MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer

MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer

reservaer.com.br
from reservaer.com.br More from this publisher
13.04.2013 Views

14 Na EPCAR falava-se um dialeto de gírias com o qual, fomos, aos poucos, familiarizando: bicho (calouro), arremeter (sair fora), bizú (confidência), rasgadão (corajoso), b.m (bordel), v.i (fugir da escola), c.pau (incompetente), c.d.f (estudioso), b.mole (covarde), boiola (homosexual), ponderante (reclamador), p. grossa (autoridade), vinte (guimba de cigarro), bolinho fecal (almôndegas), broxante (chá mate), coquetel molotof (mistura de restos de comida, com café e suco, que, as vezes, os calouros eram obrigados a comer, como trote), unidos venceremos (arroz grudento), carango (automóvel), mascarado (metido), g.p (golpe de publicidade, isto é, querer aparecer), crocodilagem (traição), brigú (brigadeiro), sarja (sargento), o.d (oficial de dia), gabá (resposta das questões da prova), marrento (metido, orgulhoso), piruação ( requisitar alguma coisa), birita (cachaça),etc. Com o passar dos dias o ensino, a ginástica, a ordem unida, as instruções militares e o estudo ocuparam os nossas manhãs, tardes e noites. Dormíamos como pedras e, por vezes, tínhamos que acordar sonolentos, no meio da noite, para o serviço de plantão do alojamento. O curso já havia começado, com vários professores esforçando- se por fazer com que aqueles jovens alunos se interessassem por alguma coisa que não fosse esportes e mulheres. Os principais professores da Escola chamavam-se: Pupo Nogueira, José Doche, Manoel Conegundes José Tolendal, Clodoaldo Dantas Mota, Welfane Cordeiro, Lídio Nusca, Sebastião de Oliveira Baumgarth, Franz Joseph Hocheleitner, Vasconcelos, Batista, Henrique Jorge Alevatto, Hilton da Paixão Grossi, Mauro Ney Botelli, Fernando Vitor, Manhães, Cruz Machado, Rolla, Amim Feres, Boratto e

Heraldo Marelim Vianna. Alguns outros eram conhecidos por seus apelidos engraçados como Quincas, Patinete, Espadachim, etc. 15 Os oficiais da época eram: Brigadeiros do Ar Sinval de Castro e Silva Filho, Ary Presser Bello e Homero Souto de Oliveira (este casado com uma ex-Miss Brasil chamada Iolanda Pereira); Coronéis Aviadores Otávio Jardim, Evaristo e Correia; Tenente Coronel Farmacêutico Cruz Machado; Majores Aviadores Berthier de Figueiredo Prates, Cassiano Pereira e Mororó; Capitães Aviadores Bayard Ferreira da Costa, Bezerra, Messeder, Jorge de Abreu Lima e Neves; Capitães Intendentes Lima e Araguarino Cabrero dos Reis; Capitão de Infantaria João Reis; Capitão Médico Barros Lima; Tenentes Médicos Drumond e Lima Rocha; Tenentes Aviadores Múcio Menecuci da Costa Pinto, Lara, Carneiro, Leipner, Virgilio e Machado; Tenente Intendente Lucio; Tenente Farmacêutico Kovalsky; Tenente de Infantaria de Guarda Jackson; Aspirantes de Infantaria Clóvis e Oliveira; Aspirante Especialista em Armamentos Dornas e Aspirante Intendente Ayres. Os sargentos monitores eram: Emílio, Francisco (Chicão), César, Moises, Mataruna, Favaro, Lessa, Manoel, Salvador, Carvalho, Alves, etc. Após algum tempo, fomos autorizados a ir à cidade nos fins de semana. Aos sábados a saída era a paisana, com paletó e gravata. Aos domingos, fardado (5º A Rumaer - Regulamento de Uniformes da Aeronáutica), com quepe, luvas pretas de couro e pelerine azul marinho, por causa do frio que já era intenso. A insígnia de aluno, que usávamos nos ombros do uniforme, era formada por uma estrela de cinco pontas, dourada, contendo

14<br />

Na EPCAR falava-se um dialeto de gírias com o qual, fomos,<br />

aos poucos, familiarizando: bicho (calouro), arremeter (sair fora),<br />

bizú (confidência), rasgadão (corajoso), b.m (bordel), v.i (fugir da<br />

escola), c.pau (incompetente), c.d.f (estudioso), b.mole (covarde),<br />

boiola (homosexual), ponderante (reclamador), p. grossa<br />

(autoridade), vinte (guimba de cigarro), bolinho fecal<br />

(almôndegas), broxante (chá mate), coquetel molotof (mistura de<br />

restos de comida, com café e suco, que, as vezes, os calouros eram<br />

obrigados a comer, como trote), unidos venceremos (arroz<br />

grudento), carango (automóvel), mascarado (metido), g.p (golpe<br />

de publicidade, isto é, querer aparecer), crocodilagem (traição),<br />

brigú (brigadeiro), sarja (sargento), o.d (oficial de dia), gabá<br />

(resposta das questões da prova), marrento (metido, orgulhoso),<br />

piruação ( requisitar alguma coisa), birita (cachaça),etc.<br />

Com o passar dos dias o ensino, a ginástica, a ordem unida, as<br />

instruções militares e o estudo ocuparam os nossas manhãs, tardes<br />

e noites. Dormíamos como pedras e, por vezes, tínhamos que<br />

acordar sonolentos, no meio da noite, para o serviço de plantão do<br />

alojamento.<br />

O curso já havia começado, com vários professores esforçando-<br />

se por fazer com que aqueles jovens alunos se interessassem por<br />

alguma coisa que não fosse esportes e mulheres. Os principais<br />

professores da Escola chamavam-se: Pupo Nogueira, José Doche,<br />

Manoel Conegundes José Tolendal, Clodoaldo Dantas Mota,<br />

Welfane Cordeiro, Lídio Nusca, Sebastião de Oliveira Baumgarth,<br />

Franz Joseph Hocheleitner, Vasconcelos, Batista, Henrique Jorge<br />

Alevatto, Hilton da Paixão Grossi, Mauro Ney Botelli, Fernando<br />

Vitor, Manhães, Cruz Machado, Rolla, Amim Feres, Boratto e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!