estruturais as palavras podem ocorrer) e funcionais (quais<br />

as funções que podem exercer na estrutura sintática).<br />

O substantivo é a palavra que pode exercer a função de núcleo <strong>do</strong> sujeito, objeto e<br />

agente da passiva. Outra possibilidade de caracterização é a posição de núcleo frente a<br />

determinantes como artigos, demonstrativos e possessivos ou modifica<strong>do</strong>res, como<br />

adjetivos. Assim, por exemplo, dizemos que sapato é um substantivo porque podemos dizer<br />

o sapato, meu sapato, este sapato, sapato bonito. Já bonito não é um substantivo, pois não<br />

podemos dizer o bonito, meu bonito, este bonito.<br />

Adjetivo é defini<strong>do</strong> como palavra que acompanha, modifica ou caracteriza o<br />

substantivo. É interessante notar, no entanto, que a definição puramente sintática <strong>do</strong> adjetivo<br />

não é suficiente, visto que não distingue adjetivos de determinantes. Estes últimos também<br />

acompanham o substantivo. A diferença é que os determinantes apontam e estabelecem<br />

relações enquanto adjetivos caracterizam ou especificam. Mas essa diferença é mais de<br />

natureza semântica e discursiva <strong>do</strong> que sintática.<br />

A classe <strong>do</strong>s verbos é bastante difícil de definir em termos sintáticos, da<strong>do</strong> que o<br />

predica<strong>do</strong> pode não ser verbal. Já no caso <strong>do</strong> advérbio, a definição sintática é fácil, já que<br />

o advérbio exerce junto ao verbo função de modifica<strong>do</strong>r, análoga à função exercida pelo<br />

adjetivo junto ao nome. Essa colocação não cobre to<strong>do</strong>s os casos, uma vez que as palavras<br />

que consideramos como advérbio podem-se referir à frase como to<strong>do</strong>.<br />

Uma questão que se coloca em relação às classes de palavras é a questão da<br />

multiplicidade de critérios de classificação. Em princípio, um item lexical é um complexo de<br />

propriedades morfológicas, sintáticas e semânticas. Assim, sua pertinência à classe deve<br />

ser estabelecida em termos morfológicos, semânticos e sintáticos.<br />

29


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

30<br />

Atividades<br />

Atividades<br />

Complementares<br />

Complementares<br />

As questões dessa atividade complementar estão relacionadas com esse texto.<br />

Os Estatutos <strong>do</strong> Homem<br />

(Ato Institucional Permanente)<br />

Artigo 1: Fica decreta<strong>do</strong> que agora vale a verdade,<br />

que agora vale a vida,<br />

e que de mãos dadas,<br />

trabalharemos to<strong>do</strong>s pela vida verdadeira.<br />

Artigo 2: Fica decreta<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os dias da semana,<br />

inclusive as terças-feiras mais cinzentas,<br />

têm direito a converter-se em manhãs de <strong>do</strong>mingo.<br />

Artigo 3: Fica decreta<strong>do</strong> que, a partir deste instante,<br />

haverá girassóis em todas as janelas,<br />

que os girassóis terão direito<br />

a abrir-se dentro da sombra;<br />

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,<br />

abertas para o verde onde cresce a esperança.<br />

Artigo 4: Fica decreta<strong>do</strong> que o homem<br />

não precisará nunca mais<br />

duvidar <strong>do</strong> homem.<br />

Que o homem confiará no homem<br />

como a palmeira confia no vento,<br />

como o vento confia no ar,<br />

como o ar confia no campo azul <strong>do</strong> céu.<br />

Parágrafo único: O homem confiará no homem<br />

como um menino confia em outro menino.<br />

Artigo 5: Fica decreta<strong>do</strong> que os homens<br />

estão livres <strong>do</strong> jugo da mentira.<br />

Nunca mais será preciso usar<br />

a couraça <strong>do</strong> silêncio<br />

nem a armadura de palavras.<br />

O homem se sentará à mesa<br />

com seu olhar limpo<br />

porque a verdade passará a ser servida<br />

antes da sobremesa.<br />

Artigo 6: Fica estabelecida, durante dez séculos,<br />

a prática sonhada pelo profeta Isaías,<br />

e o lobo e o cordeiro pastarão juntos<br />

e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


Artigo 7: Por decreto irrevogável fica estabeleci<strong>do</strong><br />

o reina<strong>do</strong> permanente da justiça e da caridade,<br />

e a alegria será uma bandeira generosa<br />

para sempre desfraldada na alma <strong>do</strong> povo.<br />

Artigo 8: Fica decreta<strong>do</strong> que a maior <strong>do</strong>r<br />

sempre foi e será sempre<br />

não poder dar amor a quem se ama<br />

e saber que é a água<br />

que dá à planta o milagre da flor.<br />

Artigo 9: Fica permiti<strong>do</strong> que o pão de cada dia<br />

Tenha no homem o sinal de seu amor,<br />

mas que sobretu<strong>do</strong> tenha sempre<br />

o quente sabor da ternura.<br />

Artigo 10: Fica permiti<strong>do</strong> a qualquer pessoa,<br />

a qualquer hora da vida<br />

o uso <strong>do</strong> traje branco.<br />

Artigo 11: Fica decreta<strong>do</strong>, por definição,<br />

que o homem é um animal que ama<br />

e que por isso é belo,<br />

muito mais belo que a estrela da manhã.<br />

Artigo 12: Decreta-se que nada será obriga<strong>do</strong> nem proibi<strong>do</strong>.<br />

Tu<strong>do</strong> será permiti<strong>do</strong>,<br />

inclusive brincar com os rinocerontes<br />

e caminhar pelas tardes<br />

com uma imensa begônia na lapela.<br />

Parágrafo único: Só uma coisa proibida:<br />

amar sem amor<br />

Artigo 13: Fica decreta<strong>do</strong> que o dinheiro<br />

não poderá nunca mais comprar<br />

o sol das manhãs vin<strong>do</strong>uras.<br />

Expulso <strong>do</strong> grande baú <strong>do</strong> me<strong>do</strong>,<br />

o dinheiro se transformará em uma espada fraternal<br />

para defender o direito de cantar<br />

e a festa <strong>do</strong> dia que chegou.<br />

Artigo Final: Fica proibi<strong>do</strong> o uso da palavra liberdade<br />

a qual será suprimida <strong>do</strong>s dicionários<br />

e <strong>do</strong> pântano enganoso das bocas.<br />

A partir deste instante<br />

a liberdade será algo vivo e transparente<br />

como um fogo ou um rio,<br />

ou como a semente <strong>do</strong> trigo,<br />

e a sua morada será sempre o coração <strong>do</strong> homem.<br />

(Santiago <strong>do</strong> Chile, abril de 1964)<br />

1. 1. Há os palavras que indicam qualidade e que podem dar origem a nomes, ou<br />

seja, há que são deriva<strong>do</strong>s de qualidade. Veja exemplos:<br />

(MELLO, Tiago de. Faz escuro mas eu canto. In: ________. Vento Geral. Poesia 1951/1981. Rio: Editora<br />

Civilização Brasileira, 1984)<br />

31


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

32<br />

Agora, faça você:<br />

Há outras formas de relação entre palavras que pertencem a uma mesma família.<br />

Veja as frases:<br />

a) a) Fica proibi<strong>do</strong> o uso da palavra liberdade.<br />

a.<br />

1) Foi feita a proibição de usar a palavra liberdade.<br />

a. a.1) a. 1)<br />

2.<br />

2.<br />

2. Reestruture as frases usan<strong>do</strong> uma palavra que pertença à mesma família da<br />

palavra em destaque:<br />

a)<br />

a)<br />

a. a.1) a. 1)<br />

b)<br />

b)<br />

b. b.1) b. b. 1)<br />

c)<br />

c)<br />

c. c.1) c. 1)<br />

d)<br />

d)<br />

d. d.1) d. 1)<br />

e)<br />

e)<br />

e. e.1) e. 1)<br />

f)<br />

f)<br />

f. f.1) f. 1) 1)<br />

a) Defender o direito de cantar.<br />

b) O homem confiará no homem.<br />

c) Conhecer a justiça.<br />

d) Esperar dias melhores.<br />

e) As janelas permanecerão abertas.<br />

f) Tu<strong>do</strong> será permiti<strong>do</strong>.


INTRODUÇÃO À SINTAXE<br />

Cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a<br />

condição de ser compreendi<strong>do</strong> por aquele a quem se dirija.<br />

A linguagem é comunicação, e nada é comunica<strong>do</strong> se o<br />

discurso não é compreendi<strong>do</strong>. Toda mensagem deve ser<br />

inteligível. Jean Cohen (apud Garcia,1986:7)<br />

O SINTAGMA<br />

Sabemos que os discursos são compreendi<strong>do</strong>s como seqüências lineares de<br />

morfemas e palavras. É lógico que as palavras não são usadas por acaso. Existem, pois,<br />

regras que as organizam de mo<strong>do</strong> que seu uso faça senti<strong>do</strong>. Dessa forma, a sintaxe possui,<br />

justamente, o objetivo de analisar as palavras juntas em segmentos, que passam a cumprir<br />

funções específicas no discurso, e as relações entre os segmentos.<br />

Antes de estudarmos o sintagma, lembremos, agora, alguns conceitos:<br />

Frase corresponde a to<strong>do</strong> e qualquer enuncia<strong>do</strong> de senti<strong>do</strong> completo, capaz<br />

de promover a comunicação. Uma frase pode ser um item lexical, um sintagma,<br />

uma oração, ou mesmo, um perío<strong>do</strong>.<br />

Oração ou frase verbal é a unidade de organização gramatical em que os<br />

constituintes (unidades lingüísticas) se articulam e se organizam, segun<strong>do</strong> os<br />

padrões convencionais, a fim de expressar o pensamento. Da mesma forma que<br />

os constituintes se organizam estabelecen<strong>do</strong> orações independentes, o que<br />

chamamos de perío<strong>do</strong>s simples, as orações se juntam através <strong>do</strong>s mecanismos<br />

sintáticos de coordenação ou subordinação, crian<strong>do</strong> os perío<strong>do</strong>s compostos.<br />

Perío<strong>do</strong> é to<strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> de uma ou mais orações. Pode ser<br />

simples (forma<strong>do</strong> por apenas uma oração) ou composto (forma<strong>do</strong> por mais de<br />

uma oração)<br />

Você sabe o que significa sintagma? Pois bem, sintagma é um termo que foi<br />

estabeleci<strong>do</strong> pelo lingüista Saussure (1999: 142) com o objetivo de designar a combinação<br />

de formas mínimas em uma unidade lingüística superior.<br />

Segun<strong>do</strong> Barreto (1993:18), sintagma é um conjunto de elementos que forma uma<br />

unidade significativa dentro da sentença. Esses elementos possuem entre si relações de<br />

dependência e de ordem. A dependência se refere à questão de que nem to<strong>do</strong>s os elementos<br />

fazem parte de um mesmo nível, haven<strong>do</strong> assim uma hierarquia, e de que uns são constituintes<br />

de outros. Quanto à ordem, vemos que as palavras seguem uma organização seqüencial,<br />

por exemplo, os artigos precedem os substantivos e as locuções adjetivas são usadas<br />

após o nome que qualificam.<br />

33


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

34<br />

A constituição de uma sentença não recebe a atuação <strong>do</strong>s vocábulos<br />

isoladamente. Os vocábulos associam-se em sintagmas os quais se encontram<br />

entre o nível da oração (ou sentença) e o nível <strong>do</strong>s vocábulos:<br />

Nível de sentença: As duas crianças voltaram <strong>do</strong> colégio.<br />

Nível <strong>do</strong>s sintagmas: As duas crianças / voltaram <strong>do</strong> colégio.<br />

Nível <strong>do</strong>s vocábulos: As / duas / crianças / voltaram / da / praia.<br />

No sintagma, os elementos organizam-se em volta de um elemento fundamental,<br />

denomina<strong>do</strong> núcleo, o qual, às vezes, pode constituir sozinho o próprio sintagma. A natureza<br />

<strong>do</strong> sintagma depende <strong>do</strong> tipo de elemento o qual constitui o seu núcleo, logo temos:<br />

sintagma nominal (SN)/ núcleo - nome: A casa de Maria é grande.<br />

sintagma verbal (SV) / núcleo - verbo: As funcionárias fizeram os relatórios.<br />

sintagma adjetival (SA) / núcleo - adjetivo: As casas são espaçosas demais.<br />

sintagma adverbial (SADV) / núcleo - advérbio: Os chefes chegaram da viagem<br />

mais ce<strong>do</strong>.<br />

sintagma preposicional (SP) / núcleo - preposição: De repente, to<strong>do</strong>s os alunos<br />

falaram.<br />

Observe a sentença a seguir:<br />

As três garotas voltaram da festa.<br />

Podemos ver que esta oração possui <strong>do</strong>is grandes sintagmas: um sintagma nominal<br />

(SN) as três garotas, cujo núcleo é o nome garotas, e um sintagma verbal (SV) voltaram da<br />

festa, cujo núcleo é a forma verbal voltaram. Na sentença As três garotas / voltaram da festa,<br />

o sintagma nominal e o sintagma verbal, respectivamente, possuem as funções<br />

tradicionalmente conhecidas como sujeito e predica<strong>do</strong> e apresentam-se como constituintes<br />

obrigatórios na estrutura da oração.<br />

Ocorre, determinadas vezes, na sentença, a presença de um terceiro sintagma,<br />

facultativo: um sintagma preposicional (SP) ou um sintagma adverbial (SADV), como em:<br />

As três garotas / voltaram da festa / ce<strong>do</strong>.<br />

_________________S__________________<br />

SN / SV / SADV<br />

As três garotas / voltaram da festa / às duas horas.<br />

_________________S__________________<br />

SN / SV / SP<br />

Os sintagmas ce<strong>do</strong> e às duas horas são modifica<strong>do</strong>res da sentença, logo estan<strong>do</strong><br />

no mesmo nível da sentença: S SN + SV + (SP) + (SADV)<br />

SINTAGMA NOMINAL<br />

O sintagma nominal possui, geralmente, como núcleo, um nome (N), mas pode ser<br />

representa<strong>do</strong> por um pronome (pro), por uma sentença (S), ou não ser preenchi<strong>do</strong><br />

lexicalmente (?). Quan<strong>do</strong> o nome é o núcleo, ele pode vir sozinho, precedi<strong>do</strong> por um<br />

determinante (Det) e / ou por um modifica<strong>do</strong>r (SA) ou, ainda, segui<strong>do</strong> por um modifica<strong>do</strong>r<br />

(SA ou SP).


Sen<strong>do</strong> assim, o SN pode ser:<br />

SN ? N<br />

Pedro<br />

SN ? pro<br />

(qualquer pronome substantivo)<br />

SN ? ?<br />

Comi (sujeito não lexicalmente preenchi<strong>do</strong>)<br />

SN ? Det + N<br />

O menino<br />

SN ? Det + Mod (SA) + N<br />

O inteligente menino<br />

SN ? Det + N + Mod (SA)<br />

O menino inteligente<br />

SN ? Det + Mod (SA) + N + Mod (SA)<br />

O inteligente menino brasileiro<br />

SN ? S2<br />

O problema é que eles não virão<br />

Saiba mais...<br />

O determinante pode ser simples ou complexo. Quan<strong>do</strong> é simples,<br />

representa-se como artigo defini<strong>do</strong> ou indefini<strong>do</strong>, como numeral ou como pronome<br />

adjetivo. Quan<strong>do</strong> complexo, constitui-se de mais de um elemento: Det (Pré-Det)<br />

Det base (Pós-Det).<br />

Os artigos, os demonstrativos e alguns indefini<strong>do</strong>s apresentam-se como<br />

determinantes–base. Exemplos:<br />

Aquelas dez crianças<br />

As primeiras pessoas<br />

Alguns outros professores<br />

Os quantifica<strong>do</strong>res (to<strong>do</strong>s, ambos) são pré-determinantes e os numerais, os<br />

possessivos e alguns indefini<strong>do</strong>s são pós-determinantes.<br />

Geralmente, os SNs são encontra<strong>do</strong>s com, no máximo, quatro posições pré-nominais<br />

preenchidas, mas, segun<strong>do</strong> Lemle (apud Barreto, 1993:24), um SN pode apresentar até<br />

sete posições pré-nominais. Observe o exemplo construí<strong>do</strong> por Lemle:<br />

35


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

36<br />

Alguns desses elementos podem ocorrer também após o nome:<br />

Todas estas horas Estas horas todas<br />

Aquela minha casa Aquela casa minha<br />

A inversão pode denotar, às vezes, uma ênfase desejada, como, por exemplo:<br />

Mari<strong>do</strong> meu não faria isso!<br />

Mas, tratan<strong>do</strong>-se de adjetivo, a colocação pré ou pós-nominal pode acarretar uma<br />

transformação no conteú<strong>do</strong> semântico:<br />

Boa mulher Mulher boa<br />

Pobre criança Criança pobre<br />

Na sentença, o sintagma nominal pode assumir as funções de sujeito (SU), objeto<br />

direto (OD), objeto indireto (OI), predicativo <strong>do</strong> sujeito (PRETsu), predicativo <strong>do</strong> objeto<br />

(PRETo), aposto (APO), vocativo (VOC) e adjunto adverbial (ADV).<br />

Vejamos os exemplos:<br />

Aquele lin<strong>do</strong> garoto sorriu-me. (função: sujeito)<br />

Comprei aquele lin<strong>do</strong> sapato. (função: objeto direto)<br />

Aquele elegante rapaz deu-me bombons. (função: objeto indireto)


João é um ótimo filho. (função: predicativo <strong>do</strong> sujeito)<br />

Recorde que a sigla COP refere-se ao verbo copulativo.<br />

Considero João um ótimo filho. (predicativo <strong>do</strong> objeto)<br />

Pedro, aquela maravilhosa criança, chegou <strong>do</strong> clube. (função: aposto)<br />

Lin<strong>do</strong> filho, venha aqui! (função: vocativo)<br />

To<strong>do</strong>s os dias, vejo este belo mar. (função: adjunto adverbial)<br />

37


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

38<br />

a. a.<br />

a.<br />

Veja, especificamente, qual classe gramatical pode preencher o núcleo<br />

<strong>do</strong> SN:<br />

1. Substantivo próprio ou comum:<br />

Ana foi à Europa.<br />

A professora entregou a prova.<br />

2. 2. Um pronome pessoal reto ou oblíquo:<br />

Vimos Daniel na praia, mas ele não nos viu.<br />

3. 3. Qualquer pronome substantivo:<br />

Ninguém faltou ontem.<br />

4. 4. Uma palavra substantivada:<br />

O despertar na praia é magnífico.<br />

5. 5. Um numeral:<br />

Dois é suficiente.<br />

Lembre-se de que o SN pode ser preenchi<strong>do</strong>, também, por uma sentença. Exemplos:<br />

a. É claro que ele não veio.<br />

SN ? S SU [S2]<br />

b. b. Eu não sei se ele virá.<br />

SN ?S OD [S2]<br />

c. c. A realidade é que ele não virá.<br />

SN ? S PRETsu [S2]<br />

d. d. d. Apenas lhe digo isto: que ele não virá.<br />

SN ? S OD [NU + APO < S2 >]<br />

Pausa para respirar...<br />

Partiremos, agora, para um novo tipo de sintagma. Vamos lá!<br />

SINTAGMA VERBAL<br />

O sintagma verbal (SV) representa mais um elemento básico da sentença: possui<br />

como constituinte principal o verbo, o qual pode mostrar-se em um tempo simples, em um<br />

composto ou em uma locução verbal. O SV pode ser representa<strong>do</strong> somente pelo núcleo, ou<br />

seja, o verbo, ou pelo verbo acompanha<strong>do</strong> de modifica<strong>do</strong>res ? precedi<strong>do</strong>s ou não de<br />

preposição ? ou <strong>do</strong>s elementos por ele subcategoriza<strong>do</strong>s. Observe os exemplos:<br />

O garoto estu<strong>do</strong>u.<br />

SV ? V<br />

O garoto está estudan<strong>do</strong>.<br />

SV ? AUX + V<br />

O garoto estu<strong>do</strong>u bem.<br />

SV ? V + Adv<br />

O garoto estu<strong>do</strong>u os textos.<br />

SV ? V + SN<br />

O garoto precisa de ajuda.<br />

SV ? V + SP<br />

O garoto deu um brinque<strong>do</strong> ao seu irmão.<br />

SV ? V + SN + SP<br />

O garoto conversou com o irmão sobre o jogo.<br />

SV ? V + SP + SP


O garoto mora em Salva<strong>do</strong>r.<br />

SV ? V + SP<br />

O garoto é estudioso.<br />

SV ? COP + SA<br />

O garoto é um gênio.<br />

SV ? COP + SN<br />

O garoto está com fome.<br />

SV ? COP + SP<br />

Atente-se:<br />

Com exceção <strong>do</strong> SV, que exerce exclusivamente a função de predica<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s os<br />

outros sintagmas podem agir como modifica<strong>do</strong>res de sentença.<br />

Ver er eremos er emos emos, emos , a aagor<br />

a or ora, or a, mais mais um um no novo no o sinta sinta sintagma: sinta sintagma:<br />

gma: o<br />

o<br />

pr preposicional. pr posicional. Pr Pronto? Pr Pr onto?<br />

SINTAGMA PREPOSICIONAL<br />

Podemos dizer que, de mo<strong>do</strong> geral, o sintagma preposicional ou preposiciona<strong>do</strong><br />

(SP) é forma<strong>do</strong> de uma preposição seguida de um sintagma nominal (SN).<br />

SP ? prep + SN<br />

Mas é possível ver, em alguns autores, a apresentação desta regra:<br />

Analise as orações a seguir:<br />

O jornaleiro saiu ce<strong>do</strong>.<br />

Adv.<br />

O jornaleiro saiu de manhã.<br />

SP (loc. adv.)<br />

O jornaleiro saiu à mesma hora to<strong>do</strong> o ano.<br />

SP (loc. adv.) SN (loc. adv.)<br />

Verifica-se, através <strong>do</strong> esquema arbóreo abaixo:<br />

39


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

40<br />

1.<br />

1.<br />

As expressões em destaque, mesmo não apresentan<strong>do</strong> estruturas<br />

idênticas, apresentam a mesma função: o de modifica<strong>do</strong>res circunstanciais<br />

(no exemplo da<strong>do</strong>, de tempo). Consideran<strong>do</strong> o fato desses modifica<strong>do</strong>res<br />

serem expressos, na maioria das vezes, por locuções adverbiais,<br />

geralmente introduzidas por preposição, pode-se assim passar a entendêlos<br />

como sintagma preposicional.<br />

Os argumentos a favor dessa opinião são:<br />

1. Muitos sintagmas preposicionais desempenham o papel de modifica<strong>do</strong>res<br />

circunstanciais, da mesma forma que os advérbios:<br />

A jovem viajou ce<strong>do</strong>.<br />

A jovem viajou de madrugada.<br />

2.<br />

2.<br />

2. Muitos advérbios apresentam uma locução adverbial correspondente:<br />

Eles pularam agilmente.<br />

Eles pularam com agilidade.<br />

3.<br />

3.<br />

3. Os advérbios representam um inventário fecha<strong>do</strong>, ao passo que as locuções<br />

adverbiais constituem, praticamente, um inventário aberto.<br />

4.<br />

4.<br />

4. Uma descrição mais coerente <strong>do</strong>s modifica<strong>do</strong>res circunstanciais ocorre quan<strong>do</strong><br />

tomamos como base não a estrutura, mas a sua função que é a mesma de muitos SPs.<br />

Conheça as possíveis funções <strong>do</strong> SP:<br />

a. a. Adjunto adnominal<br />

Ana ganhou um colar de pérola.<br />

b.<br />

b.<br />

b. Adjunto adverbial<br />

João saiu da praia às quatro horas.


Observe que, no exemplo acima, a expressão que denota circunstância de tempo<br />

refere-se à sentença. Mas pode referir-se somente ao verbo, como em:<br />

Silvio veio a pé da escola.<br />

c.<br />

c.<br />

c. Objeto indireto<br />

Carlos obedeceu às regras empresariais.<br />

d.<br />

d.<br />

d. Oblíquo<br />

Tomás precisa de atenção.<br />

PREDv [ NU + OBL (CON + NU) ]<br />

CON – concectivo (preposição)<br />

e.<br />

e.<br />

e. Complemento circunstancial<br />

Lucas saiu <strong>do</strong> salão.<br />

PREDv [ NU + CIRC (CON + ADN + NU) ]<br />

f.<br />

f.<br />

f. predicativo <strong>do</strong> sujeito<br />

Flávio está com febre.<br />

PREDn [ COP + PRETsu (CON + NU) ]<br />

g. g.<br />

g.<br />

g. predicativo <strong>do</strong> objeto direto ou <strong>do</strong> objeto indireto<br />

Chamaram Pedro de mercenário.<br />

PREDvn [ NU + OD (NU) + PRET od(CON + NU) ]<br />

vn (verbo-nominal)<br />

h. h.<br />

h.<br />

h. agente da passiva<br />

O garoto foi puni<strong>do</strong> pelo treina<strong>do</strong>r.<br />

PREDv [ AUX + NU + APA (CON + ADN +NU) ]<br />

i.<br />

i.<br />

i. complemento nominal<br />

Eles têm me<strong>do</strong> de que os atrapalhem.<br />

S {SU [NU] + PREDv [ NU + OD (NU + CN < CON + S2>) ] }<br />

41


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

42<br />

Observe que o complemento nominal pode apresentar um SP<br />

constituí<strong>do</strong> por Prep S2, como ocorre no exemplo acima.<br />

Vamos relembrar as constituições <strong>do</strong>s sintagmas estuda<strong>do</strong>s até aqui!<br />

Det (pré-det) det-base (pós-det)


SINTAGMA ADJETIVAL E SINTAGMA ADVERBIAL<br />

SINTAGMA ADJETIVAL<br />

O adjetivo é o núcleo <strong>do</strong> sintagma adjetival e, da<br />

mesma forma que sucede com os demais sintagmas, pode<br />

vir só ou acompanha<strong>do</strong> de modifica<strong>do</strong>res. Saiba que a<br />

sentença pode acompanhá-lo também.<br />

Atenção: O único elemento obrigatório é o adjetivo.<br />

Assim, o SA pode ser:<br />

SA ? Adj.<br />

Inteligente<br />

SA ? Adv. + Adj.<br />

muito inteligente<br />

SA ? Adj. + Adv.<br />

Inteligente demais<br />

SA ? Adj. + SP<br />

fácil para nós<br />

SA ? Adj. + Adv. + SP<br />

fácil demais para nós<br />

SA ? Adv. + Adj. + SP<br />

muito fácil para nós<br />

SA ? S<br />

Comprei a boneca que fala<br />

Observe que:<br />

a. a. Somente o advérbio pode preceder o adjetivo;<br />

b. b. O advérbio e o SP podem vir após o adjetivo;<br />

c. c. O adjetivo pode ser precedi<strong>do</strong> de um advérbio e segui<strong>do</strong> de um SP ou ser<br />

segui<strong>do</strong> de um advérbio e de um SP. O que não ocorre é o adjetivo ser precedi<strong>do</strong> e segui<strong>do</strong><br />

de um advérbio.<br />

O SA pode exercer, na frase, as funções de adjunto adnominal (ADN), predicativo <strong>do</strong><br />

sujeito (PRET) e predicativo <strong>do</strong> objeto (PRET).<br />

S O<br />

Não se esqueça!<br />

A função de ADN pode ser exercida por SAs, SPs (locuções adjetivas), Dets (artigos,<br />

numerais, pronomes adjetivos) e as sentenças adjetivas.<br />

A grande fera de olhos escuros que vocês viram na mata.<br />

Det SA N SP S<br />

43


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

44<br />

SINTAGMA ADVERBIAL<br />

SADV ? ADV<br />

Maria saiu tarde.<br />

SADV ? ADV + ADV<br />

Maria saiu muito tarde.<br />

Maria saiu tarde demais.<br />

Na gramática tradicional, a constituição dessa oração é:<br />

ADN + ADN + NU + ADN < CON + NU + ADN > + ADN < S><br />

Vejamos o último sintagma...<br />

SADV ? ADV + SP<br />

Maria saiu tarde para o encontro.<br />

SADV ? ADV + ADV +SP<br />

Maria saiu muito tarde para o encontro.<br />

Maria saiu tarde demais para o encontro.<br />

SADV ? S2<br />

Maria saiu quan<strong>do</strong> sua mãe já havia viaja<strong>do</strong>.<br />

Exemplo:<br />

Aqui, podemos ensaiar bastante o canto da ópera.<br />

Aqui, podemos ensaiar bastante o canto da ópera.<br />

Relembre, agora, as constituições <strong>do</strong> SA e <strong>do</strong> SADV:


Atividades<br />

Atividades<br />

Complementares<br />

Complementares<br />

As questões dessa atividade estão relacionadas com o seguinte texto:<br />

Inferno Nacional<br />

A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore de Belo Horizonte e foi contada lá,<br />

numa versão política. Não é o nosso caso. Vai contada aqui no seu mais puro estilo folclórico,<br />

sem maiores rodeios.<br />

Diz que era uma vez um camarada que abotoou o paletó. Ao morrer nem conversou:<br />

foi direto para o Inferno. Em lá chegan<strong>do</strong>, pediu audiência a Satanás e perguntou:<br />

– Qual é o lance aqui?<br />

Satanás explicou que o Inferno estava dividi<strong>do</strong> em diversos departamentos, cada um<br />

administra<strong>do</strong> por um país, mas o faleci<strong>do</strong> não precisava ficar no departamento administra<strong>do</strong><br />

por seu país de origem. Podia ficar no departamento <strong>do</strong> país que escolhesse. Ele agradeceu<br />

muito e disse a Satanás que ia dar uma voltinha para escolher o seu departamento.<br />

Está claro que saiu <strong>do</strong> gabinete <strong>do</strong> Diabo e foi logo para o Departamento <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, achan<strong>do</strong> que lá devia ser mais organiza<strong>do</strong> o inferninho que lhe caberia para toda a<br />

eternidade. Entrou no Departamento <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e perguntou como era o regime<br />

ali.<br />

– Quinhentas chibatadas pela manhã, depois passar duas horas num forno de 200<br />

graus. Na parte da tarde: ficar numa geladeira de 100 graus abaixo de zero até as três<br />

horas, e voltar ao forno de 200 graus.<br />

O faleci<strong>do</strong> ficou besta e tratou de cair fora, em busca de um departamento menos<br />

rigoroso. Esteve no da Rússia, no <strong>do</strong> Japão, no da França, mas era tu<strong>do</strong> a mesma coisa.<br />

Foi aí que lhe informaram que era tu<strong>do</strong> igual: a divisão em departamentos era apenas para<br />

facilitar o serviço no Inferno, mas em to<strong>do</strong> lugar o regime era o mesmo: quinhentas chibatadas<br />

pela manhã, forno de 200 graus durante o dia e geladeira de 100 graus abaixo de zero, pela<br />

tarde.<br />

O faleci<strong>do</strong> já caminhava desconsola<strong>do</strong> por uma rua infernal, quan<strong>do</strong> viu um<br />

departamento escrito na porta: Brasil. E notou que a fila à entrada era maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s<br />

outros departamentos. Pensou com suas chaminhas: “Aqui tem peixe por debaixo <strong>do</strong> angu”.<br />

Entrou na fila e começou a chatear o camarada da frente, perguntan<strong>do</strong> por que a fila era<br />

maior e os enfileira<strong>do</strong>s menos tristes. O camarada da frente fingia que não ouvia, mas ele<br />

tanto insistiu que o outro, com me<strong>do</strong> de chamarem a atenção, disse baixinho:<br />

– Fica na moita e não espalha não. O forno daqui está quebra<strong>do</strong> e a geladeira anda<br />

meio enguiçada. Não dá mais de 35 graus por dia.<br />

– E as quinhentas chibatadas? – perguntou o faleci<strong>do</strong>.<br />

– Ah... o sujeito encarrega<strong>do</strong> desse serviço vem aqui de manhã, assina o ponto e cai<br />

fora.<br />

1. . A partir <strong>do</strong> texto, crie sintagmas nominais que sejam compatíveis com as exigências<br />

das caixinhas sintagmáticas abaixo:<br />

45


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

46<br />

PONTE PRETA, Stanislaw. Tia Zulmira e eu. 4 ed. Rio de Janeiro, Editora <strong>do</strong> Autor, 1961, p. 175-7.<br />

2. 2. 2. Represente, graficamente, os sintagmas nominais a seguir por meio das caixinhas<br />

que representam as regras da estrutura frasal:<br />

a. a. A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore de Belo Horizonte...<br />

b. b. Diz que era uma vez um camarada que abotoou o paletó.<br />

c. c. O faleci<strong>do</strong> não precisava ficar no departamento administra<strong>do</strong> por seu país de<br />

origem.<br />

d. d. d. ...a fila à entrada era maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s outros departamentos.<br />

e. e. Pensou com suas chaminhas.<br />

f. f. A divisão em departamentos era apenas para facilitar o serviço no Inferno...


3. 3. A partir <strong>do</strong> texto, crie, agora, sintagmas verbais que sejam correspondentes ao<br />

preenchimento das caixinhas sintagmáticas:<br />

4. 4. Represente, graficamente, os sintagmas verbais a seguir por meio das caixinhas<br />

que representam as regras da estrutura frasal:<br />

a. ...um camarada que abotoou o paletó.<br />

b. Ele agradeceu muito...<br />

c. ...pediu audiência a Satanás...<br />

d. O faleci<strong>do</strong> ficou besta...<br />

e. O forno daqui está quebra<strong>do</strong><br />

47


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

48<br />

5. 5. Forme sintagmas adjetivais de acor<strong>do</strong> com as exigências das<br />

caixinhas sintagmáticas abaixo:<br />

6. 6. Identifique os sintagmas adverbiais nas frases abaixo e os represente por meio<br />

das caixas sintagmáticas :<br />

a. Vera correu bastante rápi<strong>do</strong>.


. b. Mário viajou quan<strong>do</strong> soube da notícia.<br />

c. c. Fernan<strong>do</strong> e Silvia se prepararam muito tarde para a cerimônia.<br />

d. d. d. Minhas filhas trabalharam aqui.<br />

e. e. e. João prometeu entregar o relatório depois para o diretor.<br />

A GRAMÁTICA TRADICIONAL<br />

Uma formação gramatical intelectual sadia só pode ser atingida através de um racional<br />

e rigoroso <strong>do</strong> fenômeno da língua. Perini (apud Barreto, 1993:4)<br />

Ao longo da história <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s lingüísticos, apenas a partir <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XIX e<br />

início <strong>do</strong> século XX, com o surgimento <strong>do</strong> Estruturalismo saussuriano, a sintaxe passou,<br />

efetivamente, a ser objeto de investigação. Antes disso, os estu<strong>do</strong>s lingüísticos davam muito<br />

mais ênfase à semântica e à fonologia. Isso não quer dizer, entretanto, que não se tenha<br />

pensa<strong>do</strong> nas relações entre as palavras nas construções das línguas. Por isso, não se<br />

pode deixar de estudar a abordagem mais comum que se tem sobre estas relações<br />

existentes entre as palavras na composição da frase e também <strong>do</strong> texto. Tal abordagem<br />

encontra-se na Gramática Tradicional, <strong>do</strong>ravante GT, e tem origem na Antigüidade. Dessa<br />

forma, convém que saibamos como e porquê a gramática normativa surgiu.<br />

OS FILÓSOFOS GREGOS<br />

Por volta <strong>do</strong> século V a.C., começaram a ser desenvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s no ramo da<br />

filosofia acerca da linguagem humana na Grécia antiga. De um mo<strong>do</strong> geral, a análise <strong>do</strong>s<br />

gregos se restringia à descrição fonética, à etimologia e a análise gramatical das palavras,<br />

tanto nas suas classes como nas suas flexões, embora alguns gregos tenham ultrapassa<strong>do</strong><br />

a barreira morfológica estabelecen<strong>do</strong> relação entre classes na produção discursiva. A<br />

concepção de que a linguagem é a expressão <strong>do</strong> pensamento surge nessa época.<br />

Aproximadamente no século II a.C., a língua passou a fazer parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s literários.<br />

49


Duas razões motivaram esse novo direcionamento: o desejo de tornar possível<br />

e acessível a leitura <strong>do</strong>s clássicos e também a preocupação com o uso<br />

Morfossintaxe “correto” da língua. Esta é a origem da Gramática Tradicional.<br />

<strong>do</strong> Português Na descrição das classes de palavras, Dionísio de Trácia, filósofo <strong>do</strong><br />

século II a.C., por exemplo, estabeleceu em seu trabalho, partes <strong>do</strong> discurso,<br />

analisan<strong>do</strong> não só o seu significa<strong>do</strong>, sua flexão e sua formação, mas também<br />

sua integração na oração. De to<strong>do</strong>s os gregos, o que mais escreveu sobre sintaxe foi<br />

Apolônio Díscolo, também <strong>do</strong> século II a.C. que parece ter realiza<strong>do</strong> a primeira tentativa de<br />

se estabelecer uma teoria sintática abrangente e sistemática aplicada à língua grega. Ele<br />

manteve as oito partes <strong>do</strong> discurso definidas por Dionísio – substantivo, verbo, particípio,<br />

artigo, pronome, preposição, advérbio e conjunção – e redefiniu alguns termos filosóficos.<br />

Sua descrição sintática se baseia nas relações entre substantivo e verbo, e entre as outras<br />

partes <strong>do</strong> discurso.<br />

50<br />

DOS ROMANOS À IDADE MÉDIA<br />

Os romanos mantiveram a tradição gramatical,<br />

seguin<strong>do</strong> o modelo das gramáticas gregas. A maior<br />

contribuição no campo da sintaxe foi atribuída a Varrão (século<br />

I a.C.) que distinguiu flexão de derivação. Entretanto, as<br />

gramáticas escritas pelos últimos gramáticos latinos, como as<br />

de Donato e de Prisciano (século IV d.C.), foram as mais<br />

influentes para a Idade Média. Os gramáticos da Idade Média<br />

se pautaram nas gramáticas <strong>do</strong>s romanos, como as escritas<br />

por Donato que eram a<strong>do</strong>tadas para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> latim clássico,<br />

que era a língua usada no ensino, na diplomacia, pelos eruditos<br />

e, principalmente, pela Igreja Católica. A gramática da Idade<br />

Média retoma o estu<strong>do</strong> lingüístico no âmbito da filosofia, com<br />

influências <strong>do</strong>s pensamentos aristotélico e cristão. As<br />

gramáticas escritas no perío<strong>do</strong> medieval se diferenciam das<br />

gramáticas da Antigüidade principalmente pelo fato de não<br />

terem o caráter pedagógico, mas sim teórico e científico.<br />

DA RENASCENÇA AO SÉCULO XVIII<br />

Na Renascença, novamente os estu<strong>do</strong>s gramaticais se voltam para a literatura,<br />

buscan<strong>do</strong> facilitar a leitura de clássicos e tentan<strong>do</strong> conter o processo variacional. Nessa<br />

época publicou-se a primeira gramática da Língua Portuguesa, Grammatica de linguagem<br />

portuguesa, de Fernão de Oliveira, em 1536. A partir da Renascença, principalmente com o<br />

surgimento <strong>do</strong> iluminismo e da influência da filosofia grega, são retomadas as especulações<br />

filosóficas acerca da linguagem e das línguas. Os estu<strong>do</strong>s lingüísticos continuaram a<br />

investigar as categorias gramaticais, a possível existência de um sistema lógico inerente a<br />

todas as línguas, a sintaxe com base na ordem das palavras e no papel principal da língua<br />

de expressar o pensamento.


OUTRAS ABORDAGENS SOBRE A GRAMÁTICA<br />

A GRAMÁTICA COMPARATIVA E OS NEOGRAMÁTICOS<br />

Nos fins <strong>do</strong> século XVIII, o interesse pela origem das palavras, já existente desde a<br />

Antigüidade, se ampliou. Os estu<strong>do</strong>s buscavam identificar parentesco entre as línguas,<br />

através da descrição e da comparação delas. Esse tipo de estu<strong>do</strong> foi chama<strong>do</strong> de Gramática<br />

Comparada ou Lingüística Histórica. Sua maior importância foi o fato de ter mostra<strong>do</strong> que a<br />

mudança lingüística é um processo regular, constante e universal. Nesse mesmo perío<strong>do</strong>,<br />

surgiram os neogramáticos, estudiosos da língua que formularam, de forma sistemática, os<br />

princípios e méto<strong>do</strong>s da gramática comparada. Desses princípios, o que mais se destaca é<br />

o das leis fonéticas, que tinham caráter absoluto, não aceitan<strong>do</strong> exceções. Tal pensamento<br />

foi influencia<strong>do</strong> pelo pensamento vigente na biologia da época: o modelo positivista de<br />

Darwin, no qual a evolução biológica acontece segun<strong>do</strong> leis imutáveis. Outro princípio <strong>do</strong>s<br />

neogramáticos importante indicava que somente o méto<strong>do</strong> histórico era váli<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong><br />

científico, excluin<strong>do</strong>, assim, o uso lingüístico corrente na época.<br />

O ESTRUTURALISMO<br />

Em oposição ao méto<strong>do</strong> comparativista, surge, no início <strong>do</strong> século XX, o<br />

estruturalismo, firman<strong>do</strong> a lingüística como ciência independente. Ferdinand de Saussure,<br />

através de suas aulas de lingüística geral, influenciou muitos outros lingüistas, mesmo depois<br />

de sua morte, quan<strong>do</strong> alguns de seus alunos publicaram as anotações de suas aulas sob o<br />

título de Cours de Linguistique Générale (Curso de Lingüística Geral). As maiores<br />

contribuições de Saussure foram:<br />

Interpretação da língua como um fenômeno social.<br />

Admissão <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da língua sob o ponto de vista sincrônico, sem refutar a validade<br />

de se estudar a língua em momentos diferentes. Surgem os conceitos de sincronia versus<br />

diacronia.<br />

A dicotomia, langue (língua) versus parole (fala) através da qual se diferencia língua<br />

de fala, dan<strong>do</strong> preferência ao estu<strong>do</strong> da langue, que é considerada comum para to<strong>do</strong>s os<br />

membros de uma comunidade.<br />

A<strong>do</strong>ção da primazia da fala sobre a escrita, diferente das gramáticas normativas. Os<br />

estu<strong>do</strong>s estruturalistas passaram a ser basicamente descritivos, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> juízos de<br />

valor.<br />

Estabelecimento da dicotomia paradigma x sintagma, analisan<strong>do</strong> as estruturas em<br />

conjunto, nas inter-relações que mantêm umas com as outras.<br />

51


Muitas escolas estruturalistas surgiram. Destaca-se o descritivismo<br />

americano, cria<strong>do</strong> por Bloomfield. Influencia<strong>do</strong> pelo behaviorismo, ele estu<strong>do</strong>u<br />

a língua consideran<strong>do</strong> a linguagem como parte <strong>do</strong> comportamento humano<br />

Morfossintaxe que também funcionava com estímulos e respostas. Dessa forma, ele explica<br />

<strong>do</strong> Português a aquisição da linguagem como um processo de imitação. Também deu ênfase<br />

à classificação e descrição <strong>do</strong>s fatos. Introduziu à análise sintática a expressão<br />

constituinte imediato, conceito-base <strong>do</strong> sintagma. Este conceito tirou os<br />

lingüistas da “prisão terminológica” que limitava as análises sintáticas da GT. Porém, não<br />

foi suficiente para esclarecer frases que permitem mais de uma interpretação ou frases<br />

diferentes com o mesmo significa<strong>do</strong>.<br />

52<br />

A GRAMÁTICA GERATIVO-TRANSFORMACIONAL<br />

Na tentativa de explicar as questões que o descritivismo de Bloomfield não conseguiu<br />

resolver, Chomsky propôs uma nova teoria que aplica regras quase matemáticas à estrutura<br />

das línguas, crian<strong>do</strong> a Gramática Transformacional, ou Gramática Gerativa. O gerativismo<br />

se diferencia das correntes anteriores pelo seu objeto de estu<strong>do</strong>. Em lugar de construções<br />

de uma língua, o estu<strong>do</strong> é dedica<strong>do</strong> à competência lingüística <strong>do</strong>s falantes/ouvintes e seu<br />

conhecimento inato sobre os mecanismos da língua que <strong>do</strong>mina. Refutan<strong>do</strong> a teoria<br />

behaviorista de Bloomfield, Chomsky propõe um mecanismo inerente ao ser humano que<br />

lhe possibilita criar construções na língua que adquire, compreenden<strong>do</strong> e sen<strong>do</strong><br />

compreendi<strong>do</strong> pelos falantes desta língua.<br />

Atividades<br />

Atividades<br />

Complementares<br />

Complementares<br />

01. Qual a visão que os filósofos gregos da antigüidade possuíam sobre a gramática?


02.<br />

02.<br />

02. Como a gramática era tratada na Idade Média e na Renascença?<br />

03.<br />

03.<br />

03. Em que consistia a gramática comparada <strong>do</strong> século XIX?<br />

04.<br />

04.<br />

04. Quais foram as contribuições de Chomsky e Saussure para os estu<strong>do</strong>s lingüísticos?<br />

Caro aluno,<br />

Atividade<br />

Atividade<br />

Orientada<br />

Orientada<br />

Chegou o momento da atividade orientada a qual conferirá a aprendizagem ocorrida<br />

ao longo das aulas. Desejo, sinceramente, que tenha aproveita<strong>do</strong> bastante os nossos<br />

encontros e que seu interesse pelos estu<strong>do</strong>s cresça continuamente. Leia os textos e, em<br />

seguida, procure realizar as atividades de acor<strong>do</strong> com as orientações. Boa sorte e até<br />

mais...<br />

1 Etapa Etapa<br />

Um escritor nasce e morre<br />

Publiquei três livros, que foram extremamente louva<strong>do</strong>s por meus companheiros de<br />

geração e de pensão, e que os critérios acadêmicos olharam com desprezo. Dois volumes<br />

de contos e um de poemas. Distribuí as edições entre jornais, amigos, pessoas que me<br />

pediram, e mulheres a quem eu desejava impressionar.<br />

Sobretu<strong>do</strong> entre as últimas. Minha tática, de resto, era simples, consistia em jamais<br />

pronunciar ou sugerir a palavra literatura. Eu não era um literato que se anunciava, mas um<br />

homem que, no fun<strong>do</strong>, sofria por saber-se literato. Minha literatura assumia feição estranha,<br />

com alguma coisa de nativo e contraria<strong>do</strong> na origem, mas vegetan<strong>do</strong>, não obstante.<br />

- O Senhor escreve coisas lindíssimas, eu sei...<br />

53


- Calúnia de meus inimigos. Infelizmente, é impossível viver sem fazer<br />

inimigos. Eles é que espalham isso, não acredite...<br />

Meu sorriso gauche de dentes não suficientemente íntegros (ganhei<br />

Morfossintaxe fama de irônico por causa de meu sorriso envergonha<strong>do</strong>), sublinhava a intenção<br />

<strong>do</strong> Português discreta da negativa.<br />

O sujeito afastava-se, impressiona<strong>do</strong>. Muitas preocupações nacionais<br />

não se estabelecem de outro mo<strong>do</strong>. Eu escrevia .<br />

1. 1. Escreva no quadro abaixo as palavras destacadas no texto e analise-as, em sua<br />

constituição mórfica.<br />

54<br />

ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos de Aprendiz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 1224.<br />

Leia o texto a seguir:<br />

A raposa e as uvas<br />

Uma raposa estava com muita fome. Foi quan<strong>do</strong> viu uma parreira<br />

cheia de lin<strong>do</strong>s cachos de uva. Imediatamente começou a dar pulos<br />

para ver se pegava as uvas. Mas a latada era muito alta e, por mais<br />

que pulasse, a raposa não as alcançava.<br />

- Estão verdes – disse, com ar de desprezo.<br />

E já ia seguin<strong>do</strong> o seu caminho, quan<strong>do</strong> ouviu um pequeno ruí<strong>do</strong>.<br />

Pensan<strong>do</strong> que era uma uva cain<strong>do</strong>, deu um pulo para abocanhála.<br />

Era apenas uma folha e a raposa foi-se embora, olhan<strong>do</strong><br />

disfarçadamente para os la<strong>do</strong>s. Precisava ter certeza de que ninguém<br />

percebera que queria as uvas.<br />

Também é assim com as pessoas: quan<strong>do</strong> não podem ter o que desejam, fingem<br />

que não o desejam.<br />

(12 fábulas de Esopo. São Paulo: Ática, 1994)<br />

2.<br />

2.<br />

2. As palavras destacadas em negrito possuem o morfema zero. Assim, a partir<br />

desses exemplos, construa o seu conceito de morfema zero.


3.<br />

3.<br />

3. A primeira palavra sublinhada é um exemplo de morfologia flexional e a segunda<br />

palavra sublinhada é um exemplo de morfologia derivacional. Faça uma distinção entre a<br />

morfologia flexional e a morfologia derivacional.<br />

2 Etapa Etapa<br />

1.<br />

1.<br />

1. Lembra-se <strong>do</strong> jogo <strong>do</strong>minó? Pois bem, abaixo temos algumas peças nas quais<br />

estão escritos os sintagmas estuda<strong>do</strong>s anteriormente. Você deverá desenhar estas mesmas<br />

peças e organizá-las em uma folha separada, de mo<strong>do</strong> que fiquem coerentes com o que<br />

está sen<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>.<br />

55


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

56<br />

2.<br />

2.<br />

2. Agora você deverá descrever sintagmas nos espaços vazios, com base em cada<br />

estrutura sublinhada, na peça <strong>do</strong> <strong>do</strong>minó. Você deverá organizá-la, em uma folha separada,<br />

de mo<strong>do</strong> que os sintagmas, descritos por você, estejam associa<strong>do</strong>s com as estruturas<br />

apresentadas, tal qual um jogo de <strong>do</strong>minó.


3.<br />

3.<br />

3. Analise com atenção a oração:<br />

Aquela emocionante peça teatral é de autoria de uma famosa autora de televisão.<br />

Agora, responda:<br />

a) “Aquela emocionante peça teatral” pertence a que tipo de sintagma, e qual sua<br />

função sintática?<br />

b) ‘da autoria de uma famosa autora” corresponde a qual sintagma e que função<br />

sintática possui?<br />

57


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

58<br />

c) Qual é a função sintática de “de uma famosa autora de televisão?”<br />

d) “de televisão” possui a mesma função sintática da questão c? Se a resposta for<br />

negativa diga a função.<br />

e) Quantos SAs existem em “Aquela emocionante peça teatral?”<br />

3 Etapa Etapa<br />

1.<br />

1.<br />

1. Leia o texto abaixo e faça a descrição sintagmática <strong>do</strong>s termos destaca<strong>do</strong>s.<br />

Os turistas secretos<br />

Havia um casal que tinha uma inveja terrível <strong>do</strong>s amigos turistas – especialmente <strong>do</strong>s<br />

que faziam turismo no exterior. Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora<br />

primária, jamais tinham consegui<strong>do</strong> juntar o suficiente para viajar. Quan<strong>do</strong> dava para as<br />

prestações das passagens não chegava para os dólares, e vice-versa; e assim, ano após<br />

ano, acabavam fican<strong>do</strong> em casa. Economizavam, compravam menos roupa, andavam só<br />

de ônibus, comiam menos – mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam<br />

uns dias na praia. E era tu<strong>do</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong>, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as<br />

maravilhas da Europa, que acabaram bolan<strong>do</strong> um plano. To<strong>do</strong>s os anos, no fim de janeiro,<br />

telefonavam aos amigos: estavam se despedin<strong>do</strong>, viajavam para o Velho Mun<strong>do</strong>. De fato,<br />

alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades européias, Roma, Veneza,<br />

Florença; e, ao fim de um mês, eles estavam de volta, convidan<strong>do</strong> os amigos para verem os<br />

slides da viagem. E as coisas interessantes que contavam! Até dividiam os assuntos; a ele<br />

cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas, e também o la<strong>do</strong><br />

pitoresco das viagens; a ela tocava o la<strong>do</strong> erudito: comentários sobre os museus e locais<br />

históricos, peças teatrais que tinham visto. O filho, de dez anos, não contava nada, mas<br />

confirmava tu<strong>do</strong>; e suspirava quan<strong>do</strong> os pais diziam:<br />

Como fomos felizes em Florença!<br />

O que os amigos não conseguiam descobrir era de onde saíra o dinheiro para a<br />

viagem; um, mais indiscreto, chegou a perguntar. Os <strong>do</strong>is sorriram, misteriosos, falaram<br />

numa herança e desconversaram.


Depois é que ficou se saben<strong>do</strong>.<br />

Não viajavam coisa alguma. Nem saíam da cidade. Ficavam tranca<strong>do</strong>s em casa<br />

durante to<strong>do</strong> o mês de férias. Ela ficava estudan<strong>do</strong> os folhetos das companhias de turismo,<br />

sobre – por exemplo – a cidade de Florença; a história de Florença, os museus de Florença,<br />

os monumentos de Florença. Ele, num pequeno laboratório fotográfico, montava slides em<br />

que as imagens deles estavam superpostas a imagens de Florença. Escrevia os cartõespostais,<br />

colocava neles selos usa<strong>do</strong>s com carimbos falsifica<strong>do</strong>s. Quanto ao menino, decorava<br />

as histórias contadas pelos pais para confirmá-las se necessário.<br />

Só saíam de casa tarde da noite. O menino, para fazer um pouco de exercício; ela,<br />

para fazer compras num supermerca<strong>do</strong> distante; e ele, para depositar nas caixas de<br />

correspondência <strong>do</strong>s amigos os postais.<br />

Poderia ter dura<strong>do</strong> muitos e muitos anos, esta história. Foi ela quem estragou tu<strong>do</strong>.<br />

Lá pelas tantas, cansou de ter um mari<strong>do</strong> pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas.<br />

Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas viagens, para os lugares mais exóticos.<br />

E acabou pedin<strong>do</strong> o divórcio.<br />

Beijaram-se pela última vez ao sair <strong>do</strong> escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>.<br />

A verdade – disse ele – é que me diverti muito com a história toda.<br />

Eu também me diverti muito – ela disse.<br />

Fomos muito felizes em Florença – suspirou ele.<br />

É verdade – ela disse, com lágrimas nos olhos. E prometeu-se que nunca mais iria a<br />

Florença.<br />

a) Um casal tinha uma inveja terrível <strong>do</strong>s amigos turistas.<br />

b) “Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora primária, jamais<br />

tinham consegui<strong>do</strong> juntar o suficiente para viajar”.<br />

c) “Quan<strong>do</strong> dava para as prestações das passagens não chegava para os dólares, e<br />

vice-versa; e assim, ano após ano, acabavam fican<strong>do</strong> em casa”.<br />

d) “Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos<br />

– mas não conseguiam viajar para o exterior”.<br />

e) “Contu<strong>do</strong>, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as<br />

maravilhas da Europa, que acabaram bolan<strong>do</strong> um plano”.<br />

f) “De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades européias”.<br />

g) “E as coisas interessantes que contavam!”<br />

h) “O filho, de dez anos, não contava nada, mas confirmava tu<strong>do</strong>”.<br />

i) Ele montava slides em que as imagens deles estavam superpostas a imagens de<br />

Florença.<br />

j) “Foi ela quem estragou tu<strong>do</strong>. Lá pelas tantas, cansou de ter um mari<strong>do</strong> pobre, que<br />

só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu<br />

muitas viagens, para os lugares mais exóticos.”<br />

(SCLIAR. Moacir. Melhores Contos. São Paulo: Global)<br />

59


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

60<br />

2.<br />

2.<br />

2. Leia o texto abaixo e faça a descrição sintagmática <strong>do</strong>s termos<br />

destaca<strong>do</strong>s.<br />

O Milagre<br />

Naquela pequena cidade as romarias começaram quan<strong>do</strong> correu o<br />

boato <strong>do</strong> milagre. É sempre assim. Começa com um simples boato, mas logo o povo –<br />

sofre<strong>do</strong>r, coitadinho, e pronto a acreditar em algo capaz de minorar sua perene chateação<br />

– passa a torcer para que o boato se transforme numa realidade, para poder fazer <strong>do</strong> milagre<br />

a sua esperança.<br />

Dizia-se que ali vivera um vigário muito pie<strong>do</strong>so, homem bom, tranqüilo, amigo da<br />

gente simples, que fora em vida um misto de sacer<strong>do</strong>te, conselheiro, médico, financia<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s necessita<strong>do</strong>s e até advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pobres, nas suas eternas questões com os poderosos.<br />

Fora, enfim, um sacer<strong>do</strong>te na expressão <strong>do</strong> termo: fizera de sua vida um apostola<strong>do</strong>.<br />

Um dia o vigário morreu. Ficou a saudade moran<strong>do</strong> com a gente <strong>do</strong> lugar. E era em<br />

sinal de reconhecimento que conservavam o quarto onde ele vivera, tal e qual o deixara. Era<br />

um quartinho modesto, atrás da venda. Um catre (porque em histórias assim a cama <strong>do</strong><br />

personagem chama-se catre) uma cadeira, um armário tosco, alguns livros. O quarto <strong>do</strong><br />

vigário ficou sen<strong>do</strong> uma espécie de monumento à sua memória, já que a Prefeitura local<br />

não tinha verba para erguer sua estátua.<br />

E foi quan<strong>do</strong> um dia... ou melhor, uma noite, deu-se o milagre. No quarto <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />

da venda, no quarto que fora <strong>do</strong> padre, na mesma hora em que o padre costumava acender<br />

uma vela para ler seu breviário, apareceu uma vela acesa.<br />

– Milagre!!! – quiseram to<strong>do</strong>s.<br />

E milagre ficou sen<strong>do</strong>, porque uma senhora que tinha o filho <strong>do</strong>ente, logo se ajoelhou<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora <strong>do</strong> quarto, junto à janela, e pediu pela criança. Ao chegar em casa, depois<br />

<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> – conta-se – a senhora encontrou o filho brincan<strong>do</strong>, fagueiro.<br />

– Milagre!!! – repetiram to<strong>do</strong>s. E o grito de “Milagre!!!” reboou por sobre montes e<br />

rios, vales e florestas, in<strong>do</strong> soar no ouvi<strong>do</strong> de outras gentes, de outros povoa<strong>do</strong>s. E logo<br />

começaram as romarias.<br />

Vinha gente de longe pedir! Chegava povo de tu<strong>do</strong> quanto é canto e ficava ali planta<strong>do</strong>,<br />

junto à janela, aguardan<strong>do</strong> a luz da vela. Outros padres, coronéis, até deputa<strong>do</strong>s, para<br />

oficializar o milagre. E quan<strong>do</strong> eram mais ou menos seis da tarde, hora em que o bon<strong>do</strong>so<br />

sacer<strong>do</strong>te costumava acender sua vela... a vela se acendia e começavam as orações. Ricos<br />

e pobres, <strong>do</strong>entes e saudáveis, homens e mulheres, civis e militares caíam de joelhos,<br />

pedin<strong>do</strong>.<br />

Com o passar <strong>do</strong> tempo a coisa arrefeceu. Muitos foram os casos de <strong>do</strong>enças<br />

curadas, de heranças conseguidas, de triunfos os mais diversos. Mas, como tu<strong>do</strong> passa,<br />

depois de alguns anos passaram também as romarias. Foi diminuin<strong>do</strong> a fama <strong>do</strong> milagre e<br />

ficou, apenas, mais folclore na lembrança <strong>do</strong> povo.<br />

O lugarejo não mu<strong>do</strong>u nada. Continua igualzinho como era e ainda existe, atrás da<br />

venda, o quarto que fora <strong>do</strong> padre. Passamos outro dia por lá. Entramos na venda e pedimos<br />

ao <strong>português</strong>, seu <strong>do</strong>no, que vive há muitos anos atrás <strong>do</strong> balcão, a roubar no peso, que nos<br />

servisse uma cerveja. O <strong>português</strong>, então, berrou para um pretinho, que arrumava latas de<br />

goiabada numa prateleira:<br />

– Ó Milagre, sirva uma cerveja ao freguês!


Achamos o nome engraça<strong>do</strong>. Qual o padrinho que pusera o nome de Milagre naquele<br />

afilha<strong>do</strong>? E o <strong>português</strong> explicou que não, que o nome <strong>do</strong> pretinho era Sebastião. Milagre<br />

era apeli<strong>do</strong>.<br />

– E por quê? – perguntamos.<br />

– Porque era ele quem acendia a vela, no quarto <strong>do</strong> padre.<br />

a) “Naquela pequena cidade as romarias começaram quan<strong>do</strong> correu o boato <strong>do</strong><br />

milagre”.<br />

b) “Começa com um simples boato”<br />

c) “o povo – sofre<strong>do</strong>r, coitadinho, e pronto a acreditar em algo capaz de minorar sua<br />

perene chateação – passa a torcer para que o boato se transforme numa realidade”<br />

d) “Dizia-se que ali vivera um vigário muito pie<strong>do</strong>so”<br />

e) “Um dia o vigário morreu”.<br />

f) “E era em sinal de reconhecimento que conservavam o quarto onde ele vivera, tal e<br />

qual o deixara”.<br />

g) “logo começaram as romarias”<br />

h) “Com o passar <strong>do</strong> tempo a coisa arrefeceu”.<br />

i) “Um pretinho arrumava latas de goiabada numa prateleira”<br />

j) “ele acendia a vela no quarto <strong>do</strong> padre”<br />

PONTE PRETA, Stanislaw. O milagre. In:___________. O melhor de Stanislaw Ponte Preta. 3 ed. Rio de<br />

Janeiro, José Olympo, 1988.<br />

61


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

62<br />

Glossário<br />

ALOMORFE – é cada uma das diferentes formas fônicas (morfes) que<br />

um morfema assume em função <strong>do</strong> contexto lingüístico. Por exemplo, o morfema –s marca<br />

o plural em <strong>português</strong> com as formas (-s) (depois de vogal, como em cartas) e (-es) (depois<br />

de consoantes, como em mares, cartazes). (Houaiss)<br />

DETERMINANTE – constituinte de um sintagma que tem por função especificar o<br />

senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro termo, o determina<strong>do</strong>, com o qual tem uma relação de subordinação.<br />

(Houaiss)<br />

DIACRONIA – descrição de uma língua ou de uma parte dela ao longo de sua história<br />

com as mudanças que sofreu; lingüística diacrônica. (Houaiss)<br />

DISCURSO – língua em ação tal como é realizada pelo falante [para muitos lingüistas,<br />

a palavra discurso é sinônimo de fala e figura em igualdade de senti<strong>do</strong> na dicotomia língua<br />

/ discurso]. (Houaiss)<br />

GRAMÁTICA - palavra de origem grega, surgida a partir de grámma, que significa<br />

“letra”. Inicialmente, Gramática era o nome das técnicas de escrita e leitura, mas,<br />

posteriormente, começou a se referir ao conjunto das regras que garantem o uso padrão da<br />

língua – gramática normativa. Atualmente, designa, também, a descrição científica <strong>do</strong><br />

funcionamento de uma língua – gramática descritiva. (Cipro Neto)<br />

MODIFICADOR – numa análise em constituintes imediatos, é o elemento cuja<br />

distribuição diverge da distribuição da construção total (por exeplo., em a menina de cabelos<br />

louros, o modifica<strong>do</strong>r é de cabelos louros, e o núcleo, menina). (Houaiss)<br />

MORFEMA – é a menor unidade lingüística que possui significa<strong>do</strong>, abarcan<strong>do</strong> afixos,<br />

formas livres e formas presas e vocábulos gramaticais. (Houaiss)<br />

MORFEMA DERIVACIONAL – é o afixo. É o morfema que cria um novo vocábulo,<br />

combinan<strong>do</strong>-se a um radical. Por exemplo, -eir- em livreiro. (Houaiss)<br />

MORFEMA FLEXIONAL – morfema emprega<strong>do</strong> na flexão <strong>do</strong>s substantivos, adjetivos<br />

ou verbos, sem mudar a classe da palavra. Por exemplom, o -s de plural em irmãs. (Houaiss)<br />

MORFEMA GRAMATICAL – é morfema que se acrescenta aos radicais <strong>do</strong>s nomes<br />

e verbos para expressar noções gramaticais de número gênero, caso, pessoa, tempo e<br />

mo<strong>do</strong>. (Houaiss)<br />

MORFOLOGIA – estu<strong>do</strong> da constituição das palavras e <strong>do</strong>s processos pelos quais<br />

elas são construídas a partir de suas partes componentes, os morfemas. (Houaiss)


SEMANTEMA – parte de um vocábulo que expressa um conceito, uma idéia de caráter<br />

lexical (substância, qualidade, processo, modalidade da ação ou da qualidade). Está<br />

presente em diferentes elementos lexicais: radicais, palavras simples e palavras compostas.<br />

Não está presente nos morfemas com funções exclusivamente gramaticais. (Houaiss)<br />

SENTENÇA – palavra que também pode ser usada no lugar de frase e oração.<br />

SIGNIFICANTE – imagem acústica que é associada a um significa<strong>do</strong> numa língua<br />

para formar o signo lingüístico. (Houaiss)<br />

SIGNIFICADO – conteú<strong>do</strong> semântico de um signo lingüístico; acepção, senti<strong>do</strong>,<br />

significação, conceito, noção. Na terminologia Saussuriana, a face <strong>do</strong> signo lingüístico que<br />

corresponde ao conceito, ao conteú<strong>do</strong>. (Houaiss)<br />

SINCRONIA – esta<strong>do</strong> de língua considera<strong>do</strong> num momento da<strong>do</strong> independente da<br />

evolução histórica dessa língua. (Houaiss)<br />

SINTAGMA – termo estabeleci<strong>do</strong> por Saussure (1922, 170) para designar a<br />

combinação de formas mínimas numa unidade lingüística superior. (Camara Jr.)<br />

SINTAXE – estu<strong>do</strong> que se destina a tratar das relações que os termos estabelecem<br />

entre si nas sentenças e das relações que se formam entre as sentenças nos perío<strong>do</strong>s.<br />

VERBO COPULATIVO – é o mesmo que verbo de ligação.<br />

VOCÁBULO - é o mesmo que palavra; cada uma das unidades átonas <strong>do</strong> léxico<br />

(preposições, conjunções, artigos, pronomes oblíquos) que não poden<strong>do</strong> constituir um<br />

enuncia<strong>do</strong> sozinhas, se agregam a outra forman<strong>do</strong> um vocábulo fonético [Não se confunde<br />

com afixo, porque admite intercalação de outros elementos entre ela e a unidade a que se<br />

liga]. (Houaiss).<br />

63


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

BARRETO, Therezinha Maria Mello. Atualização em língua portuguesa para<br />

professores de 2° grau. Módulo II. Análise lingüística: a morfossintaxe <strong>do</strong> <strong>português</strong>.<br />

Salva<strong>do</strong>r, 1993.<br />

64<br />

BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática. 1987.<br />

Referências<br />

Referências<br />

Bibliográficas<br />

Bibliográficas<br />

CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. São Paulo:<br />

Editora Vozes, 2004.<br />

CAMARA Jr., J. Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. Referente à língua<br />

portuguesa. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.<br />

CARONE, Flávia de Barros. Morfossintaxe. São Paulo: Editora Ática, 2004.<br />

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da língua portuguesa. 1.<br />

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Anotações<br />

Anotações<br />

65


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

66<br />

Anotações<br />

Anotações


Anotações<br />

Anotações<br />

67


Morfossintaxe<br />

<strong>do</strong> Português<br />

68<br />

FTC - EaD<br />

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância<br />

Democratizan<strong>do</strong> a Educação.<br />

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