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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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indicam, ao lado da idealização da sociedade adulta e do apelo à educação,<br />

a ausência de paixões. A expressão das emoções é morna: prazeres e pesares<br />

profundos são raros. A única emoção forte, que se manifesta intensamente, é o<br />

medo. Medo do castigo, explícito ou implícito, impingido pela divindade, pelo<br />

adulto ou pela natureza, justiceiros implacáveis que punem com a própria<br />

morte (ROSEMBERG, 1985, p. 64, 67).<br />

Este silêncio “protetor”, que perpassa diversos contextos institucionais, marca as<br />

relações entre adultos e crianças/adolescentes, criando zonas cinzentas no diálogo,<br />

no espaço familiar e nas demais instituições.<br />

No campo da pesquisa, nota-se um intenso impulso, em cenário internacional<br />

e nacional, para se escutarem crianças e adolescentes como sujeitos ou participantes<br />

do ato de pesquisa. Atestando este esforço, em 1999, o Escritório Regional<br />

do Unicef para a América Latina e o Caribe patrocinou uma pesquisa tipo survey<br />

sobre “A voz das crianças e adolescentes”, como instrumento preparatório à X Cúpula<br />

da Infância e Juventude Ibero-americana, realizado no Panamá. A pesquisa<br />

envolveu uma amostra de 11.655 crianças e adolescentes entre 9 e 18 anos, de ambos<br />

os sexos, de 15 paises da América Latina e Caribe, além de Portugal e Espanha.<br />

A amostra brasileira comportou 1.210 crianças e adolescentes (UNICEF, 2000).<br />

Sintetizamos, a seguir, alguns resultados.<br />

• Quase metade (47%) das crianças e dos adolescentes da América Latina<br />

informam não encontrar, em sua família, espaço legítimo para expressar<br />

sua voz.<br />

• A metade (50%) das crianças e dos adolescentes entrevistados da América<br />

Latina e da Península Ibérica informam a mesma dificuldade no espaço<br />

escolar.<br />

• 2/3 das crianças e dos adolescentes informam não ter confiança ou não se<br />

sentirem importantes para as autoridades governamentais.<br />

• O maior índice de confiança expresso por crianças e adolescentes é dirigido<br />

aos seus genitores (pai e mãe). A família é considerada por eles a principal<br />

fonte geradora de felicidade. Isto é particularmente notável na América Latina,<br />

pois na Península Ibérica os amigos ocupam posição equivalente à da<br />

família.<br />

• Apenas 8% de crianças e adolescentes latino-americanos e 10% dos habitantes<br />

da Península Ibérica informaram frequentar a escola por prazer.<br />

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