MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer
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Era uma construção enorme, com grades de ferro nas janelas.<br />
Os loucos ficavam pendurados nas grades, às dezenas, acenando e<br />
gritando para nós. Como levávamos fuzis deviam pensar que<br />
iríamos matá-los ou, então, salvá-los daquele cativeiro.<br />
Nós, todavia, passávamos indiferentes à sorte deles, no íntimo<br />
torcendo para nunca irmos parar na ala psiquiátrica do Hospital<br />
Central da Aeronáutica.<br />
No local do acampamento armávamos barracas individuais e<br />
aprendíamos rudimentos de infantaria (cavar trincheiras, andar<br />
no mato, etc.).<br />
Num desses acampamentos um avião T-6 da escola, pilotado<br />
por um major, deu várias rasantes sobre o acampamento e lançou<br />
folhetos de propaganda psicológica.<br />
Os folhetos diziam, mais ou menos, assim: “-Aluno, o<br />
comandante da escola e os oficiais são parasitas que não fazem<br />
outra coisa senão sugar o seu sangue, explorando-o física, mental e<br />
financeiramente; por isto deserte! Ao longo da estrada BR-3,<br />
lindas garotas estarão esperando por você para dar-lhe o<br />
tratamento que merece!”.<br />
Quanto à primeira frase do folheto, todos nós<br />
concordávamos com ela, na ocasião. A iniciativa de conclamar-nos<br />
à deserção só não teve sucesso por não acreditarmos no que dizia a<br />
segunda frase.