CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
7 Vulnerabilidade: quando<br />
se refere aos grupos ou<br />
indivíduos que, por diversos<br />
motivos, são mais atingidos<br />
pelos efeitos das desigualdades<br />
socioeconômicas e pela<br />
precariedade das políticas<br />
públicas. Risco: tende a<br />
indicar algum tipo de perigo,<br />
demandando medidas de<br />
proteção, independentemente<br />
da condição social (RIZZINI,<br />
2000)<br />
temporário, podem se constituir em um espaço de proteção e de desenvolvimento.<br />
Rizzini considera que a distinção entre acolhimento institucional e familiar está<br />
ligada à ideia de “acolhimento como antagônica à noção de institucionalização,<br />
como prática de confinamento e segregação” (RIZZINI, 2006, p. 23).<br />
Acolher é, então, estar aberto para proteger e educar, auxiliando na passagem<br />
rumo à família – original ou substituta. <strong>É</strong> bem diferente de recolher e<br />
guardar. Acolher faz parte das premissas da proteção integral, que é a estadia provisória,<br />
porém qualificada, para desenvolver o trabalho educacional que busca a<br />
reinserção familiar.<br />
Entendemos que a inserção de crianças e adolescentes em programas de<br />
acolhimento institucional deveria acontecer apenas quando eles são submetidos<br />
a situações graves de abandono, vitimização, exploração sexual e de trabalho, desde<br />
que essas agressões não possam ser interrompidas com sua permanência na<br />
família de origem (natural ou extensiva), família de apoio ou mesmo junto à sua<br />
comunidade. O acolhimento também se torna uma necessidade quando a criança<br />
e o adolescente se encontram em situação de abandono, fuga do lar e vivência de<br />
rua, situações que denunciam vulnerabilidade social e pessoal. 7<br />
Assim, entendemos que acolhimento institucional é uma das respostas de<br />
proteção do Estado a situações específicas de violação de direitos, quando esgotadas<br />
as possibilidades de resolução no ambiente familiar e comunitário da criança<br />
e do adolescente em questão. O abrigo tem a responsabilidade de zelar pela<br />
integridade física e emocional de crianças e adolescentes que, temporariamente,<br />
necessitem viver afastados da convivência com suas famílias, promovendo formas<br />
de cuidado e de educação em ambiente coletivo, pequeno e dotado de infraestrutura<br />
material e humana capazes de proporcionar, ao acolhido, condições de pleno<br />
desenvolvimento.<br />
O trabalho articulado com a rede de serviços da comunidade permite aos<br />
abrigos fazer deste período de vida da criança e do adolescente uma passagem<br />
rumo à sua reinserção comunitária. O <strong>Instituto</strong> <strong>Fazendo</strong> <strong>História</strong> (2008) considera<br />
que o abrigo cumpre um papel social desafiador e contraditório, em função<br />
de conjugar o caráter provisório da medida e, ao mesmo tempo, ser um espaço de<br />
vínculos e afetos, para lidar com situações complexas de abandono, violência ou<br />
negligência. Define o abrigo como “um espaço no qual as crianças e os adolescentes<br />
se sintam protegidos e criem vínculos de confiança. Ele existe para ser um lugar<br />
de acolhimento e socialização, que favoreça o desenvolvimento da autonomia e da<br />
criatividade” (2008, p. 29).<br />
Neste sentido, discutir como o acolhimento institucional pode vir a ser uma<br />
medida provisória, mas eficaz, em seu trabalho de aproximar e fazer a passagem<br />
da criança e do adolescente para bases de apoio familiares e comunitárias torna-se<br />
uma meta mais viável quando entendemos que crianças e adolescentes podem ser<br />
sujeitos ativos na transformação da própria história.<br />
20