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Qual o papel e o valor dos suplementos sistémicos de flúor em ...

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RESUMO<br />

DOSSIER<br />

SAUDE ORAL<br />

<strong>Qual</strong> o <strong>papel</strong> e o<br />

<strong>valor</strong> <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> <strong>flúor</strong> <strong>em</strong><br />

medicina <strong>de</strong>ntária<br />

PAULO ROMPANTE*<br />

Introdução: A <strong>de</strong>scoberta <strong>dos</strong> fluoretos, o reconhecimento da água como a principal fonte <strong>de</strong>stas<br />

substâncias do organismo humano, b<strong>em</strong> como a i<strong>de</strong>ntificação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluoretos na água<br />

<strong>de</strong> bebida que previne a cárie <strong>de</strong>ntária e, pelo contrário, não provoca fluorose, representam marcos<br />

assinaláveis da Medicina Dentária.<br />

Objectivos:<br />

- I<strong>de</strong>ntificar os mecanismos <strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos reconheci<strong>dos</strong> pela comunida<strong>de</strong> científica.<br />

- Fundamentar o abandono <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos.<br />

- Averiguar a relação entre <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos e fluorose.<br />

Discussão: Os da<strong>dos</strong> que sustentaram, no passado, a evidência <strong>de</strong> que os fluoretos, incorpora<strong>dos</strong><br />

na matriz <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntários na fase <strong>de</strong> maturação, eram os responsáveis e a garantia da manutenção<br />

da sua integrida<strong>de</strong>, no período pós-eruptivo, serviram também <strong>de</strong> suporte à impl<strong>em</strong>entação<br />

<strong>de</strong> estratégias que passaram, exclusivamente, pela exposição <strong>dos</strong> indivíduos aos fluoretos <strong>sistémicos</strong>,<br />

através do consumo <strong>de</strong> água fluoretada, ou, quando tal não era possível, pela administração<br />

<strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong>.<br />

Volvi<strong>dos</strong> quase 50 anos, uma interpretação <strong>dos</strong> mesmos da<strong>dos</strong> por parte da comunida<strong>de</strong> científica,<br />

reconheceu, por um lado, a teoria <strong>dos</strong> mecanismos <strong>de</strong> acção pré-eruptivos do <strong>flúor</strong> sistémico como<br />

uma interpretação errada <strong>dos</strong> factos e que não era possível dissociar fluoretos <strong>sistémicos</strong>, <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos e fluorose, e, por outro lado, admitiu e validou novos mecanismos<br />

<strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos.<br />

Conclusões:<br />

- Os fluoretos <strong>sistémicos</strong>, incorpora<strong>dos</strong> na matriz <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntários durante a sua maturação,<br />

não são a garantia n<strong>em</strong> sinónimo <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária. Os benefícios <strong>sistémicos</strong> <strong>dos</strong> fluoretos<br />

são mínimos.<br />

- Os mecanismos <strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos, aceites actualmente pela comunida<strong>de</strong> científica, são primariamente<br />

tópicos, quer para crianças, quer para adultos.<br />

- Os mecanismos <strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se na cavida<strong>de</strong> oral através da inibição da<br />

<strong>de</strong>smineralização das superfícies <strong>de</strong> esmalte, do aumento da r<strong>em</strong>ineralização nas superfícies <strong>de</strong> esmalte<br />

e da inibição da activida<strong>de</strong> bacteriana.<br />

- Actualmente, exist<strong>em</strong> dois méto<strong>dos</strong>, unanim<strong>em</strong>ente aceites, para a prevenção e terapêutica da cárie<br />

<strong>de</strong>ntária <strong>dos</strong> indivíduos e das comunida<strong>de</strong>s, nomeadamente a fluoretação da água e a escovag<strong>em</strong><br />

com <strong>de</strong>ntífricos fluoreta<strong>dos</strong>.<br />

- A associação entre a utilização <strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos e fluorose é forte e consistente.<br />

- Pais e educadores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser informa<strong>dos</strong> acerca do uso correcto <strong>dos</strong> fluoretos.<br />

Palavras-Chave: Flúor, Supl<strong>em</strong>entos <strong>sistémicos</strong>, Supl<strong>em</strong>entos tópicos, Cárie <strong>de</strong>ntária, Fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

INTRODUÇÃO<br />

A<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>dos</strong> fluoretos, o<br />

reconhecimento da água<br />

como a principal fonte <strong>de</strong>stas<br />

substâncias do organismo<br />

humano, b<strong>em</strong> como a i<strong>de</strong>ntificação<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluoretos na água <strong>de</strong><br />

bebida que previne a cárie <strong>de</strong>ntária e,<br />

pelo contrário, não provoca fluorose, representam<br />

marcos assinaláveis da medicina<br />

<strong>de</strong>ntária. 1,2<br />

A utilização <strong>dos</strong> fluoretos como medida<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral comunitária iniciou-<br />

-se nos anos quarenta com a incorporação<br />

<strong>de</strong> fluoretos na água <strong>de</strong> bebida.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista histórico, as primeiras<br />

investigações dirigiram-se para a<br />

avaliação do possível efeito <strong>dos</strong> fluoretos<br />

na prevenção da cárie <strong>de</strong>ntária.<br />

Consi<strong>de</strong>rava-se que a prevenção <strong>de</strong>sta<br />

patologia se baseava na incorporação <strong>de</strong><br />

fluoretos, por via sistémica, na fase <strong>de</strong><br />

maturação <strong>de</strong>ntária, período pré-eruptivo,<br />

tendo durante longos anos, as práticas/estratégias<br />

preventivas sido orientadas<br />

por este princípio. De salientar os<br />

avulta<strong>dos</strong> investimentos <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

*Licenciado <strong>em</strong> Medicina Dentária<br />

Doutorado <strong>em</strong> Medicina Dentária<br />

Regente das disciplinas <strong>de</strong> Medicina Dentária<br />

Preventiva e Comunitária e <strong>de</strong> Clínica<br />

Odontopediátrica II da Licenciatura <strong>de</strong> Medicina<br />

Dentária do Instituto Superior<br />

<strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong> Norte<br />

Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55 349


DOSSIER<br />

SAÚDE ORAL<br />

Pública, Saú<strong>de</strong> Comunitária e Saú<strong>de</strong><br />

Oral Comunitária, basea<strong>dos</strong> na mesma<br />

evidência.<br />

Nos países com água <strong>de</strong> abastecimento<br />

público hipofluoretada, como é<br />

ex<strong>em</strong>plo Portugal Continental, 3 on<strong>de</strong><br />

não foi possível impl<strong>em</strong>entar a fluoretação,<br />

ou essa não foi a opção, foram utilizadas<br />

formas alternativas <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação<br />

sistémica <strong>de</strong> fluoretos, nomeadamente<br />

a fluoretação da água<br />

escolar, a utilização <strong>de</strong> leite e sal fluoreta<strong>dos</strong>,<br />

gotas e comprimi<strong>dos</strong>. 4<br />

Tendo <strong>em</strong> conta a aparente eficácia<br />

e efectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstradas pelo uso <strong>de</strong><br />

fluoretos, foram, posteriormente, <strong>de</strong>senvolvidas<br />

novas formas <strong>de</strong> apresentação<br />

tópicas <strong>de</strong> <strong>flúor</strong> para aplicação<br />

profissional, as quais vieram a <strong>de</strong>monstrar<br />

a sua utilida<strong>de</strong> na prevenção e terapêutica<br />

da cárie <strong>de</strong>ntária. Os géis e os<br />

vernizes são dois <strong>de</strong>sses ex<strong>em</strong>plos.<br />

As soluções tópicas <strong>de</strong> bochecho <strong>de</strong><br />

fluoretos <strong>de</strong> uso ambulatório, usadas<br />

individualmente ou <strong>em</strong> programas comunitários,<br />

associadas ou não a <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos <strong>em</strong> comprimi<strong>dos</strong>,<br />

seguiram o mesmo percurso<br />

e tiveram <strong>de</strong>senvolvimento s<strong>em</strong>elhante.<br />

Enquanto isso, a aplicação tópica<br />

diária <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntífricos fluoreta<strong>dos</strong> já se<br />

tinha tornado a medida <strong>de</strong> maior impacto<br />

na saú<strong>de</strong> oral das populações do<br />

mundo industrializado. 5<br />

No entanto, observações posteriores<br />

levantaram dúvidas sobre o mecanismo<br />

<strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos na prevenção da<br />

cárie <strong>de</strong>ntária e sobre a importância <strong>dos</strong><br />

<strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong>. Observou-se<br />

que indivíduos que nasceram e residiam<br />

<strong>em</strong> zonas com água <strong>de</strong> abastecimento<br />

público natural ou artificialmente<br />

fluoretada, s<strong>em</strong> história <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária,<br />

alteravam o seu padrão <strong>de</strong> comportamento<br />

relativamente a esta<br />

patologia quando se mudaram para<br />

zonas com água <strong>de</strong> abastecimento<br />

público hipofluoretada. Por outro lado,<br />

constatou-se que indivíduos que s<strong>em</strong>pre<br />

viveram <strong>em</strong> zonas com água <strong>de</strong><br />

350 Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55<br />

abastecimento público hipofluoretada,<br />

on<strong>de</strong> não estava impl<strong>em</strong>entada qualquer<br />

supl<strong>em</strong>entação artificial, nunca<br />

<strong>de</strong>senvolveram cárie <strong>de</strong>ntária. Verificou-<br />

-se, ainda, que indivíduos que não<br />

vivendo <strong>em</strong> zonas com águas fluoretadas,<br />

mas que fizeram <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>flúor</strong>, <strong>de</strong>senvolveram cárie<br />

<strong>de</strong>ntária e, no extr<strong>em</strong>o oposto, casos <strong>de</strong><br />

fluorose. Estas observações levaram a<br />

comunida<strong>de</strong> científica a formular a<br />

hipótese <strong>de</strong> que existiriam outros mecanismos<br />

<strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos, provavelmente<br />

mais importantes, questionando<br />

a utilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> fluoretos <strong>sistémicos</strong><br />

no período pré-eruptivo e a sua<br />

importância <strong>em</strong> carioprofilaxia.<br />

OBJECTIVOS<br />

• I<strong>de</strong>ntificar os mecanismos <strong>de</strong> acção<br />

<strong>dos</strong> fluoretos reconheci<strong>dos</strong> pela<br />

comunida<strong>de</strong> científica.<br />

• Fundamentar o abandono <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos.<br />

• Averiguar a relação entre <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos e fluorose.<br />

DISCUSSÃO<br />

Os da<strong>dos</strong> que sustentaram, no passado,<br />

a evidência <strong>de</strong> que os fluoretos,<br />

incorpora<strong>dos</strong> na matriz <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntários<br />

na fase <strong>de</strong> maturação, eram os<br />

responsáveis pela manutenção da sua<br />

integrida<strong>de</strong>, no período pós-eruptivo,<br />

serviram <strong>de</strong> suporte à impl<strong>em</strong>entação<br />

<strong>de</strong> estratégias que passaram, exclusivamente,<br />

pela exposição <strong>dos</strong> indivíduos<br />

aos fluoretos <strong>sistémicos</strong>, através do consumo<br />

<strong>de</strong> água fluoretada, ou, quando<br />

tal não foi possível, através da administração<br />

<strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong>.<br />

Mas, uma análise mais atenta da literatura<br />

permite verificar que a informação<br />

e as evidências que foram recolhidas<br />

para suportar os benefícios pré-<br />

-eruptivos <strong>dos</strong> fluoretos resultavam <strong>de</strong>


da<strong>dos</strong> epi<strong>de</strong>miológicos acerca da incidência<br />

e prevalência <strong>de</strong> cárie nas comunida<strong>de</strong>s<br />

fluoretadas e não <strong>em</strong> ensaios<br />

clínicos que permitiss<strong>em</strong> avaliar os<br />

mecanismos <strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos. A<br />

acrescentar, como os critérios <strong>de</strong> diagnóstico<br />

<strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária utiliza<strong>dos</strong> <strong>em</strong><br />

epi<strong>de</strong>miologia difer<strong>em</strong> <strong>dos</strong> critérios clínicos,<br />

a extrapolação <strong>de</strong>sses resulta<strong>dos</strong><br />

para a prática clínica não é metodologicamente<br />

aceitável. Os estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fluoretação<br />

<strong>de</strong> águas <strong>de</strong> abastecimento<br />

público e <strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong><br />

fluoretos foram também frequent<strong>em</strong>ente<br />

cita<strong>dos</strong> como suporte do efeito pré-<br />

-eruptivo do <strong>flúor</strong>. 6-9 No entanto, somente<br />

três <strong>de</strong>sses estu<strong>dos</strong>, numa tentativa<br />

<strong>de</strong> perceber os mecanismos <strong>de</strong> acção do<br />

<strong>flúor</strong>, examinaram as cáries <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

individuais e nenhum contou com a<br />

variação da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erupção <strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

permanentes, ou com o facto <strong>de</strong>stes<br />

<strong>de</strong>ntes ter<strong>em</strong> sido expostos por um<br />

período maior ao efeito tópico do <strong>flúor</strong>,<br />

po<strong>de</strong>ndo ter beneficiado do seu efeito<br />

cumulativo.<br />

Para além do estudo <strong>de</strong> Bibby, 5 nos<br />

anos 50, <strong>de</strong>sconhec<strong>em</strong>-se outras investigações<br />

acerca <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>flúor</strong> que tenham sido conduzidas<br />

<strong>de</strong> forma a separar os efeitos<br />

tópicos <strong>dos</strong> efeitos <strong>sistémicos</strong> <strong>dos</strong> fluoretos.<br />

DePaola e Lax 10 e Birch 11 analisaram<br />

o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> muitos <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> relaciona<strong>dos</strong><br />

com esta probl<strong>em</strong>ática e<br />

<strong>de</strong>tectaram numerosas falhas; no<br />

entanto, os resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> seus trabalhos<br />

não tiveram o impacto que hoje se<br />

lhes reconhece.<br />

A teoria <strong>de</strong> que a incorporação <strong>dos</strong><br />

fluoretos nos teci<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntários <strong>em</strong> formação,<br />

período pré-eruptivo, era da<br />

maior importância para a saú<strong>de</strong> oral no<br />

período pós-eruptivo 12 começou a ser<br />

contestada <strong>em</strong> mea<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> anos 70,<br />

altura <strong>em</strong> que a comunida<strong>de</strong> científica<br />

se apercebeu, através <strong>de</strong> diversos estu<strong>dos</strong>,<br />

que os <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong><br />

fluoretos administra<strong>dos</strong> às grávidas não<br />

DOSSIER<br />

SAÚDE ORAL<br />

aumentavam significativamente a<br />

saú<strong>de</strong> oral do recém-nascido. 13<br />

Outras revisões <strong>de</strong> publicações e a<br />

sua crítica correspon<strong>de</strong>nte, 14,15 indiciavam<br />

que nenhum <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> feitos inicialmente,<br />

acerca <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> fluoretos, po<strong>de</strong>riam ser<br />

publica<strong>dos</strong> agora, tendo <strong>em</strong> conta que<br />

as metodologias usadas não tinham<br />

qualida<strong>de</strong> científica, entre outras falhas,<br />

e as conclusões apresentadas ou não<br />

eram suportadas pelos da<strong>dos</strong> observa<strong>dos</strong>,<br />

ou não eram consistentes com os<br />

seus protocolos. 16<br />

A somar, exist<strong>em</strong> outros factores que<br />

foram analisa<strong>dos</strong> e pon<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>. A dificulda<strong>de</strong><br />

com que se <strong>de</strong>paravam os profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para cumprir com<br />

as correctas <strong>dos</strong>agens das tabelas para<br />

uso <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>de</strong> fluoretos era<br />

um factor importante, ao consi<strong>de</strong>rar<br />

este modo <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong>stas substâncias.<br />

De salientar que a literatura suporta<br />

que alguns profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

prescreviam <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>de</strong> fluoretos<br />

s<strong>em</strong> ter<strong>em</strong> <strong>em</strong> conta o nível <strong>de</strong>ste mineral<br />

na água potável 17 ou outras fontes<br />

<strong>de</strong> exposição durante a infância. O uso<br />

<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> soja e chá, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

aumenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluoretos<br />

ingeri<strong>dos</strong> para <strong>valor</strong>es próximos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong><br />

crónica <strong>em</strong> algumas crianças 18<br />

e os alimentos e bebidas das crianças<br />

po<strong>de</strong>m conter o aporte suficiente <strong>de</strong><br />

fluoretos. 19<br />

De um lado da questão, a eficácia<br />

<strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos,<br />

na prevenção da cárie <strong>de</strong>ntária, não<br />

estava b<strong>em</strong> avaliada <strong>em</strong> crianças<br />

recém-nascidas, <strong>em</strong> crianças da primeira<br />

infância e <strong>em</strong> crianças <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar,<br />

para além <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> situações <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária, quantida<strong>de</strong>s adicionais<br />

<strong>de</strong> fluoretos po<strong>de</strong>m não produzir um<br />

nítido benefício e outras medidas, tais<br />

como terapia antimicrobiana e intervenção<br />

nutricional, po<strong>de</strong>m ser necessárias.<br />

20<br />

As razões acima aludidas <strong>de</strong>veriam<br />

ter sido suficientes para que os suple-<br />

Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55 351


DOSSIER<br />

SAÚDE ORAL<br />

mentos <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos, impl<strong>em</strong>enta<strong>dos</strong><br />

como medida <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral<br />

comunitária e saú<strong>de</strong> comunitária, <strong>de</strong>ixass<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> ser recomenda<strong>dos</strong> a todas as<br />

crianças, até porque <strong>em</strong> indivíduos que<br />

usam <strong>de</strong>ntífricos fluoreta<strong>dos</strong> o benefício<br />

marginal do supl<strong>em</strong>ento sistémico<br />

<strong>de</strong> fluoretos é muito baixo, ou inexistente,<br />

e a segurança durante um longo<br />

período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po é difícil <strong>de</strong> monitorizar<br />

e avaliar. 21-23<br />

Do outro lado da questão, a fluorose<br />

<strong>de</strong>ntária apresentava-se como a principal<br />

consequência in<strong>de</strong>sejável do uso <strong>de</strong><br />

<strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos. O<br />

medo da reacção adversa à fluorose<br />

<strong>de</strong>ntária <strong>de</strong>terminou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há vários<br />

anos, redução <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> fluoretos, então recomenda<strong>dos</strong>,<br />

<strong>em</strong> países como a Austrália, 24 Inglaterra,<br />

25,26 Canadá, 27 Finlândia, 16 Noruega,<br />

16 Suécia 6 e, mais lentamente,<br />

nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. 7<br />

Uma revisão qualitativa e quantitativa<br />

da bibliografia mostrou que o uso<br />

<strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos<br />

aumenta o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

fluorose <strong>de</strong>ntária pelo menos duas<br />

vezes, sendo que a maior parte <strong>dos</strong><br />

casos encontra<strong>dos</strong> é do tipo muito leve<br />

ou leve. D<strong>em</strong>onstrou-se, por um lado,<br />

que existe uma clara relação causa/<br />

/efeito nas crianças que usaram <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos e fluorose,<br />

apresentando uma maior prevalência<br />

<strong>de</strong> fluorose nos seus <strong>de</strong>ntes permanentes<br />

do que aquelas que não os<br />

usaram, 28 que os <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> fluoretos têm pelo menos um<br />

efeito aditivo no risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da fluorose <strong>de</strong>ntária <strong>em</strong> recém-nasci<strong>dos</strong><br />

e crianças que escovam os seus<br />

<strong>de</strong>ntes com <strong>de</strong>ntífricos fluoreta<strong>dos</strong>. 29,30<br />

Por outro lado, o uso abusivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntífrico<br />

fluoretado, algum do qual é inevitável<br />

ou aci<strong>de</strong>ntalmente ingerido, juntamente<br />

com outras fontes <strong>de</strong> fluoretos,<br />

como os conti<strong>dos</strong> na água <strong>de</strong> bebida e<br />

nos alimentos, resultaram num observável<br />

aumento <strong>de</strong> fluorose <strong>de</strong>ntária. 30<br />

352 Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55<br />

A preocupação crescente com a exposição<br />

das crianças, numa ida<strong>de</strong> muito<br />

precoce, a uma quantida<strong>de</strong> maior do<br />

que a consi<strong>de</strong>rada não tóxica <strong>de</strong> fluoretos,<br />

pela totalida<strong>de</strong> das fontes, para<br />

alguns, por si só, teria que resultar na<br />

não atribuição <strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong><br />

<strong>de</strong> fluoretos, 30-32 até porque não<br />

havia uma evidência científica que<br />

suportasse o uso generalizado <strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>de</strong> fluoretos <strong>em</strong> crianças na primeira<br />

infância, mesmo na ausência <strong>de</strong><br />

fluoretos na água. 16<br />

Os benefícios reclama<strong>dos</strong> pelos<br />

<strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos<br />

são, por um lado, disponibiliza<strong>dos</strong> através<br />

da escovag<strong>em</strong> regular com <strong>de</strong>ntífrico<br />

fluoretado e são <strong>de</strong>sta forma bastante<br />

menos sensíveis à mudança <strong>dos</strong> estilos<br />

<strong>de</strong> vida. Por outro lado, os <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong><br />

<strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> fluoretos são<br />

frequent<strong>em</strong>ente usa<strong>dos</strong> por crianças<br />

que têm boa higiene oral, dieta saudável<br />

e equilibrada, mas não são usa<strong>dos</strong><br />

por aqueles que têm, ou têm risco <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária.<br />

To<strong>dos</strong> estes acha<strong>dos</strong> contribuíram<br />

para a assunção <strong>de</strong> que o fluoretos <strong>sistémicos</strong><br />

e os <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong><br />

fluoretos não eram uma medida correcta<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral comunitária, <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> comunitária, ou mesmo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública, posição esta que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há<br />

muito, fora sublinhada e subscrita <strong>em</strong><br />

encontros científicos internacionais,<br />

reunindo o consenso da comunida<strong>de</strong><br />

científica já <strong>em</strong> 1992 22 e 1997. 16 No<br />

entanto, só nesta última reunião, no<br />

Canadá, foi assumido, pela primeira<br />

vez, pela comunida<strong>de</strong> científica, <strong>de</strong><br />

forma clara e inequívoca, a pouca<br />

importância <strong>dos</strong> fluoretos <strong>sistémicos</strong>,<br />

que os mecanismos <strong>de</strong> acção <strong>dos</strong> fluoretos<br />

não eram pré-eruptivos e foi reconhecida<br />

a gran<strong>de</strong> importância <strong>dos</strong> fluoretos<br />

tópicos pós-eruptivos na cavida<strong>de</strong><br />

oral, nomeadamente através da inibição<br />

da <strong>de</strong>smineralização, o aumento<br />

da r<strong>em</strong>ineralização e a inibição bacteriana,<br />

reconhecendo-os como agentes


preventivos, agentes terapêuticos e<br />

agentes bacteriostáticos, respectivamente.<br />

Admitindo que as variações ao protocolo<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre compromet<strong>em</strong> a<br />

valida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>scobertas, parece que<br />

<strong>de</strong>ssa forma muitos estu<strong>dos</strong> clínicos<br />

acerca <strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong><br />

fluoretos foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> forma<br />

a ser<strong>em</strong> retiradas as conclusões que<br />

<strong>de</strong>les se pretendiam obter. A epi<strong>de</strong>miologia<br />

não estava tão b<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvida<br />

como ciência nos anos 60 e 70, os méto<strong>dos</strong><br />

analíticos eram também mal entendi<strong>dos</strong><br />

e o acesso aos computadores era<br />

praticamente nulo ou muito restrito.<br />

Estas justificações po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sculpar<br />

o facto <strong>de</strong> que mesmo assim tenham<br />

sido feitos, mas não <strong>de</strong>sculpa o facto<br />

<strong>de</strong> continuarmos a basear as nossas<br />

políticas nesses estu<strong>dos</strong>. 16,33<br />

Noutra esfera <strong>de</strong> influências, o<br />

Parlamento Europeu e Conselho da Europa<br />

através da directiva 2002/46/CE,<br />

<strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Junho, referente à aproximação<br />

das legislações <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> m<strong>em</strong>bros<br />

relativamente aos compl<strong>em</strong>entos<br />

alimentares, no seu anexo I, «Vitaminas<br />

e minerais que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>dos</strong><br />

para o fabrico <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entos alimentares»,<br />

no seu ponto 2, «Minerais»,<br />

incluiu o <strong>flúor</strong> nos minerais que po<strong>de</strong>m<br />

ser manipula<strong>dos</strong> para o fabrico <strong>dos</strong> referi<strong>dos</strong><br />

compl<strong>em</strong>entos, sob regras <strong>de</strong>finidas<br />

<strong>de</strong> fabrico, <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s máximas,<br />

etiquetag<strong>em</strong> e comercialização. Na<br />

prática, a liberalização da venda <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> produtos alimentares significou<br />

um aumento não quantificável <strong>de</strong> fontes<br />

<strong>de</strong> <strong>flúor</strong>, contrariando, por um lado,<br />

as preocupações já referidas da comunida<strong>de</strong><br />

científica, e acrescentando, por<br />

outro lado, mais uma razão às tomadas<br />

<strong>de</strong> posição da comunida<strong>de</strong> científica<br />

relativamente ao abandono das políticas<br />

<strong>de</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> <strong>flúor</strong>.<br />

Relativamente ao <strong>flúor</strong>, a directiva mostrou<br />

<strong>de</strong>sconhecimento da realida<strong>de</strong>,<br />

pelo que se tratou <strong>de</strong> uma resolução<br />

inoportuna.<br />

DOSSIER<br />

SAÚDE ORAL<br />

A directiva comunitária 2002/46/<br />

/CE, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Junho, entraria <strong>em</strong> vigor<br />

a 10 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2003. Se, por um<br />

lado, esta directiva comunitária criou<br />

um <strong>em</strong>baraço à Direcção Geral <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, que à data, ano <strong>de</strong> 2002, <strong>em</strong><br />

Portugal Continental, patrocinava a<br />

política <strong>dos</strong> <strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>flúor</strong>, contrariamente às indicações da<br />

comunida<strong>de</strong> científica, por outro lado<br />

proporcionou as condições para que a<br />

mesma reflectisse sobre esta probl<strong>em</strong>ática,<br />

o que veio a acontecer. A opção<br />

passou pela convocação <strong>de</strong> uma task<br />

force, que mais não fez do que elaborar<br />

a fundamentação científica com base<br />

nas recomendações internacionais à<br />

muito preconizadas pela comunida<strong>de</strong><br />

científica, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po útil, antes da<br />

entrada <strong>em</strong> vigor da referida directiva<br />

comunitária.<br />

O reflexo e as recomendações da task<br />

force obrigavam a que o programa <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> oral, então <strong>em</strong> vigor, fosse revisto,<br />

pelo que a task force se manteve <strong>em</strong> funções<br />

até que esse trabalho fosse elaborado.<br />

O novo programa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral ficou<br />

concluído <strong>em</strong> Maio <strong>de</strong> 2003, altura <strong>em</strong><br />

que a task force cessou as suas funções.<br />

O novo programa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral previsto<br />

no Plano Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 2004-<br />

-2010 <strong>de</strong>nominou-se Programa Nacional<br />

<strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral e foi<br />

aprovado pelo <strong>de</strong>spacho ministerial<br />

n o 153/2005, publicado no Diário da<br />

República, 2 a série, n o 3, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> Janeiro<br />

<strong>de</strong> 2005, e difundido pela Circular Normativa<br />

da Direcção Geral <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

n o 1/DSE <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2005.<br />

Enquanto isso, contrariamente às recomendações<br />

da comunida<strong>de</strong> científica,<br />

contrariamente ao novo programa <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> oral que inclui as recomendações<br />

da task force, a Direcção Geral <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

continuou a patrocinar a política <strong>dos</strong><br />

<strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> <strong>flúor</strong> até ao<br />

final do ano <strong>de</strong> 2005, contrariando também<br />

o <strong>de</strong>spacho ministerial citado e a<br />

sua própria circular normativa.<br />

Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55 353


DOSSIER<br />

SAÚDE ORAL<br />

CONCLUSÕES<br />

• O <strong>flúor</strong> sistémico incorporado na<br />

matriz <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntários durante<br />

a sua maturação não é a garantia<br />

n<strong>em</strong> é sinónimo <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária. Os benefícios <strong>sistémicos</strong><br />

do <strong>flúor</strong> são mínimos.<br />

• Os mecanismos <strong>de</strong> acção do <strong>flúor</strong>,<br />

aceites actualmente pela comunida<strong>de</strong><br />

científica, são primariamente tópicos,<br />

quer para crianças quer para<br />

adultos.<br />

• O mecanismo <strong>de</strong> acção do <strong>flúor</strong> <strong>de</strong>senvolve-se<br />

na cavida<strong>de</strong> oral através<br />

da inibição da <strong>de</strong>smineralização das<br />

superfícies <strong>de</strong> esmalte, do aumento<br />

da r<strong>em</strong>ineralização nas superfícies<br />

<strong>de</strong> esmalte e da inibição da activida<strong>de</strong><br />

bacteriana.<br />

• Actualmente, exist<strong>em</strong> dois méto<strong>dos</strong>,<br />

unanim<strong>em</strong>ente aceites, para a prevenção<br />

e terapêutica da cárie <strong>de</strong>ntária<br />

<strong>dos</strong> indivíduos e das comunida<strong>de</strong>s,<br />

nomeadamente a fluoretação da<br />

água e a escovag<strong>em</strong> com <strong>de</strong>ntífricos<br />

fluoreta<strong>dos</strong>.<br />

• A associação entre a utilização <strong>de</strong><br />

<strong>supl<strong>em</strong>entos</strong> <strong>sistémicos</strong> <strong>de</strong> <strong>flúor</strong> e<br />

fluorose é forte e consistente.<br />

• Pais e educadores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser informa<strong>dos</strong><br />

acerca do uso correcto do<br />

<strong>flúor</strong>.<br />

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En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Paulo Rompante<br />

Rua 25 <strong>de</strong> Abril, 2P<br />

Edifício Farmácia<br />

4780 Vila das Aves<br />

E-mail: paulo.rompante@iscsn.cespu.pt<br />

Tlm: 936 996 389<br />

Rev Port Clin Geral 2006;22:349-55 355

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