MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer
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(autorização que só era dada para os convites oficiais feitos através<br />
da Sociedade Acadêmica), usávamos, com frequência, um<br />
expediente que consistia em desmontar e esconder nossas carteiras<br />
das salas de aula e nossas camas e colchões do alojamento. Assim,<br />
quando eram tiradas as faltas (na sala, pela manhã, e no<br />
alojamento, à noite) não davam por nossa falta, pois não havia<br />
nem carteiras nem camas vazias que indicassem não estarmos<br />
presentes na Escola. Com este expediente, alguns ficavam a<br />
semana inteira longe da EPCAR.<br />
44<br />
Andou na moda a brincadeira de fazer um copo andar sobre<br />
uma mesa. Sentávamo-nos, cinco ou seis, em volta de uma mesa<br />
com o dedo apoiado sobre um copo, emborcado, tendo em volta<br />
todas as letras do alfabeto cortadas em papelão. Concentrávamo-<br />
nos e o copo começava a andar, parando em frente à determinada<br />
letra. Um de nós ficava anotando as letras e formando, então, as<br />
palavras e frases que, supostamente, o “espírito do copo” nos<br />
enviava. Fazíamos perguntas e o copo respondia. Eu participei de<br />
várias mesas e posso afirmar que o copo andava, sem dúvida<br />
alguma.<br />
Em uma dessas ocasiões dissemos ao “espírito do copo” que<br />
queríamos uma prova de que ele, realmente, existia e de que estava<br />
lá, dentro do copo. O copo moveu-se e escreveu: “vejam dentro do<br />
copo”. Olhamos com detalhe e vimos um chumaço de cabelos<br />
brancos no interior do copo emborcado. Nenhum de nós (rapazes<br />
naquela época) possuía cabelos brancos. Tiramos as mãos de cima<br />
dele, saímos correndo e nunca mais brincamos de fazer o copo<br />
andar.