MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer
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Janeiro, deixando, então, para a turma de 1961, a primazia de<br />
serem os mais antigos.<br />
43<br />
Durante o ano de 1963 a Escola entrou, novamente, de<br />
prontidão por razões políticas. Os oficiais, temendo uma revolta<br />
dos sargentos, retiraram todas as armas do material bélico e as<br />
colocaram nos alojamentos dos alunos, que passaram a tirar<br />
serviço armados.<br />
Durante vários dias revezamo-nos nos postos de vigia das<br />
varandas dos alojamentos, portando fuzis municiados e<br />
aguardando a invasão dos sargentos, que não houve. Embora todos<br />
os sargentos e todos os oficiais fossem ótimas pessoas, notávamos,<br />
na ocasião, os sinais de um desconforto visível entre eles. Ainda<br />
que não politizados em sua maioria, alguns alunos, entretanto,<br />
demonstravam um conhecimento sobre fatos e acontecimentos<br />
políticos da ocasião, o que os levava a expressar pontos de vista<br />
contra ou a favor do governo. Um destes, por não ser favorável ao<br />
governo do Presidente João Goulart, durante o serviço de guarda<br />
na varanda, ao ver um colega subindo as escadas para entrar no<br />
alojamento, mandou que parasse e dissesse a senha. O Colega,<br />
surpreso, respondeu-lhe: - Oi cara, sou eu, não está me<br />
reconhecendo? O outro, então, respondeu: - Estou, mas eu sei lá se<br />
você é comunista como o presidente, está do lado dos sargentos e<br />
veio tomar o meu fuzil!<br />
No período de aulas, em algumas ocasiões, surgiam convites<br />
não oficiais, de garotas de outras cidades, para festas, bailes de<br />
debutantes, etc. Como não dispúnhamos de autorização dos<br />
Comandantes de Esquadrilha para nos ausentarmos da Escola