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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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percurso, porém, em função disso o avanço ganha o valor da conquista cotidiana,<br />

do sucesso em pequenos detalhes que, juntos, vão compondo uma situação<br />

cada vez melhor e mais clara para todos.<br />

A seguir, o depoimento de um profissional de abrigo ilustra bem esse esforço<br />

cotidiano de inclusão da família no plano de trabalho do abrigo.<br />

Quando o abrigo foi montado, em 2001, tínhamos a ideia<br />

de que cuidaríamos das crianças, enquanto os parceiros,<br />

sobretudo do Judiciário, cuidariam das famílias. No meio do<br />

caminho, notamos que a realidade seria outra. Ao contrário do<br />

trabalho com as crianças, que era fácil construir, aquele feito<br />

com suas famílias não se desenvolvia com a mesma rapidez,<br />

permanecia na estagnação, na fragilidade, na dependência,<br />

no abandono e na impotência social. Tínhamos que primeiro<br />

descontruir (caminho mais difícil!), para então ‘co-construir’.<br />

Quando nos sentimos seguros da qualidade do trabalho com<br />

as crianças, elaboramos um projeto voltado para as famílias,<br />

com o objetivo de ajudá-las a mudar de lugar, sair da situação<br />

de acomodação e dependência e ir para ação de constituir<br />

uma imagem positiva de si mesmas, garantir seus direitos<br />

como pessoas e, fundamentalmente, propiciar uma visão de<br />

caminhos para uma autonomia.<br />

Nesse projeto, que se chama Recriar, a base inicial do trabalho<br />

acontece no âmbito da constituição da autoestima, no resgate<br />

da capacidade protetora dessas famílias. Nós as ajudamos a<br />

buscar e construir suas redes, orientando-as para a descoberta<br />

de suas potencialidades, de forma a ampliar horizontes, pensar<br />

alternativas de geração de renda e buscar uma tomada de<br />

consciência de seus direitos e deveres. Esse trabalho é realizado<br />

por meio de atendimentos individuais e encontros de grupo<br />

mensais.<br />

Inicialmente, rastreamos redes locais, públicas e privadas,<br />

vislumbrando a possibilidade de cursos para a formação<br />

profissional dos membros da família. Percebemos que<br />

todos os cursos oferecidos pelas redes (manicure, copeira,<br />

cabeleireira e outros) exigiam, no mínimo, uma capacidade<br />

de leitura e escrita, requisito incompatível com nosso público,<br />

que mal assina o nome. Passamos, então, a buscar cursos de<br />

alfabetização, com maior sucesso, porém, nos deparamos com<br />

outro problema: a fragilidade na adesão das famílias, que<br />

frequentavam algumas aulas e logo desistiam. O trabalho com<br />

essa população requer esforço adicional e constante, exercitar a<br />

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