MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer
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Possuía um tio, chamado Luiz de Paula Pereira, que era Sub-<br />
Oficial mecânico de aviões e servia na Escola de Aeronáutica, no<br />
Campo dos Afonsos. Foi por seu intermédio que, pela primeira<br />
vez, pisei em uma Base Aérea e contemplei, de perto, aqueles<br />
aviões impressionantes que eram os P-47 ‘Thunderbolt’, recém<br />
chegados dos céus da Itália e nos quais haviam lutado os pilotos<br />
brasileiros. Após passar o dia vendo os hangares e o trabalho dos<br />
mecânicos, não queria voltar para casa; queria dormir ali mesmo<br />
para, no dia seguinte, recomeçar tudo de novo.<br />
No início do ano de 1960, com a idade de 16 anos, prestei<br />
concurso para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, tendo sido<br />
aprovado entre cerca de dez mil candidatos.<br />
Após exames psicotécnicos e de saúde, fui convocado. Minha<br />
partida da Estação D.Pedro II, no Rio de Janeiro, com destino à<br />
Escola, localizada na cidade de Barbacena, em Minas Gerais, foi<br />
feita em um trem a vapor cuja locomotiva, da Estrada de Ferro<br />
Central do Brasil, era conhecida como ‘Maria Fumaça’. Os vagões<br />
eram todos de madeira. No total éramos cerca de 250 jovens,<br />
oriundos dos mais variados cantos do país.<br />
A viagem durou aproximadamente dez horas, durante as quais<br />
fiquei conhecendo alguns dos futuros colegas. Um deles, do qual<br />
me tornei muito amigo, era descendente de italianos e morava na<br />
região sul; outro, do Rio de Janeiro, parecia um verdadeiro<br />
malandro carioca da época, cheio de gírias, com roupas coloridas,<br />
calça branca de boca estreita e sapatos brancos de bico fino, além<br />
de anéis e cordões de ouro.