CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Que a solidez de nossas ações e a diversidade de possibilidades nos auxiliem<br />
a superar o difícil caminho da decisão, para que esta decisão seja, se possível,<br />
a melhor para todos, se não, que o seja para a criança e para o adolescente<br />
(sonho da Equipe do Sapeca, construído em supervisão institucional com a<br />
psicóloga Isaura Trevisan).<br />
A relação com o Poder Judiciário precisa ser construída a partir de relações de cooperação,<br />
e não de subordinação. Para isso, o Poder Executivo deve expressar todo o<br />
percurso, as pessoas e os serviços envolvidos, o trabalho realizado com a criança ou<br />
o adolescente e sua família e como cada um deles está percebendo e respondendo a<br />
esse trabalho. Caso a decisão judicial não seja compatível com o que foi sugerido pelos<br />
profissionais que atendiam a família, o abrigo deve realizar contatos com a equipe<br />
técnica da Vara da Infância e da Juventude para discussão dos procedimentos, ou<br />
mesmo com o Ministério Público ou o Juiz da Infância. A equipe profissional precisa<br />
ficar atenta e se responsabilizar por esses procedimentos fundamentais para que a<br />
relação sociojurídica seja realizada de forma ágil, integrada e consistente, atendendo,<br />
assim, o superior interesse da criança ou do adolescente.<br />
Durante todo o processo de atendimento da criança ou do adolescente e sua<br />
família, o registro da evolução e a organização de toda a documentação necessária<br />
ao desenvolvimento da tarefa de acolhimento familiar deve ser feita. A boa organização<br />
de um prontuário deve representar o respeito à história construída por<br />
todos os envolvidos.<br />
Da entrada da criança ou do adolescente e da família no programa social até<br />
a decisão final, todos os passos devem ser acompanhados por supervisão institucional<br />
e pelos canais ampliados de discussões de casos, onde outros profissionais e<br />
pessoas implicadas no processo devem ser ouvidos e suas opiniões, consideradas.<br />
Nesse processo, não apenas a equipe, mas também as famílias de origem e as<br />
famílias acolhedoras são chamadas para serem partícipes ativos da reflexão e das<br />
decisões sobre as questões relacionadas aos cuidados das crianças e dos adolescentes<br />
atendidos. Isto significa que cada uma das pessoas ligadas ao programa tem um<br />
papel que, sendo próprio, tem o seu sentido alcançado na intersecção com o do<br />
outro. Cada participante do processo de construção da ação do programa precisa<br />
estar atento para entender o seu papel naquele momento, naquela história, naquela<br />
dinâmica, para se harmonizar com aquelas pessoas que nela estão implicadas,<br />
com suas energias e com suas vontades, relacionando-se com todos e com cada<br />
um. Nessas relações, ora se percebe que a responsabilidade está mais forte em uma<br />
pessoa, ora em um serviço, numa família, num profissional, numa criança, num<br />
adolescente... e isso vai mudando em cada caso e em cada situação.<br />
Para encerrar este artigo, escolhi o trecho de um diálogo entre uma criança<br />
atendida no Programa e estudantes de jornalismo que realizavam a conclusão de<br />
seu curso apresentando um livro-reportagem intitulado Anjos da guarda, 78 que<br />
conta histórias de alguns acolhimentos no Programa Sapeca.<br />
145<br />
78 Anjos da guarda – <strong>História</strong>s<br />
de acolhimento familiar. 1. ed.,<br />
Campinas-SP: PUC-Campinas,<br />
Projeto experimental do curso<br />
de Jornalismo, do Centro de<br />
Linguagem e Comunicação<br />
– CLC –, 2006. Jamily Deline,<br />
Suélei Gonçalves, Marília<br />
Pozzer, Cíntia Vanini.