Direito educacional e educação no século XXI ... - unesdoc - Unesco
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Nesse período, duas grandes mudanças sao realizadas na legislaçâo do setor educacional, urna em 1911, conhecida como Reforma Rivadávia, e outra em 1915, a chamada Reforma Maximiliano. A primeira, por meio de varios Decretos, todos eles do dia 5 de abril de 1911, a saber: n° 8.659 ( Lei Orgánica do Ensino Superior e do Fundamental da República); n° 8.660 (Regulamentó do Colegio Pedro II); n°s 8.661 e 8.662 (Regulamentos das Faculdades de Medicina e das Faculdades de Direito); e n° 8.663 (Regulamento da Escola Politécnica ), reduziu o papel do Estado na educacáo e implantou urna política bastante liberal em relacáo ao ensino privado, fortalecendo-o e beneficiando, principalmente, sua parte majoritária, que era confessional. Ao mesmo tempo, deu total autonomía aos sistemas estaduais e, praticamente, eliminou a fiscalizaçâo e o controle federal sobre as escolas. O Colegio Pedro II, que continuava como modelo, foi autorizado a suspender o sistema de seriaçâo e deram-se ampios poderes ao Conselho Superior de Ensino. Essa situaçâo nao perdurou por muito tempo. A18 de marco de 1915, o Decreto n° 11.530 fez a total reorganizaçâo do ensino secundario e superior da República, como urna reaçâo contra a irresponsabilidade do Estado na área educacional e objetivando a moralizaçâo do ensino. A rigorosidade dos exames vestibulares realizados logo após foi de tal ordern que o número de vestibulandos aprovados baixoude 1.302 (em 1915) para 144 (em 1916). Implanta-se, novamente e de forma rigorosa, o ensino seriado, aumentando-se a sua duraçâo. Proíbe-se o reconhecimento de novas escolas particulares e criam-se restriçôes para a equiparacáo de estudos. Dá-se permissäo para preparatorios em etapas anuais. Também nao durou muito essa reforma. A partir de 1916, permitem-se bancas examinadoras em colegios onde nao havia estabelecimento de ensino equiparado. Em 1918 e 1919, como urna conseqüencia da "Gripe Espanhola" de após-guerra, permite-se o acesso as faculdades sem exames e também promocöes por decreto. Nesse período, o mundo passa por grandes mudanças estruturais, dentre elas a primeira Revoluçâo Comunista e a Primeira Grande Guerra, que causam profundas alteraçôes no panorama económico e político mundial, com repercussóes marcantes na vida interna do Brasil. O término da Primeira Guerra Mundial nao encerrou a luta pelo dominio do mercado internacional, que continuou em áreas menores. O capital financeiro internacional continua sua expansäo, com um declínio do dominio inglés e sua substituiçâo lenta pelo norte-americano. Na década de 1920, profundas mudanças se desenrolam no setor económico brasileiro, como um crescimento industrial desordenado mas efetivo, incluindo a inauguraçâo de nossa primeira siderúrgica, a Belgo-Mineira, que passou de um forno, em 1921, para onze fornos em 1930. Verifica-se também grande impulso à cabotagem e aumento significativo em nossas -113-
estradas de ferro e de rodagem, facilitando o transporte de pessoas e de cargas, bem como a comunicaçâo. As migraçoes internas e a vinda de estrangeiros continuam e contribuem para o aumento do crescimento demográfico. Outro setor onde houve real crescimento foi 0 de produçâo e consumo de energía elétrica. A aristocracia rural do café, por meio de suas lideranças paulistas e mineiras, continua a se desenvolver e seu dominio político consolida-se e permanece até 1930. Em 1922 ocorre a révolta do Forte de Copacabana e o desenvolvimento do que se convencionou chamar de "tenentismo". Logo a seguir, dá-se outro acontecimento histórico marcante, que foi a "Coluna Prestes". Em áreas do sul (Paraná e Santa Catarina) e do Nordeste, ocorrem varios movimientos importantes de messianismo que sao violentamente abafados, assim como o cangaceirismo do Nordeste. A crise económica mundial de 1929 tem também suas repercussóes no Brasil, quando a "quebradeira" foi gérai. Todos esses fenómenos contribuíram para a consolidaçâo dos movimentos revolucionarios que culminaram com as Revoluçôes de 1930 e 1932 e redundaram na criacáo de Estado Novo, a ditadura implantada sob a liderança de Getúlio VARGAS em 1937. Com tantas mudanças ocorrendo no mundo e no Brasil, é lógico que a educaçâo em gérai e os sistemas de ensino que começavam a se consolidar no País também passassem por reformas. Em 1920, Säo Paulo, tendo como Diretor de Instruçâo Pública Antonio Sampaio DORIA, dá partida a urna série de reformas educacionais que ocorreram logo em seguida: a do Ceará, em 1923, sob a inspiraçâo do grande educador LOURENÇO FILHO; a do Rio Grande do Norte, com José AUGUSTO, em 1925; a da Bahia, também em 1925, corn a orientaçâo do extraordinario educador brasileiro Anísio TEIXEIRA; a de Minas Gérais, em 1927, comandada por Francisco CAMPOS e Mario CASASSANTA; a do Distrito Federal (Rio de Janeiro), em 1928, sob a liderança do sociólogo Fernando de AZEVEDO; e a de Pernambuco, também em 1928, corn Cameiro LEÄO à frente. Em ámbito federal, a reforma recebeu a denominaçâo de "Rocha Vaz" e ocorreu em 1925, iniciando-se com o livre debate de suas linhas, as quais foram efetivadas com o Decreto n° 16.782-A, de 13 de Janeiro de 1925, assinado por Artur BERNARDES e Joáo Luiz ALVES. Em síntese, essa reforma foi fruto da opiniáo majoritária da época sobre o ensino brasileiro, na qual preponderavam os representantes do ensino privado, especialmente das escolas confessionais católicas. Podemos assim sintetizar as mudanças delà resultantes: 1 ) consolidaçâo das leis do ensino; 2) criacáo do Departamento Nacional de Ensino, ainda subordinado ao Ministerio da Justiça, mas com bastante força política; 3) preocupaçâo real com a difusáo do ensino primario; -114-
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Nesse período, duas grandes mudanças sao realizadas na legislaçâo do setor <strong>educacional</strong>,<br />
urna em 1911, conhecida como Reforma Rivadávia, e outra em 1915, a chamada Reforma<br />
Maximilia<strong>no</strong>.<br />
A primeira, por meio de varios Decretos, todos eles do dia 5 de abril de 1911, a saber: n°<br />
8.659 ( Lei Orgánica do Ensi<strong>no</strong> Superior e do Fundamental da República); n° 8.660 (Regulamentó<br />
do Colegio Pedro II); n°s 8.661 e 8.662 (Regulamentos das Faculdades de Medicina e<br />
das Faculdades de <strong>Direito</strong>); e n° 8.663 (Regulamento da Escola Politécnica ), reduziu o papel<br />
do Estado na educacáo e implantou urna política bastante liberal em relacáo ao ensi<strong>no</strong><br />
privado, fortalecendo-o e beneficiando, principalmente, sua parte majoritária, que era<br />
confessional. Ao mesmo tempo, deu total auto<strong>no</strong>mía aos sistemas estaduais e, praticamente,<br />
elimi<strong>no</strong>u a fiscalizaçâo e o controle federal sobre as escolas. O Colegio Pedro II, que<br />
continuava como modelo, foi autorizado a suspender o sistema de seriaçâo e deram-se<br />
ampios poderes ao Conselho Superior de Ensi<strong>no</strong>.<br />
Essa situaçâo nao perdurou por muito tempo. A18 de marco de 1915, o Decreto n° 11.530<br />
fez a total reorganizaçâo do ensi<strong>no</strong> secundario e superior da República, como urna reaçâo<br />
contra a irresponsabilidade do Estado na área <strong>educacional</strong> e objetivando a moralizaçâo do<br />
ensi<strong>no</strong>. A rigorosidade dos exames vestibulares realizados logo após foi de tal ordern que o<br />
número de vestibulandos aprovados baixoude 1.302 (em 1915) para 144 (em 1916).<br />
Implanta-se, <strong>no</strong>vamente e de forma rigorosa, o ensi<strong>no</strong> seriado, aumentando-se a sua duraçâo.<br />
Proíbe-se o reconhecimento de <strong>no</strong>vas escolas particulares e criam-se restriçôes para a<br />
equiparacáo de estudos. Dá-se permissäo para preparatorios em etapas anuais.<br />
Também nao durou muito essa reforma. A partir de 1916, permitem-se bancas examinadoras<br />
em colegios onde nao havia estabelecimento de ensi<strong>no</strong> equiparado. Em 1918 e 1919, como<br />
urna conseqüencia da "Gripe Espanhola" de após-guerra, permite-se o acesso as faculdades<br />
sem exames e também promocöes por decreto.<br />
Nesse período, o mundo passa por grandes mudanças estruturais, dentre elas a primeira<br />
Revoluçâo Comunista e a Primeira Grande Guerra, que causam profundas alteraçôes <strong>no</strong> pa<strong>no</strong>rama<br />
económico e político mundial, com repercussóes marcantes na vida interna do Brasil.<br />
O térmi<strong>no</strong> da Primeira Guerra Mundial nao encerrou a luta pelo dominio do mercado<br />
internacional, que continuou em áreas me<strong>no</strong>res. O capital financeiro internacional continua<br />
sua expansäo, com um declínio do dominio inglés e sua substituiçâo lenta pelo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>.<br />
Na década de 1920, profundas mudanças se desenrolam <strong>no</strong> setor económico brasileiro, como<br />
um crescimento industrial desordenado mas efetivo, incluindo a inauguraçâo de <strong>no</strong>ssa primeira<br />
siderúrgica, a Belgo-Mineira, que passou de um for<strong>no</strong>, em 1921, para onze for<strong>no</strong>s em<br />
1930. Verifica-se também grande impulso à cabotagem e aumento significativo em <strong>no</strong>ssas<br />
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