Direito educacional e educação no século XXI ... - unesdoc - Unesco

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06. COMENTARIOS FINÁIS: EDUCAÇAO E INTEGRAÇAO CONTINENTAL NO SÉCULO XXI 6.1. EDUCAÇAO E INTEGRAÇAO CONTINENTAL 6.1.1. Características do cenário internacional em mudança 0 cenário internacional está mudando radicalmente neste final de século, que se caracteriza, dentre outros, pelos seguintes aspectos: 1 ) acabaram-se as fronteiras ideológicas; 2) a presunçâo de superioridade de um povo sobre outros identifica-se com racismo, pre- conceito ou discriminaçâo sem qualquer fundamento científico; 3) urna nova consciência do hörnern, do mundo e da humanidade está se formando e le­ vando a ¡uventude a superar as visôes tradicionais e a se conscientizar de que urna universalidade auténtica, isto é, que leve à unidade respeitando a variedade, é possível e desejável; 4) os paradigmas e as posturas tradicionais, e até atuais, sao questionados, tanto no pla­ no científico quanto no da moral; 5) o nacionalismo estreito perde substancia e força de mobilizacáo, pela compreensáo da historia e dos problemas sócio-economicos além dos projetos nacionais; 6) grandes blocos ou espaços económicos derrubam as fronteiras entre nacóes e, ao mes- mo tempo em que reforçam peculiaridades regionais, facilitam o respeito mutuo e a cooperaçâo entre as naçôes, acompanhando o crescimento do fenómeno da globalizaçâo 428 ; 7) diminuí a indiferença de cada povo, em relaçâo à realidade de outros países e cresce o espirito de solidariedade universal; 428 Henrique RATTNER, em seu ensaio Globalizaçâo em direçâo a 'um mundo so"?, sintetiza o conceito de globalizaçâo da se- guinte forma: "... como o resultado de um processo histórico, cujos ¡alores dinámicos sào a concenlraçâo-cenlralizaçâo de capital, o desenvolvimento dos meios de comunicaçâo e o despertar da consciência sobre o destino comum da humanidade. Essa tendencia manifesta­ se, também, na difusio de padrees transnacionais de organizaçâo económica e social, de consumo, de formas de lazer e de expressâo cultural artística, enfim, um estilo de vida decorrente das pressées competitivas do mercado, aue aproximam culturas políticas e práticas admin trativas e áifundem e generaliiam os mesmos problemas e conflitos ambientáis" (Em aberto. Brasilia, ano 15, n° 65, jan/mar. 1994, p. 22). Na realidade, o termo globalizaçâo tornou- se, hoje, sinónimo de integraçào, mas existem também correntes de pensamento que o interpretam como mais um instrumento do imperialismo para reforçar as conquistas de mercado -499-

8) as posiçôes e reaçôes contrarias aos processos de integraçâo regional váo diminuindo diante de sua inexorabilidade. Esta se consolida em realidades como os grandes blocos ou espaços integracionistas, em que estáo se transformando a Europa (que começa a integrar também os países do Leste Europeu), a Asia (por meio da Asia Pacific Economie Cooperation-APEC e da Association of the South-East Asian Nations-ASEAN), o norte da América (com o North American Free Trade Agreement-NAFTA) e o sul (pelo Mercado Comum do Sul-MERCOSUL); 9) os centros de poder sao alterados e a tendencia de desaparecimiento das estruturas hie- rárquicas piramidais começam a se concretizar, dando espaço para o desenvolvimiento de heterarquias e de interorganizaçôes; 10) os meios de comunicaçâo de massa internacionalizam-se e o acesso a eles fica mais fácil e mais barato, ao mesmo tempo em que as comunicaçôes tornam-se globais e instantáneas, tornando a conectividade urna característica do mundo atual. Estados e empresas privadas investem maciçamente ñas áreas de telecomunicaçôes, reforçando a infra-estrutura necessárias para o seu maior desenvolvimento no inicio do sáculo XXI; 11 ) há um incremento do turismo mundial, cuja infra-estrutura de serviços é urna das que mais deverâo crescer nos próximos anos; 12) constata-se a existencia de um creseimento do fluxo migratorio dos países periféricos para os de maior desenvolvimento, bem como o aumento da miscegenacáo em varias partes do mundo; 13) os grandes sistemas empresariais, nacionais e multinacionais conscientizam-se da im­ portancia de seus subsistemas, ou seja, das partes que os compöem diretamente ou que colaboram com seus objetivos, o que significa, no mundo dos negocios, urna real valorizaçâo dos empreendedores individuáis e tanto o fim dos gigantes empresariais que nao mudarem, quanto o fracasso dos novos que nao se organizarem de acordó com a esta tendencia 429 , a qual dará à empresa do futuro a forma de urna interorganizaçâo, na expressäo de Stan DAVIS 430 ; 14) a valorizaçâo do consumidor final, ou cliente, torna-se imprescindível para a sobreviven­ cia empresarial em todos os setores da economía, o que, além de implicar melhoria da Analisando as megatendências deste final de século, lohn Naisbitt, em seu Paradoxo Global, concluiu que: quanto maior quiser ser um sistema, mais poder e importancia ele deve dar as suas partes. DAVIS, Stan - "A empresa do futuro terá a forma de urna interorganizaçâo", in Folfia Management. n° 19, I8dedezembrode 1995. Sao Paulo.- Folha de Sâo Paulo, p. 3. Diz ele; "O elemento-chave na empresa do futuro, entretanto, será, sem dúvida, seus relacionamento com outras empresas. Devido à tecnología de infomaçâo, a empresa já estáficando eletronicamente ligada: em cima, com seus fornecedores; em baixo, com seus distribuidores e consumidores e, lateralmente, em aüancas globais estratégicas. (...) A lógica écada empregado se torna urna empresa." A interorganizaçâo, segundo DAVIS, seria a organizacáo formada por urna rede de inter-relacionamentos, na qual "cada parle deve ser tratada como o todo". -500-

06. COMENTARIOS FINÁIS: EDUCAÇAO E<br />

INTEGRAÇAO CONTINENTAL NO SÉCULO <strong>XXI</strong><br />

6.1. EDUCAÇAO E INTEGRAÇAO CONTINENTAL<br />

6.1.1. Características do cenário internacional em mudança<br />

0 cenário internacional está mudando radicalmente neste final de <strong>século</strong>, que se caracteriza,<br />

dentre outros, pelos seguintes aspectos:<br />

1 ) acabaram-se as fronteiras ideológicas;<br />

2) a presunçâo de superioridade de um povo sobre outros identifica-se com racismo, pre-<br />

conceito ou discriminaçâo sem qualquer fundamento científico;<br />

3) urna <strong>no</strong>va consciência do hörnern, do mundo e da humanidade está se formando e le­<br />

vando a ¡uventude a superar as visôes tradicionais e a se conscientizar de que urna<br />

universalidade auténtica, isto é, que leve à unidade respeitando a variedade, é possível<br />

e desejável;<br />

4) os paradigmas e as posturas tradicionais, e até atuais, sao questionados, tanto <strong>no</strong> pla­<br />

<strong>no</strong> científico quanto <strong>no</strong> da moral;<br />

5) o nacionalismo estreito perde substancia e força de mobilizacáo, pela compreensáo da<br />

historia e dos problemas sócio-eco<strong>no</strong>micos além dos projetos nacionais;<br />

6) grandes blocos ou espaços económicos derrubam as fronteiras entre nacóes e, ao mes-<br />

mo tempo em que reforçam peculiaridades regionais, facilitam o respeito mutuo e a<br />

cooperaçâo entre as naçôes, acompanhando o crescimento do fenóme<strong>no</strong> da<br />

globalizaçâo 428 ;<br />

7) diminuí a indiferença de cada povo, em relaçâo à realidade de outros países e cresce o<br />

espirito de solidariedade universal;<br />

428 Henrique RATTNER, em seu ensaio Globalizaçâo em direçâo a 'um mundo so"?, sintetiza o conceito de globalizaçâo da se-<br />

guinte forma: "... como o resultado de um processo histórico, cujos ¡alores dinámicos sào a concenlraçâo-cenlralizaçâo de capital, o<br />

desenvolvimento dos meios de comunicaçâo e o despertar da consciência sobre o desti<strong>no</strong> comum da humanidade. Essa tendencia manifesta­<br />

se, também, na difusio de padrees transnacionais de organizaçâo económica e social, de consumo, de formas de lazer e de expressâo cultural<br />

artística, enfim, um estilo de vida decorrente das pressées competitivas do mercado, aue aproximam culturas políticas e práticas admin<br />

trativas e áifundem e generaliiam os mesmos problemas e conflitos ambientáis" (Em aberto. Brasilia, a<strong>no</strong> 15, n° 65, jan/mar. 1994, p.<br />

22). Na realidade, o termo globalizaçâo tor<strong>no</strong>u- se, hoje, sinónimo de integraçào, mas existem também correntes de<br />

pensamento que o interpretam como mais um instrumento do imperialismo para reforçar as conquistas de mercado<br />

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