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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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dirigida ao papel dos educadores/cuidadores do abrigo, uma vez que são eles que estão<br />

com as crianças no dia a dia. As perguntas, questionamentos e conversas podem<br />

surgir a qualquer momento, seja, por exemplo, pelo fato de a criança se lembrar da<br />

mãe no momento em que o educador penteia seu cabelo, ou da avó quando sente<br />

o cheirinho da comida, ou do irmão mais velho quando ele a ajuda a fazer a lição.<br />

Assim, é importante notar que muitas pessoas podem fazer parte da vida da<br />

criança e do adolescente abrigados, como ocorre com todos nós, mesmo que distantes<br />

(temporariamente ou não): os pais, os avós, irmãos, primos, tios, amigos,<br />

vizinhos, professores/educadores e inúmeras outras pessoas, podendo-se incluir<br />

nessa lista até os animais de estimação, como um cachorro ou gato de estimação,<br />

por exemplo.<br />

Em Que posições ocupam os irmãos na rede de relações de crianças em situação<br />

de abrigamento? (ALMEIDA; ROSSETTI-FERREIRA, 2008), foi abordada justamente<br />

essa questão. Eles partiram da conceituação das Redes Sociais (LEWIS,<br />

2005), a qual defende que pessoas (e também alguns animais) são capazes de se<br />

apegar simultaneamente a mais de uma figura (LEWIS; TAKAHASHI, 2005).<br />

De forma bastante simplificada, é possível afirmar que diferentes relacionamentos<br />

se desenvolvem ao mesmo tempo para satisfazer diferentes necessidades<br />

sociais. <strong>É</strong> com certa facilidade que se observa que as crianças têm certas preferências,<br />

assim como nós adultos. Por exemplo: quando estamos tristes não é para<br />

qualquer um que contamos o que aconteceu; muito pelo contrário, procuramos<br />

conversar ou, ao menos, ficar próximos daquela pessoa em quem mais confiamos<br />

e da qual gostamos. No entanto, se temos dúvida sobre algum assunto, já não é<br />

mais essa pessoa que vamos procurar, será outra que sempre nos ajuda a resolver<br />

os problemas. Se queremos passear ou nos divertir, buscaremos outra pessoa, diferente<br />

das anteriores. E assim por diante.<br />

Isso parece importante porque, embora as estruturas familiares estejam mudando<br />

muito em todas as camadas da sociedade, há famílias separadas, reestruturadas,<br />

formadas com filhos de diferentes uniões, outras que têm pais, avós ou outros<br />

parentes e conhecidos compartilhando ou assumindo a criação das crianças e<br />

dos adolescentes, ainda prevalecem a concepção de que a mãe é quem deve criar os<br />

filhos em uma família nuclear, constituída por pai, mãe e filhos. E que o desenvolvimento<br />

dos filhos fica prejudicado se isso não ocorrer. Aliás, qualquer contexto<br />

que escape a essa situação familiar padrão é, em geral, visto como prejudicial,<br />

especialmente as instituições de abrigo.<br />

Tais concepções exercem grande influência sobre a forma de organizar e administrar<br />

os abrigos, já que os próprios funcionários e técnicos do abrigo acreditam<br />

que esse é um lugar que não deveria existir. Isso impede de planejá-lo como<br />

um local de desenvolvimento saudável e interessante, que favoreça a construção de<br />

relações afetivas e a organização de um ambiente adequado ao desenvolvimento<br />

integral das crianças e dos adolescentes, que muitas vezes passam longos períodos<br />

de sua infância e adolescência nesse tipo de instituição.<br />

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