MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer

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20 Alguns professores marcaram, significativamente, minha passagem pela EPCAR. Um deles, professor Fernando Vitor, lecionava História Antiga. Suas aulas eram magníficas, pois conhecia, a fundo, tudo aquilo que ensinava. Através de suas aulas, tomávamos conhecimento dos principais vultos da história e acabávamos nos apaixonando por Cleópatra e Maria Antonieta. Havia entrado, por concurso, em 1951 e lecionou por 41 anos, até se aposentar. Era o orador oficial nas solenidades da EPCAR, bem como da Semana da Asa, no Rio de Janeiro. Proferiu discursos no túmulo de Santos Dumont, no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Foi vereador, em Barbacena, por mais de 20 anos e presidente da Câmara de Vereadores por mais de 11 anos. Era muito querido e admirado por todos os seus alunos, que viam nele uma pessoa muito culta e estudiosa. Lembro-me, ainda, de uma frase sua que culminou o discurso que fazia, em uma solenidade, sobre a Intentona Comunista de 1935: - “No futuro não nos pegarão dormindo, pois estaremos acordados nas trincheiras da legalidade!”. Outro professor, que também marcou minha passagem pela Escola, foi o José Theobaldo Tolendal. Professor de física, também exercia a atividade de médico na cidade desde 1945. Era filho de Theobaldo Tolendal, que foi prefeito em 1949 e dá nome a uma rua na cidade de Barbacena. Após ter feito concurso em 1950, lecionou durante vinte e poucos anos na EPCAR. Conhecia muito a física Newtoniana que ensinava. Todas as perguntas que lhe fazíamos sobre qualquer aspecto prático do emprego da física, ou mesmo da química que também conhecia com profundidade, na vida quotidiana, ele respondia sem titubear. Uma vez questionei sobre a

azão pela qual o vaga-lume acendia aquela luz verde no escuro. Respondeu de imediato que a luz era uma reação química entre duas substancias, cujos nomes não me lembro, produzidas pelo vaga-lume e cuja finalidade última era o acasalamento (mais ou menos como nossas divisas douradas, que também brilhavam no escuro das noites de Barbacena). Sobretudo, era como um pai para cada um de nós, aconselhando-nos e interessando-se por nossos problemas. Tolendal era, também, nas horas vagas, olheiro do Clube Olimpic (clube de futebol de Barbacena) junto a EPCAR. Todo aluno bom de bola era convidado, por Tolendal, para jogar pelo Olimpic nos campeonatos mineiros. 21 Nas ocasiões festivas (Dia do Aviador, Aniversário da Escola, etc.), havia desfile militar e sobrevôo da cidade e da Escola por aviões vindos do Rio de Janeiro. Os ‘North American’ T-6 e os ‘Gloster Meteor’ F-8 davam rasantes inimagináveis, fazendo com que nos lembrássemos de que a Força Aérea realmente existia e aumentando a vibração de todos pela carreira escolhida. Durante meados do ano de 1961, veio comandar o Corpo de Alunos um major aviador famoso na Força Aérea. Seu nome era Berthier de Figueiredo Prates. Piloto de caça, e de P-47 (Thunderbolt), havia feito vários cursos no exterior e participado do translado das primeiras aeronaves a jato para o país. Era muito respeitado, profissionalmente, pelos seus superiores, pares e subordinados. No ano de 1964 veio a falecer em acidente aeronáutico no Rio de Janeiro. Em 1962, Berthier (que possuía o mesmo nome de um dos marechais de Napoleão) ao ser transferido para outra unidade, foi substituído por um seu colega de turma, também major, chamado

azão pela qual o vaga-lume acendia aquela luz verde no escuro.<br />

Respondeu de imediato que a luz era uma reação química entre<br />

duas substancias, cujos nomes não me lembro, produzidas pelo<br />

vaga-lume e cuja finalidade última era o acasalamento (mais ou<br />

menos como nossas divisas douradas, que também brilhavam no<br />

escuro das noites de Barbacena). Sobretudo, era como um pai<br />

para cada um de nós, aconselhando-nos e interessando-se por<br />

nossos problemas. Tolendal era, também, nas horas vagas, olheiro<br />

do Clube Olimpic (clube de futebol de Barbacena) junto a EPCAR.<br />

Todo aluno bom de bola era convidado, por Tolendal, para jogar<br />

pelo Olimpic nos campeonatos mineiros.<br />

21<br />

Nas ocasiões festivas (Dia do Aviador, Aniversário da<br />

Escola, etc.), havia desfile militar e sobrevôo da cidade e da Escola<br />

por aviões vindos do Rio de Janeiro. Os ‘North American’ T-6 e os<br />

‘Gloster Meteor’ F-8 davam rasantes inimagináveis, fazendo com<br />

que nos lembrássemos de que a Força Aérea realmente existia e<br />

aumentando a vibração de todos pela carreira escolhida.<br />

Durante meados do ano de 1961, veio comandar o Corpo de<br />

Alunos um major aviador famoso na Força Aérea. Seu nome era<br />

Berthier de Figueiredo Prates. Piloto de caça, e de P-47<br />

(Thunderbolt), havia feito vários cursos no exterior e participado<br />

do translado das primeiras aeronaves a jato para o país. Era muito<br />

respeitado, profissionalmente, pelos seus superiores, pares e<br />

subordinados. No ano de 1964 veio a falecer em acidente<br />

aeronáutico no Rio de Janeiro.<br />

Em 1962, Berthier (que possuía o mesmo nome de um dos<br />

marechais de Napoleão) ao ser transferido para outra unidade, foi<br />

substituído por um seu colega de turma, também major, chamado

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