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MEMÓRIAS DE UM EX-CADETE DA AERONÁUTICA - ReservAer

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militares. Ao vermos nossas cabeleiras, cultivadas com tanto<br />

cuidado e esmero por uma existência inteira, caírem ao chão, era<br />

como se nos despedíssemos daqueles cachos e daquela vida civil,<br />

em família, que, até então, tínhamos desfrutado junto aos pais,<br />

parentes e amigos.<br />

13<br />

O Corpo de Alunos era constituído pela Terceira Esquadrilha<br />

(primeiro ano) e Segunda Esquadrilha (segundo ano). A Primeira<br />

Esquadrilha (terceiro ano) funcionava na Escola de Aeronáutica,<br />

no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.<br />

Os trotes que recebíamos, de alguns dos alunos mais antigos,<br />

eram de duas modalidades: de ordem física e de ordem moral ou<br />

psicológica. Os de ordem física consistiam em ‘testinha’ (tapa na<br />

testa com três dedos da mão), ‘calómetro’ (pisada forte no pé com<br />

a bota), ‘caroba’ (chinelada nas nádegas), ‘pinguim’ (ficar na<br />

ponta dos pés, imóvel e com os joelhos flexionados, durante vários<br />

minutos), ‘alicate’ (apertar os dedos, estendidos, das duas mãos<br />

entrelaçadas), canguru, flexão no solo, banho frio à noite, etc. Os<br />

de ordem moral, ou psicológica, consistiam em requisitar o bife, o<br />

ovo ou a sobremesa do calouro, durante as refeições no rancho;<br />

tomar emprestado peças de seu vestuário civil, para sair nos fins<br />

de semana; ofensas com palavras de baixo calão; exigir bombons e<br />

chocolates que os calouros tinham de comprar na cantina, etc.<br />

Deve ser ressaltado que nem todos os veteranos davam trote. O<br />

trote partia de uma minoria, porém, para os calouros, que ainda<br />

não conheciam individualmente a maioria dos veteranos, era como<br />

se todos estivessem contra eles. Não pretendo polemizar sobre as<br />

razões que motivavam o trote, que, diga-se de passagem, era<br />

comum em todas as Escolas Militares daquela época.

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