MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer
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1. COMO TUDO COMEÇOU 8 A vocação pelas coisas da aviação surgiu-me ainda em menino. Seja nas brincadeiras de criança, seja na hora de pedir um presente de aniversário aos pais, o interesse pelas coisas da aviação estava sempre presente. A contemplação constante do céu, em busca de um pontinho negro que aos poucos ia aumentando e trazendo consigo o ronco longínquo de hélices girando, era coisa constantemente notada por familiares e vizinhos que, com freqüência, diziam: -“Lá está ele, de novo sonhando em ser aviador!”. A aviação brasileira daquela época, sem dúvida, estava ainda em seu início. Era raro avistar-se uma aeronave pelos céus do país. A Força Aérea Brasileira havia, recentemente, participado da Segunda Grande Guerra e seus pilotos eram considerados heróis por toda a população. Um deles, até meu parente próximo, era sempre mencionado com orgulho pelos membros da família. Nesse ambiente crescia sempre interessado pelos assuntos relacionados com aviões. Por vezes obrigava meu pai a levar-me ao aeroporto Santos Dumont, somente para ver os pousos e decolagens, sentir o cheiro da gasolina queimada e observar os pilotos e mecânicos caminhando pelos pátios. As viagens aéreas eram acessíveis apenas às elites e, por isso, embora insistisse com meu pai para um vôo, ainda que local, jamais tive meu pedido atendido; o que, de certa forma, aguçou ainda mais meu desejo de ser aviador.
9 Possuía um tio, chamado Luiz de Paula Pereira, que era Sub- Oficial mecânico de aviões e servia na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos. Foi por seu intermédio que, pela primeira vez, pisei em uma Base Aérea e contemplei, de perto, aqueles aviões impressionantes que eram os P-47 ‘Thunderbolt’, recém chegados dos céus da Itália e nos quais haviam lutado os pilotos brasileiros. Após passar o dia vendo os hangares e o trabalho dos mecânicos, não queria voltar para casa; queria dormir ali mesmo para, no dia seguinte, recomeçar tudo de novo. No início do ano de 1960, com a idade de 16 anos, prestei concurso para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, tendo sido aprovado entre cerca de dez mil candidatos. Após exames psicotécnicos e de saúde, fui convocado. Minha partida da Estação D.Pedro II, no Rio de Janeiro, com destino à Escola, localizada na cidade de Barbacena, em Minas Gerais, foi feita em um trem a vapor cuja locomotiva, da Estrada de Ferro Central do Brasil, era conhecida como ‘Maria Fumaça’. Os vagões eram todos de madeira. No total éramos cerca de 250 jovens, oriundos dos mais variados cantos do país. A viagem durou aproximadamente dez horas, durante as quais fiquei conhecendo alguns dos futuros colegas. Um deles, do qual me tornei muito amigo, era descendente de italianos e morava na região sul; outro, do Rio de Janeiro, parecia um verdadeiro malandro carioca da época, cheio de gírias, com roupas coloridas, calça branca de boca estreita e sapatos brancos de bico fino, além de anéis e cordões de ouro.
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A vocação pelas coisas da aviação surgiu-me ainda em menino.<br />
Seja nas brincadeiras de criança, seja na hora de pedir um<br />
presente de aniversário aos pais, o interesse pelas coisas da aviação<br />
estava sempre presente.<br />
A contemplação constante do céu, em busca de um pontinho<br />
negro que aos poucos ia aumentando e trazendo consigo o ronco<br />
longínquo de hélices girando, era coisa constantemente notada por<br />
familiares e vizinhos que, com freqüência, diziam: -“Lá está ele, de<br />
novo sonhando em ser aviador!”.<br />
A aviação brasileira daquela época, sem dúvida, estava ainda<br />
em seu início. Era raro avistar-se uma aeronave pelos céus do país.<br />
A Força Aérea Brasileira havia, recentemente, participado da<br />
Segunda Grande Guerra e seus pilotos eram considerados heróis<br />
por toda a população. Um deles, até meu parente próximo, era<br />
sempre mencionado com orgulho pelos membros da família.<br />
Nesse ambiente crescia sempre interessado pelos assuntos<br />
relacionados com aviões. Por vezes obrigava meu pai a levar-me ao<br />
aeroporto Santos Dumont, somente para ver os pousos e<br />
decolagens, sentir o cheiro da gasolina queimada e observar os<br />
pilotos e mecânicos caminhando pelos pátios. As viagens aéreas<br />
eram acessíveis apenas às elites e, por isso, embora insistisse com<br />
meu pai para um vôo, ainda que local, jamais tive meu pedido<br />
atendido; o que, de certa forma, aguçou ainda mais meu desejo de<br />
ser aviador.