Direito educacional e educação no século XXI ... - unesdoc - Unesco

convivencia social. Dessa convivencia que parece periclitar em nossos días, com os homens atribulados a
alçarem voies angustiadas de révolta, bocas de almas desertas de ternura, sentimento que tem sido urna
constante de nosso povo, um apanágio desta civilizaçâo que, sem ele, difícilmente poderíamos haver criado na
rude zona tropical'"* 11 .
A educaçâo do século XXI reafirmará, portante o seu sentido, se assumir a missäo de trans-
missäo e criaçâo da cultura objetivando a formaçâo do homem culto e o desenvolvimento da
sabedoria no espirito humano.
Nesta direçâo, permanecem também atuais as sabias palavras do mestre da intelectualidade
brasileira, com quem tanto aprendí nos meus tempos de universidade, o Conselheiro Alceu
Amoroso LIMA, para quem o radical "culto", em seu sentido pessoal e individual, "é o que
chamamos de cultura intelectual. Tem um sentido subjetivo e significa a passagem da informaçâo à formaçâo
de nossa personalidade". Em seu sentido social, é "objetivo e significa a conquista de elementos caracte­
rísticos das instituiçôes e do modo de ser de urna coletividade. A cultura intelectual, portanto, em sentido
proprio, refere-se a cada pessoa humana em particular e como um todo irredutível. Somos um microcosmo,
dizia ARISTÓTELES. A pessoa humana é o que existe de mais perfeito na obra da criaçâo, completa Sao
Tomás de AQUINO. O trabalho de cultura está precisamente em permitir que esse microcosmo encerré,
quanto possível, o macrocosmo e que essa criatura imperfeita alcance o máximo de suas virtualidades. O
objeto da cultura é, pois, a formaçâo do homem em sua plenitude. Pois a cultura social é subsidiaria da
cultura intelectual, já que a sociedade existe para o homem e nao o hörnern para a sociedade. Embora seja
esta urna condiçâo indispensável para a realizaçâo daquele. Nao há cultura intelectual sadia sem cultura
social organizada.
"A cultura intelectual representa, portanto, a passagem da informaçâo da nossa individualidade total. Pela
informaçâo, recebemos de fora os elementos que váo permitir a eclosâo de nossas possibilidades naturals. É a
funçâo do estudo. Pela formaçâo, aglutinamos e assimilamos esses elementos exteriores, de tipo variado ou
mesmo contraditório, reduzindo-os a urna unidade irredutível e elaborando com isso a nossa personalidade.
Essa personalidade, por sua vez, se projeta para fora no sentido da atividade de comunicaçâo e de criaçâo,
que vai por sua vez fecundar a coletividade, pois toda cultura individual que nâo se projeta socialmente é nao
só imperfeita como nociva, como o é toda cultura individual que rejeita ou nâo assimila suficientemente o que
Ihe vem da cultura social. Cultura intelectual pessoal e cultura social coletiva sao, por conseguinte,
"' CUNHA, Celso - O ensino da lingua portuguesa-, para urna política do idioma, in Reunido Conjunta dos Conselhos de Educaçâo: 1963/
1978. Brasilia: CFE/MEC/DDD, 1980. p. 84.
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