CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
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Capítulo 5<br />
A VOZ DAS CRIANÇAS EM<br />
SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO<br />
Dayse Cesar FranCo BernarDi<br />
“<strong>É</strong> certamente por terem fama de faladoras<br />
que não se ouvem as crianças;<br />
<strong>É</strong> certamente, também, por pensar por elas<br />
que não entendem o que dizem”<br />
(MOLLO,1977).<br />
Pesquisas sobre a participação das crianças e dos adolescentes em situações de<br />
acolhimento indicam que elas nem sempre são ouvidas e informadas sobre as decisões<br />
e as modificações ocorridas em suas vidas, em função das situações de vulnerabilidade<br />
social e pessoal a que estavam expostas antes de serem acolhidas em<br />
uma instituição ou família de apoio.<br />
Quando se pesquisam os laudos psicológicos judiciais (BERNARDI, 2005),<br />
percebe-se que crianças e adolescentes não têm suas falas registradas da mesma<br />
forma e na mesma proporção que as dos adultos em situações de decisão sobre o<br />
acolhimento institucional. A prioridade é dada àqueles que falam pela criança e<br />
pelo adolescente e decidem sobre eles. As ênfases são diferentes entre crianças,<br />
adolescentes e adultos. Quanto maior a idade, mais chances tinham de suas exposições<br />
serem ouvidas e consideradas.<br />
Na mesma direção, pesquisa citada com conselheiros tutelares pela psicóloga<br />
Ivy de Almeida (2008) indica que eles não conversam com as crianças quando<br />
as conduzem ao abrigo, o que revela o descuido em relação à informação, tanto<br />
no que diz respeito à família quanto à própria criança. Afirmam não dizer nada<br />
nesta situação, acabam criando subterfúgios para tirar as crianças das famílias e<br />
levá-las para o abrigo. Há, inclusive, casos em que a família recebe uma cartinha<br />
dizendo para comparecer ao Conselho Tutelar. ”a criança aparece com a roupinha<br />
melhor que ela tinha, vai bonitinha e daí dizem que vão ficar com a criança<br />
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