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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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Nesse sentido, a visita deve ser realizada a partir de critérios e objetivos claros que<br />

pressupõem planejamento e cuidado para não reproduzir práticas autoritárias,<br />

invasivas, fiscalizatórias, higienistas etc.<br />

<strong>É</strong> da autonomia do assistente social decidir se faz uso ou não da visita domiciliar<br />

para a realização de um estudo social. Entretanto, é comum outros profissionais<br />

solicitarem para o assistente social a realização da visita domiciliar, o que, em<br />

si, é uma invasão em sua autonomia profissional, muitas vezes com expectativas<br />

equivocadas a respeito de seu papel.<br />

Nesse sentido, perguntamos por que será que ainda hoje existem expectativas<br />

em relação ao trabalho do assistente social que são frontalmente incompatíveis<br />

com sua ética profissional, que valoriza a liberdade, a autonomia, a privacidade e<br />

a participação dos usuários em tudo que lhe diz respeito?<br />

Por vezes, ainda ouvimos que as visitas domiciliares devem ser feitas de surpresa<br />

para evitar a “preparação” do ambiente e que se deve verificar armários,<br />

despensa, geladeira e anotar todo o mobiliário existente. Por que ainda é tão forte<br />

essa noção de que os usuários dos serviços sociais ou assistenciais devem ser investigados?<br />

VISITA SURPRESA E SURPREENDENTE<br />

Certa vez me deparei com uma situação tão constrangedora ao realizar uma<br />

visita domiciliar sem avisar as pessoas anteriormente, que isso marcou para<br />

mim a importância de não repetir tal procedimento. Era uma visita para avaliar<br />

a reintegração familiar de cinco irmãos (com idades entre 6 e 15 anos) que<br />

tinham vivido muitos anos em abrigo. Hoje penso que aquela situação exigia<br />

uma entrevista anterior com a família no ambiente institucional... Enfim, fiz<br />

erroneamente a visita sem planejamento, sendo que nem era uma situação que<br />

eu tivesse já acompanhado... A mãe, sobrecarregada com as diferentes necessidades<br />

e reações de seus filhos frente à nova situação, exatamente no dia anterior,<br />

havia ameaçado as crianças, dizendo que se eles não melhorassem, iria chamar<br />

a assistente social que trabalha com o juiz para que eles voltassem para o abrigo.<br />

E lá vou eu... Carro com identificação do Poder Judiciário e tudo. Só depois de<br />

várias dificuldades para estabelecer a interação com a mãe e as filhas adolescentes,<br />

que se recusaram a conversar conosco e com o olhar “fuzilavam” a mãe, tendo<br />

esclarecido os objetivos da visita, é que soubemos o que tinha ocorrido e pudemos<br />

compreender melhor a situação, descobrindo, inclusive, que as duas crianças<br />

mais novas estavam o tempo todo... embaixo da cama!!! (Depoimento colhido<br />

em uma aula do curso de graduação em Serviço Social, em 2008).<br />

Ao conhecermos a história e a identidade do Serviço Social como profissão, assim<br />

como a história da assistência à infância, à juventude e às famílias, podemos perce-<br />

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