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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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er que, embora os novos marcos referenciais - a Constituição Federal, o Estatuto<br />

da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social, o Código de <strong>É</strong>tica<br />

do Assistente Social, a Política Nacional de Assistência Social e o Plano Nacional<br />

de Convivência Familiar e Comunitária, dentre outros - considerem o usuário dos<br />

serviços sociais como sujeito de direitos, de escuta, de participação e de liberdade,<br />

muitas referências antigas ainda embasam o trabalho com crianças, adolescentes e<br />

familiares que vivenciam o acolhimento institucional.<br />

COMO ERAM AS VISITAS DOMICILARES<br />

Jacques Donzelot (1980) relata que, no fim do século XVIII, se fez necessária uma<br />

nova forma de conhecer a vida daqueles que buscavam serviços assistenciais que<br />

não fosse mais por meio da investigação de evidente caráter policialesco. Era preciso<br />

desenvolver uma técnica que utilizasse o mínimo de coerção para obter o<br />

máximo de informação. Nessa perspectiva, o autor se refere a um texto de 1920<br />

que expunha o seguinte método:<br />

1. Aproximação circular da família: antes de contatar o entrevistado principal,<br />

o profissional devia obter informações por meio de contato com as pessoas<br />

de seu meio, tais como o professor dos filhos, familiares, vizinhos, patrão,<br />

porteiro, outras instituições nas quais tenha sido atendido etc.<br />

2. Interrogatório contraditório e separado: as mesmas perguntas deviam ser<br />

feitas para as pessoas envolvidas, de preferência em momentos diferentes e<br />

separadamente, o que permitia o confronto das informações. Para isso, recomendava-se<br />

o uso de várias visitas domiciliares, de surpresa e em horários<br />

diferentes.<br />

3. Verificação prática do modo de vida familiar: durante a visita, enquanto o<br />

profissional observava tudo ao redor (higiene, inventário da mobília, utensílios,<br />

roupas à vista), era recomendado fazer com que a conversa fluísse livremente<br />

para que o entrevistado fosse “se soltando” e oferecendo as informações<br />

necessárias. Nesse contexto “não era de todo mal levantar tampas das<br />

panelas”.<br />

O método acima descrito nos diz basicamente como eram consideradas as pessoas<br />

e as situações a serem estudadas (prontas a mentir para obter alguma vantagem) e<br />

qual o papel do profissional que deveria cumprir essa tarefa (ardiloso no sentido<br />

de buscar descobrir a “verdade” se mostrando falante, simpático e interessado, sem<br />

revelar seu caráter fiscalizatório e investigativo).<br />

Mioto (2004) nos lembra que, historicamente, a interferência do Estado nas<br />

famílias se deu por três linhas: a legislação, as políticas demográficas e a difusão<br />

de uma cultura de especialistas nos aparatos policialescos e assistenciais do Estado<br />

destinados, especialmente, às classes populares.<br />

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