CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
vínculo com seguridade social, inserção (ou não) em programas socioassistenciais,<br />
desencadeamento da situação que levou ao acolhimento institucional, como vê ou<br />
qual o significado que atribui a essa questão, como a vivência, suas pretensões,<br />
interesses e condições para lidar com ela, seus sonhos, desejos e, também, seus<br />
projetos de vida. Além disso, não se deve esquecer as relações de gênero nessas<br />
histórias de vida, já que tendemos a focalizar a relação da criança com a mãe,<br />
deixando de atentar para a relação com o pai ou outro adulto do sexo masculino<br />
significativo para a criança ou o adolescente.<br />
Realizando estudos e pesquisas nessa área, observamos que o conteúdo dos<br />
autos processuais que envolvem a questão do acolhimento institucional (assim<br />
como em outras medidas legais) reflete um diálogo que não é percebido claramente<br />
no cotidiano da prática profissional. Muitas vezes são falas tímidas, truncadas,<br />
burocráticas, desligadas da situação atual (FÁVERO et al., 2003).<br />
O conhecimento dos limites existentes no cotidiano desse trabalho não deve<br />
impedir a percepção de que o estudo social é capaz não só de apresentar quem<br />
são aquelas pessoas solicitadoras ou que são objeto da medida judicial, mas<br />
também quem são os profissionais que disponibilizam seu conhecimento e a<br />
especificidade de suas funções para a instituição judiciária e o que desejam<br />
construir, hoje e no futuro (FÁVERO, 2000, p. 118).<br />
Todo estudo e relatório social elaborados representam atos políticos carregados de<br />
uma visão de mundo, por menos que se tenha consciência disso. Neste sentido, é<br />
possível dizer que quanto maior a consciência, maior a efetividade da competência<br />
profissional e do diálogo a ser estabelecido.<br />
Assim, a elaboração de relatórios sociais sobre crianças e adolescentes acolhidos<br />
institucionalmente se coloca como uma habilidade a ser desenvolvida e<br />
aperfeiçoada. Entretanto, a valorização da técnica em si mesma é de pouca valia<br />
se o relatório social deixar de expressar em seu conteúdo o exercício profissional<br />
competente em favor da garantia do direito à convivência familiar e comunitária<br />
de crianças, adolescentes e famílias.<br />
VISITA DOMICILIAR NO ESTUDO DE <strong>CASO</strong> SOCIAL<br />
Vamos visitar sua casa para ver se há realmente necessidade. Temos de fazer<br />
isto, dona, verificar seu pedido (MCCOURT, 1996, p.66).<br />
Falam para mamãe e papai que sentem muito perturbá-los, mas a sociedade<br />
precisa investigar para ver se está ajudando os casos merecidos. Mamãe oferece<br />
uma xícara de chá, mas eles olham ao redor e dizem ”não, obrigado”. [...] Querem<br />
saber sobre o sanitário. Fazem perguntas porque gente grande pode fazer<br />
87